Dandy Ace: um game de cartas e magia à brasileira
Com um ótimo gameplay e um elenco de vozes reconhecidas pelo público brasileiro, Dandy Ace surpreende e encanta
Mesmo sendo um mercado de grande interesse à indústria, ainda é raro a presença de jogos brasileiros figurando na lista dos destaques do ano. Felizmente, Dandy Ace subverte a regra e é uma alternativa tupiniquim de qualidade aos amantes de sucessos como "Hades", "Darkest Dungeon" e "The Binding of Isaac".
O jogo é um divertido roguelike singleplayer desenvolvido pela brasileira Mad Mimic Interactive e conta com um elenco de personagens coloridos, boa jogabilidade e sistemas de gameplay interessantes. Mesmo com algumas imperfeições, consegue se manter polido e divertido do começo ao fim.
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Seu enredo conta a história de Dandy, um mágico de foi aprisionado por seu algoz em um mundo de espelhos e que conta com a ajuda do jogador, suas cartas de baralho mágicas e alguns aliados para escapar. Um diferencial curioso se dá pela presença de vozes de influenciadores brasileiros famosos e que interpretam vários personagens, incluindo o protagonista do game. No elenco temos Gabriela “Gabi” Cattuzzo, Eduardo “BRKsEdu” Benvenuti, João Paulo “Patife” Pereira, entre outros.
Seguindo a fórmula clássica de um roguelike, a cada tentativa de escapar do mundo dos espelhos, o jogador coleciona diferentes itens e habilidades que são em grande parte perdidas ao morrer. No jogo, a fonte de poder de Dandy advém de suas cartas e várias delas estão espalhadas pelo mapa a ser explorado em cada investida. O jogador inicia cada tentativa de fuga com apenas 3 cartas aleatórias e vai colecionando outras ao longo da jogatina. As cartas são organizadas em cores e cada uma atribui ao jogador uma habilidade diferente.
Cada fase do jogo representa um nível distinto do mundo dos espelhos e traz ao final um chefão. Ao longo do caminho, ao coletar cartas cada vez mais fortes, Dandy vai obtendo novas e mais poderosas habilidades, deixando o nível de dificuldade do jogo equilibrado, ao passo que os inimigos também se tornam mais difíceis a cada avanço até o confronto final com o vilão principal do jogo.
A sinergia entre as cartas colecionadas durante o jogo é o maior atrativo de "Dandy Ace" aos amantes de seu gênero. Cada carta possui dois atributos que podem combinar com os de outras cartas e possibilitam ao jogador personalizar o seu estilo de jogo de várias maneiras diferentes. Apesar de bem mais simples que o de outros títulos, o sistema aqui é relativamente profundo e, acima de tudo, acessível. Ademais, é possível imaginar a inclusão de novas cartas, mais experimentais e complexas, em atualizações futuras do game.
Parte da diversão em "Dandy Ace" está na combinação entre as cartas mágicas, enquanto a outra parte pode ser encontrada no conjunto de itens que garantem melhorias permanentes ao personagem e na jogabilidade do game. Infelizmente, o game peca em começar bastante devagar, com inimigos vagarosos e itens coletáveis que pouco agregam às habilidades do protagonista. É apenas após uma boa exploração das fases do jogo que começam a surgir oponentes com padrões de ataque frenéticos e itens desbloqueáveis que aumentam o repertório de ataques e movimentos do jogador. Logo surge uma curva de aprendizado íngreme, que talvez demande alguns ajustes futuros por parte da equipe da Mad Mimic, uma vez que vai contra a proposta de acessibilidade que o game se propõe a ter, pelo menos no começo da jogatina.
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Os diferentes níveis de dificuldade que podem ser escolhidos transformam completamente o jogo e expõem a qualidade do produto criado pelo time de desenvolvedores brasileiros. Mesmo com alguns chefes mais apelões (especialmente o último deles), jogadores mais habituados ao gênero roguelike adorarão o elevado grau de intensidade de alguns enfrentamentos presentes no jogo nas dificuldades mais altas. Há apenas quatro chefes no jogo, porém cada um é diferente e cheio de carisma e personalidade.
Assim como no melhor roguelike de 2020 - "Hades" - um outro trunfo criativo que merece destaque em "Dandy Ace" é o trabalho de dublagem que inunda o jogo de momentos inusitados e divertidos. Por sua tipologia, é natural que o jogador repita as mesmas ações a cada vez que morre e reinicia sua tentativa de escape. Por isso, é fundamental que um bom roguelike traga elementos que compensem e até mesmo transformem a repetição em algo prazeroso ou, ao menos, aturável. Apesar de uma quantidade não muito extensa de falas, será comum a vários jogadores ouvir repetidas vezes o quanto o vilão principal do jogo detesta cupcakes e achar graça em cada uma delas. Mesmo personagens que aparecem pouco trazem o mesmo nível de qualidade em suas dublagens e fazem com que o valor de produção de "Dandy Ace" se eleve acima do que se espera de um jogo brasileiro (lamentavelmente).
Apesar de pautado pela repetição, "Dandy Ace" traz pouco em termos de continuidade após ser finalizado. É possível encarar o game em níveis maiores de dificuldade, mas seu conteúdo será essencialmente o mesmo. O mero desafio e a vontade de experimentar conjuntos diferentes de cartas e habilidades podem ser suficientes para alguns jogarem o game novamente, porém seria ainda melhor a presença de um conteúdo “pós-jogo”, especialmente pois, apesar de difícil de zerar, o game é relativamente curto.
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A magia de "Dandy Ace" advém não somente de seu tom colorido e irreverente, mas também pelos competentes sistemas de luta e customização de personagens que o jogo apresenta. Apesar de curto e sem muitos incentivos para se jogar após seu término, o pacote aqui presente irá satisfazer não só veteranos do gênero, como também não-iniciados em roguelikes. O game é uma aventura divertida, cativante e desafiadora, que faz bonito e representa bem o Brasil em meio aos melhores títulos de 2021 até agora.
Dandy Ace está disponível para PC (Steam) e sairá ainda em 2021 para os consoles, segundo seu estúdio de desenvolvimento.
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico
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