Espetáculo gratuito estreia nas calçadas do TJA nesta quarta, 20

Adotando o formato dos teatros de rua e celebrando a vida e obra de artistas que fizeram parte da história da cidade de Fortaleza, “Maquinamário - Barroco Sonho-Cidade para um Descomunal Poeta” estreia gratuitamente nas calçadas do Theatro José de Alencar.

O espetáculo teatral, que será aberto para todos os públicos, promete proporcionar uma experiência lúdica e emocionante com início às 17 horas, nesta quarta-feira, 20.

Dentre os temas abordados na apresentação, o que merece destaque especial é a própria cidade. A desmembrificação de Fortaleza como uma cidade que hostiliza mas que também acolhe, é um dos objetos de estudo da apresentação.

Além disso, a enfatização da importância de valorizar a memória dos artistas que viveram pela Cidade e que, com o tempo, se foram esquecidos.

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Ao explicar o título que dá nome ao projeto “Maquinamário - Barroco Sonho-Cidade para um Descomunal Poeta”, Murillo Ramos, diretor do espetáculo, esclarece:

“‘Máquina’ por uma questão de linguagem. Os atores cumprindo uma função que é meio maquinal. Não que vá fazer a mimese de uma máquina, mas que esteticamente (a profissão de ator) passa por isso. E Maquinamário é mais uma provocação sobre essa engrenagem que a gente é e vai se tornando”.

E complementa: “o ‘Barroco Sonho-Cidade’ vem porque, na pesquisa da gente, a gente começa esteticamente inspirados no Barroco, na Belle Époque. Em seguida, ancoramos mais as questões na cidade: O que é essa cidade? Em que ela vai se transformando, que é cruel e ao mesmo tempo e ao mesmo tempo tão plena? Isso não só em Fortaleza. Isso é o sentido de ‘cidade’ mesmo.".

Teatro de rua aborda território de Fortaleza

O personagem de destaque na apresentação é Mário Gomes, um poeta que viveu até o ano de 2014, em Fortaleza. Conhecido como “Poeta Descomunal”, Mário é relembrado por seu estilo de vida único e boêmio, onde abriu a mão do conforto de casa e uma vida utilitária para viver a vida nas ruas da Capital.

O espetáculo usa a imagem do poeta Mário Gomes como um catalisador do arquétipo de artista boêmio, que muitas vezes não possui reconhecimento e é esquecido no anonimato pelas camadas do tempo.

Além de Mário, Murillo menciona o nome de outros artistas, relembrando a relevância de seus trabalhos para Fortaleza. Entre eles, o artista Ramos Cotoco e a poeta Maria Norma Colares.

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"Falar sobre a relevância e importância dessas pessoas que passaram e nos deixaram um legado tão importante, que muitas vezes são cobertos por um lençol de anonimato que a cidade não compreende, e se compreende, rechaça. É importante falar que a figura do Mário Gomes ainda muitas vezes é rechaçada”, critica o diretor.

Em contraponto à crítica que o material da apresentação carrega, Murillo garante que a apresentação terá clima de celebração, com cores e muito movimento.

“Sonhocidade é porque é um espetáculo lúdico surreal em que a gente remonta impossíveis imagens da cidade… faremos um espetáculo colorido, rico em imagens, com um público festejando e ritualizando a vida juntos.”.

Leia Mário Gomes:

“Quando eu morrer
Irão distribuir minhas camisas,
Minhas calças, minhas meias, meus sapatos.
As cuecas jogarão fora.
Ninguém usa cueca de defunto.
Irão vasculhar minha gaveta.
Vão encontrar muita poesia,
Documentos e documentários.
Só sei dizer /Que foi Gostoso viver.
Sentir o amor e proteção de minha mãe.
De conhecer meus irmãos, meus amigos.
De vê de perto as mulheres.
Só posso deixar escrito:
'obrigado vida'."

Espetáculo "Maquinamário - Barroco Sonho-Cidade para um Descomunal Poeta"

• Quando: quarta-feira, 20, às 17 horas
  
• Onde: na calçada do Theatro José de Alencar (rua Liberato Barroso, 525 - Centro)
  
• Gratuito
  

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