Morre Lina Wertmüller, 1ª mulher indicada ao Oscar de Direção

Cineasta italiana dirigiu clássicos como "Pasqualino Sete Belezas" e "Mimi, o Metalúrgico". Em 2020, ela ganhou um Oscar honorário em homenagem à carreira

Morreu nesta quinta, 9, aos 93 anos, a cineasta e roteirista italiana Lina Wertmüller. A informação, divulgada por um amigo, é que a artista faleceu em casa, em Roma. A causa da morte não foi confirmada até o momento. Nascida em 14 de agosto de 1928, a diretora é um dos principais nomes do cinema italiano,  reconhecida por obras marcadamente políticas, como "Mimi, o Metalúrgico" (1972), "Amor e Anarquia" (1973) e "Dois Perdidos numa Noite de Chuva" (1978). Em 1977, pelo drama de guerra "Pasqualino Sete Belezas" (1975), concorreu ao Oscar de Melhor Direção, se tornando a primeira mulher indicada na categoria. Ela disputou, ainda, o Oscar de Melhor Roteiro pelo filme. Em 2020, o prêmio concedeu à diretora um prêmio honorário. 

A carreira de Lina começou ainda nos anos 1960, quando ela conheceu o cineasta italiano Federico Fellini, com quem trabalhou como assistente de direção no clássico "8½" (1963). O primeiro longa dirigido pela cineasta, "I basilischi" (1963), foi concretizado com a ajuda de Fellini, que foi espécie de "mentor" da artista. Pelo trabalho de estreia, Lina ganhou um prêmio pela direção no Festival de Locarno.

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Ao longo dos anos 1970, a diretora teve mais destaque pelas obras mais políticas, que eram contadas, porém, misturando drama e comédia. Lina, que era declaradamente socialista e também defensora dos direitos das mulheres, levava as pautas nas quais acreditava para os filmes. 

O primeiro filme de relevo desta leva foi "Mimi, o Metalúrgico" (1972), com Giancarlo Giannini. Na obra, Carmelo "Mimi" Mardocheo é um mineiro que, apesar de pressões da máfia, decide votar no Partido Comunista em uma eleição acreditando que o voto é secreto.

Descoberto, perde o emprego e é forçado a se mudar para Turim, onde se envolve em causos políticos e amorosos. Já em "Amor e Anarquia" (1973), a trama segue um fazendeiro e uma prostituta anarquista que se juntam para tentar planejar o assassinato do ditador Mussolini. Ambos os filmes foram indicados à Palma de Ouro no Festival de Cannes nos respectivos anos.

As obras começaram a repercutir fortemente ao redor do mundo e, em 1977, Lina foi indicada a dois Oscars por "Pasqualino Sete Belezas" (1975). O filme recebeu indicações, ainda, nas categorias de Melhor Ator (Giancarlo Giannini) e Melhor Filme Estrangeiro.

Na trama, Pasqualino é um jovem napolitano que precisa enfrentar desafios familiares e de guerra para manter a honra de si e da família. Apesar de lidar com temas densos como nazismo e saúde mental, a obra segue o caráter tragicômico que marca a carreira de Lina.

Diretora italiana Lina Wertmüller tinha obra marcada pelo tom de tragicomédia e pela abordagem política
Diretora italiana Lina Wertmüller tinha obra marcada pelo tom de tragicomédia e pela abordagem política (Foto: divulgação)

Nos anos 1980 e 1990, a cineasta dirigiu filmes como "Em Noite de Lua Cheia" (1989) e "Sábado, Domingo e Segunda" (1990), este último com Sophia Loren. O último longa lançado pela artista, também com Loren, no protagonismo, foi "A Casa dos Gerânios", em 2004.

Lina recebeu um Oscar honorário pela carreira em 2020, pouco antes do começo da pandemia. Na ocasião, recebeu um tributo das diretoras Greta Gerwig e Jane Campion. No palco, esteve acompanhada das atrizes Isabela Rossellini e Sophia Loren.

Na cerimônia especial, a cineasta fez um comentário crítico e bem-humorado acerca da predominância masculina no cinema: "Precisamos mudar o nome desta estatueta, vamos chamá-la com um nome de mulher, Anna".

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