Lilo & Stitch 20 anos: como o filme rompeu padrões com história de irmãs

Diretores do filme refletem como decisões tomadas há duas décadas abriram portas para produções ainda mais representativas

Há 20 anos, estreava nos cinemas o filme de "Lilo & Stitch". O enredo se passa no Havaí, onde duas irmãs órfãs têm suas vidas mudadas para sempre quando adotam um cachorro de estimação que na verdade é um alienígena. A produção impactou a indústria da animação ao apresentar precisão cultural, personagens com corpos reais e enredo focado em irmãs.

Se hoje uma das grandes tendências da Disney é a ausência de histórias de amor entre casais românticos, "Lilo & Stitch" já trazia esse conceito no início dos anos 2000. A narrativa é focada no relacionamento de duas irmãs, que vivem o desafio de uma rotina sem os pais com todos os elementos normais de um relacionamento entre irmãos: brigas, conflitos, mas claro, amor e companheirismo também.

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A partir dessa interação entre as duas, o roteiro conseguiu tocar em temas reais para o público. Sendo duas órfãs, Nani, a irmã mais velha, tinha a responsabilidade de trabalhar e ainda cuidar de Lilo após o acidente de carro que matou seus pais. Mas sendo uma jovem adulta, sofre uma série de desafios que levam a ameaças constantes de um assistente social que não considera Nani uma guardiã legal responsável.

Chris Sanders, diretor do filme, conta que parte do público não gostou do quanto Nani e Lilo gritavam uma com a outra, mas fez questão de manter isso no filme, pois para ele era necessário mostrar um relacionamento real entre irmãs. "É um momento em que Nani está pressionada e Lilo está se sentindo deslocada e tentando descobrir quem ela é", explica.

Além disso, já naquela época houve uma preocupação com a representação de corpos reais. Sanders conta que no início dos trabalhos no longa, a supervisora de desenvolvimento visual do filme, Sue Nichols, ressaltou esse aspecto ao apontar que a personagem Mulan não tinha certos traços de sua anatomia na região do torso e queria que isso fosse diferente com "Lilo & Stitch".

Lilo não tem o corpo magro, como era frequentemente desenhado para outros filmes, e era uma personagem de baixa estatura. Já Nani tinha coxas mais grossas, o que Sanders chamou de "uma pélvis de verdade".

Outra preocupação era fazer referências verídicas à cultura do Havaí, já que a trama se passava na ilha. O diretor decidiu que o filme se passaria em Kauai após passar férias no local. Com Dean DeBlois, também diretor do filme, e alguns membros da equipe criativa, Sanders retornou até o local para conversar com moradores e se habituar à cultura local.

"Uma coisa que aprendemos trabalhando em Mulan é que, quando você está localizando uma história num lugar específico do mundo real, há lugares que você não pode acessar", explicou DeBlois. "Existem alguns elementos culturais que você não consegue usar porque você não é dali", pontuou.

Com isso, eles recrutaram o músico havaiano Mark Keali'i Ho'omalu para dar consultoria sobre a dança hula e os arranjos de coral. Além disso, integrantes do elenco, como Tia Carrere, que dublou Nani e nasceu no Havaí, e Jason Scott Lee, que interpretou o namorado da personagem e foi criado na ilha, sugeriram edições no texto para refletir melhor o dialeto coloquial de Kauai.

Essas decisões possibilitaram à Disney expandir ainda mais o conceito de representatividade abordado nos filmes produzidos nos últimos anos. "Valente" e "Frozen" são alguns dos filmes que não tiveram sua narrativa focada em um casal apaixonado e mesmo assim conquistaram o público a partir da trajetória de mulheres fortes.

"Moana" também se enquadra nesse quesito e aborda ainda mais diversidade dentro de sua produção. O longa contou com uma equipe de direção e roteiro do Havaí, garantindo não só representatividade, mas também evitando a perpetuação de estereótipos na narrativa.

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