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É tempo de "Pacarrete": crítica do longa filmado em Russas que encerrou o Cine Ceará

Filme cearense de Allan Deberton e que tem Marcélia Cartaxo como protagonista foi exibido no encerramento do Cine Ceará

No filme cearense Pacarrete, dirigido por Allan Deberton e que encerrou na noite dessa sexta, 6, a 29a edição do Cine Ceará, o título é o nome pelo qual a protagonista, vivida pela atriz paraibana Marcélia Cartaxo, é conhecida na cidade de Russas. A mulher, que teve experiências como bailarina e professora de balé em Fortaleza, encontra na cidade de nascença incompreensão. Excêntrica para a lógica do Município e considerada louca por muitos, Pacarrete não deixa de insistir na arte que lhe é tão cara. Com essa trama, é difícil não compreender um filme como um manifesto pela resistência da arte e da cultura. A estreia comercial deve ocorrer no primeiro semestre de 2020.

A protagonista é construída de maneira precisa por Marcélia. Pacarrete é uma figura única: é apaixonada pela França e o francês, pede bons modos dos que a cercam ao mesmo tempo em que grita com muitos outros, fala sozinha. Em especial, a principal motivação da personagem é o sonho de apresentar um balé especial no aniversário de 200 anos da cidade. Complexa, é tratada com nítido respeito pelo filme e com extremo carinho pela atriz.

É possível afirmar que o gênero principal da obra é a comédia. Ela surge, porém, de maneiras distintas ao longo da duração do filme. Há tons acima nas atuações e situações, mas de um modo que se justifica, responsáveis pelas principais gargalhadas da plateia - é especialmente engraçado ver cearensidades serem proferidas por Pacarrete entre alguns termos franceses. Ao mesmo tempo, há risos mais contidos, entremeados por momentos emotivos.

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Algumas personagens se destacam ao redor da protagonista, como a irmã Chiquinha (Zezita Matos), a empregada Maria (Soia Lira) e o amigo e confidente Miguel (João Miguel). São relações em cena que levam o público do riso às lágrimas. O antagonismo se concentra na figura da secretaria de Cultura de Russas (Samya de Lavor), que dificulta a concretização do sonho da protagonista de presentear a cidade com seu balé.

O marco temporal do bicentenário de Russas, inclusive, sugere que o filme se passa no começo dos anos 2000 e, posto isso, é interessante ver como o longa marca a distância de Pacarrete daquele tempo-espaço. Além de se vestir com roupas com estilo do século passado e carregar na maquiagem, a bailarina também tem costume, por exemplo, de acompanhar a cotação do euro no jornal de papel, assistir a apresentações de balé em fitas VHS e ouvir músicas clássicas em discos de vinil. Pacarrete se depara em determinados momentos com problemas no VHS preferido ou com um furo no disco que mais ouve, em simbolismos que reforçam a inadequação da personagem ao contexto. São escolhas simbólicas de pouco risco, é verdade, mas não por isso rasas.

Após uma virada narrativa pouco inesperada, mas justificada, "Pacarrete" muda também de tom, abrindo espaço para algumas das mais bonitas e emocionantes cenas da obra. A sequência final se destaca por apostar em uma solução narrativa e visual delicada e potente, que encerra "Pacarrete" de maneira que se equilibra entre a realidade e a invenção.

Confira o trailer do longa

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