30 anos do Skank: a história da banda de pop e rock brasileira

Após três décadas de carreira, o Skank estabeleceu um hiato e deixou uma trajetória extensa, que rendeu canções famosas no imaginário brasileiro

Esqueça os streamings de música por alguns segundos. Imagine que está dirigindo um carro ou dentro de um ônibus com os fones de ouvido sintonizados em qualquer emissora de rádio. O que está tocando? O que passa por sua cabeça assim que você pensa em uma canção brasileira tipicamente radiofônica? Entre as centenas de opções que talvez tenham cruzado sua mente, esta matéria faz uma aposta: algum leitor, com certeza, pensou em “Sutilmente”, “Acima do Sol” ou “Vamos Fugir” - as três do Skank. Não é por acaso: a banda que completa três décadas de carreira neste ano permanece com obras populares e que se estabeleceram entre as mais tocadas há muito tempo.

Em relatório da Crowley, empresa especializada em gravação e monitoração de rádio, é possível identificar que seis obras do grupo musical ficaram entre as mais ouvidas de 2020 na categoria “pop rock”. Além das já citadas, há “Resposta” (1998) e duas recentes que estão no Top 10: “Algo Parecido” (2018) e “Simplesmente” (2020).

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Após um longo período de atividade e hits sucessivos, o Skank divulgou que encerraria suas atividades por tempo indeterminado. O anúncio, feito em novembro 2019, surgiu junto com a “Turnê de Despedida”, que aconteceria no ano seguinte. Com a pandemia do coronavírus, os shows foram adiados até que as aglomerações sejam permitidas.

Não são muitas as bandas, principalmente de pop e rock, que podem dizer que chegaram à marca de 30 anos sem se envolverem em grandes polêmicas ou problemas. Neste posto, concedido a poucos nomes famosos, também está o quarteto mineiro.

Fundado oficialmente em 1991, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o grupo reuniu Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zeneti e Haroldo Ferretti com um objetivo: levar o reggae e os sons típicos da Jamaica para o pop brasileiro. Aquela ideia, talvez não muito palatável em um primeiro momento, deu certo.

Os quatro lançaram o disco “Skank” (1992), que tem títulos como “Salto no Asfalto”, “Gentil Loucura” e “Macaco Prego”. No início da década, eles ainda eram relativamente desconhecidos nacionalmente enquanto ganhavam relevância local.

Dois anos depois, veio o sucesso nacional. A canção “Te Ver”, por exemplo, ainda hoje é tocada. A voz de Samuel Rosa ecoa entre declarações de amor:

"Te ver e não te querer é improvável, é impossível/ Te ter e ter que esquecer é insuportável, é dor incrível/ É como mergulhar no rio e não se molhar/ É como não morrer de frio no gelo polar/ É ter o estômago vazio e não almoçar/ É ver o céu se abrir no estio e não se animar" Samuel Rosa/ Lelo Zaneti/ Chico Amaral.

As influências do reggae também permaneceram em obras como “Jackie Tequila”, “Pacato Cidadão”, “Estivador” e “Chega Disso”. A diferença é que, a partir daquele momento, a banda tinha se estabelecido no cenário da música do Brasil.

Com o disco “O Samba Poconé” (1996), o sucesso se estendeu para outras regiões do mundo. Chegou em dezenas de países: Estados Unidos, Argentina, Portugal, Chile, França e outros. Os brasileiros ainda se apresentaram em festivais com grandes nomes internacionais.

Em vídeo para seu canal do Youtube, Samuel Rosa lembra a dificuldade que todos tiveram com o terceiro álbum. “O famoso desafio do segundo álbum, depois de um álbum de grande sucesso, recaía, na verdade, sob o nosso terceiro, porque o primeiro disco do Skank foi importante, mas não foi do tamanho de ‘Calango’ e ‘O Samba Poconé’”, explica.

O primeiro single foi “É Uma Partida de Futebol”, que integrou a versão brasileira do álbum oficial da Copa do Mundo de 1998, promovida pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).

Já “Garota Nacional” atingiu o topo das paradas internacionais. Na Espanha, passou três meses na liderança. Ainda em conteúdo que publicou, Rosa comenta que os membros temiam que a letra de Chico Amaral fosse muito explícita. Mas, em uma tarde, gravaram e produziram a canção - que acabou se tornando um de seus maiores sucessos.

Na mesma época em que uma de suas produções esteve em um dos grandes eventos esportivos do mundo, o quarteto lançou o álbum “Siderado” (1998). Com produções dos britânicos Paul Ralphes e John Shaw, o disco foi gravado no Abbey Road Studios, onde estiveram personalidades como Beatles, Pink Floyd, Radiohead, Amy Winehouse e Oasis.

Com repercussão em diversos países, aumentaram a lista de hits radiofônicos: “Resposta”, “Saideira”, “Balada do Amor Inabalável”, “Dois Rios”, “Vou Deixar”, “Noites De Um Verão Qualquer” e “Ainda Gosto Dela” são alguns que podem ser citados.

Após três décadas de carreira, os membros do Skank seguirão carreiras individuais. Neste hiato, que ainda não chegou definitivamente porque a pandemia atrasou os planos, o objetivo dos integrantes é seguir com carreiras solo - como já falaram algumas vezes em entrevistas.

Agora, faz ainda mais sentido a letra: 

"Vou deixar a vida me levar pra onde ela quiser/ Estou no meu lugar, você já sabe onde é/ Não conte o tempo por nós dois, pois a qualquer hora posso estar de volta/ Depois que a noite terminar" Samuel Rosa/ Chico Amaral

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