Show de Gal Costa marca retomada dos festivais de cultura no Ceará

O público cearense prestigiou a cantora Gal Costa na noite de sábado, 11, com a turnê "As Várias Pontas de Uma Estrela". O repertório é composto por músicas de grandes artistas da Música Popular Brasileira (MPB)

"Quero que você / Me dê a mão / Vamos sair por aí / Sem pensar / No que foi que sonhei / Que chorei / Que sofri". A cantora Gal Costa interpretou a canção “Estrada do Sol”, de Tom Jobim, em 1979, quando a ideia de uma pandemia massiva ainda era distante. Na noite deste sábado, 11, a música foi cantada pela baiana como forma de sintetizar a emoção do retorno aos palcos após quase dois anos sem contato direto com o público: “Poder sair de casa, devagarinho, com cuidado, de mãos dadas para ver o sol”, disse antes dos primeiros acordes.

Por volta das 21 horas, o público de cerca de 2 mil pessoas recebia a artista no Centro de Eventos do Ceará como parte da programação do Festival Elos. A euforia da audiência representava aqueles que, finalmente, tinham a possibilidade de celebrar a vida em show.

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A letra de “Fé Cega, Faca Amolada” iniciou o repertório da turnê "As Várias Pontas de Uma Estrela", espetáculo alinhado com a trajetória do cantor Milton Nascimento, composto por músicas de autoria própria de Gal e também sucessos de artistas da Música Popular Brasileira (MPB), como Djavan e Chico Buarque. A voz potente da cantora foi acompanhada pelos músicos André Lima nos teclados, Fábio Sá no baixo elétrico e acústico, e Victor Cabral na bateria e percussão.

“É um show sobre vozes que nos acolheram e sempre vão nos acolher”, introduziu a intérprete ao dar as boas-vindas aos espectadores cearenses. Em um show de, aproximadamente, 1 hora e 20 minutos, temas como “Estrela, Estrela”, “Dom de Iludir” e “Ponta de Areia” carregaram a emoção. Na vez do medley "Gabriel / Mãe", a cantora dedicou as canções para o primogênito. "Já está com 16 anos e maior do que eu, mas vai ser para sempre o meu grande amor", revelou. Entre as faixas, Gal bailava e interagia com o público. Grandes sucessos eternizados como “Baby” e “Sorte”, foram acompanhados em coro uníssono da plateia. “Açaí” e “Lua de Mel”, regravações de Djavan e Lulu Santos, respectivamente, ressoavam em milhares de vozes enquanto eram tocadas ao vivo.

Em ato final, Gal ensaiou despedida com mensagem de que é “preciso ter sonho sempre”, da emblemática “Maria, Maria” de Milton Nascimento. As luzes se apagaram, mas a plateia clamou por mais. “Um Dia de Domingo” embalou o “bis” até chegar em “Brasil”, a música que o País não a deixa tirar do repertório, segundo a baiana. Ao final do show, o público - já próximo ao palco - deu adeus à cantora ecoando uma das principais letras do repertório nacional.

Final do ano com “chave de ouro”

 

O show de Gal Costa foi o momento em que a funcionária pública Maria Orlene, de 55 anos, comemorou uma das grandes vitórias da vida. Recentemente, ela finalizou um tratamento para câncer de tireoide através de cirurgia e a radioterapia com iodo, motivo pelo qual  esteve em isolamento até a última quarta-feira, 8. “Eu não imaginei que hoje estaria aqui, foi um refresco lembrar que eu estou livre, eu posso. Teve a pandemia, veio a descoberta dessa doença, hoje estou me sentindo curada e esse show foi o fechamento do ano com chave de ouro”, conta.

Maria conseguiu os ingressos por meio de amigos da filha e diz que “não poderia perder o evento”, já que a artista moveu grande parte de sua juventude. “Foi um dos melhores shows da minha vida e um respiro tão grande para a gente. Achei tudo muito organizado, ficar sentado, confortável, foi muito bom.”

Quem também esperou ansiosamente pelo momento foi o estudante de Letras da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Max Braga, que já estava "ansioso" quando a intérprete anunciou que chegava em Fortaleza com a turnê. "Já queria comprar mesmo que fosse parcelado em 50 vezes", brinca. A felicidade foi ainda maior quando descobriu que o evento seria gratuito e que faria parte do Festival Elos.

A vinda de Gal Costa foi o maior atrativo para o estudante de Logística Gabriel Coelho. A expectativa, claro, era “muito boa”, apesar da dificuldade para adquirir os ingressos. "Foi uma demora, eles antes tinham anunciado na Praça Verde do Dragão do Mar, o site parou por um momento, mas mesmo assim eu consegui." Ele afirma que também tem interesse em outras atrações do festival, como a banda Ghetto Roots.

Programação Festival Elos

 

Gal foi a atração principal do primeiro dia da terceira edição do Festival Elos, que segue até a noite deste domingo, 12, no Centro de Eventos do Ceará, Praia de Iracema, Poço da Draga, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Porto Dragão e Centro de Formação Olímpica (CFO). O evento tem como proposta a difusão cultural por meio de apresentações gratuitas de música, teatro e dança, além de programação esportiva e ações de lazer.

No sábado, 11, a movimentação de chegada dos espectadores foi tranquila. Para entrar no espaço, era necessário o uso de máscara e a apresentação do passaporte de vacinação. O show foi feito para 2 mil pessoas, de acordo com medidas sanitárias impostas pelo Governo do Estado, e o público estava distribuído em cadeiras, apesar de a norma não ter sido totalmente respeitada durante o show inteiro.

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O projeto Cearás do Amanhã esteve presente no palco antes da cantora baiana. No show, estavam os artistas Di Ferreira, Jeffe, Luiza Nobel, Adna Oliveira, Carú Lina, Má Dame, o grupo Filhes de Ninguém e estudantes de música da plataforma Sinfônicas do Amanhã. Durante a apresentação, eles cantaram músicas autorais e realizaram um “panelaço” como forma de protesto ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Logo depois, foi a vez da seleção de músicas da DJ Priscilla Delgado. Neste domingo, 12, a principal atração do Festival é o cantor Chico Chico, além do show de Almério e Martins, e Matheus Fazeno Rock e convidados.

Evento ainda contou com participação do projeto "Cearás do Amanhã" e da DJ Priscilla Delgado
Evento ainda contou com participação do projeto "Cearás do Amanhã" e da DJ Priscilla Delgado (Foto: Divulgação / Henrique Kardozo)

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