Show de Sandy & Junior em Fortaleza tem emoção, interatividade e problemas nos microfones
Dificuldades técnicas atrapalharam os cantores em vários momentos do show. Mas, o público não deixou por baixo e entoou "Evidências", hit-de-karaokê de Chitãozinho e Xororó. E viu que o tempo passou bem para a dupla
Sandy e Júnior entraram e saíram do palco de mãos dadas. Em tour de reencontro da dupla, um mar de gente celebrou essa reunião no show desta sexta-feira, 20, em Fortaleza. A apresentação alegre foi à altura do fenômeno na década de 1990 e começo dos anos 2000. Dezessete anos depois do fim da dupla, a paixão de fãs e a energia das performances parecia a mesma. O envolvimento do público, aliás, era de se esperar: o repertório quase todo estava no fundo da memória e na ponta da língua. Cantaram muito além do turu-turu ou dig-dig-joy.
A megaestrutura montada no Centro de Eventos do Ceará foi aliada ao despertar das emoções e lembranças que “Inesquecível” ou “Vamos Construir” indubitavelmente trariam. Em duas horas de show, iluminação, figurino, telões e balé foram instrumentos para contar ou recontar histórias. Um destaque importante foram os excertos de vídeos caseiros dos anos 1980, transmitidos em meio à contagem regressiva para o show. Nas gravações, Sandy e Junior aparecem cantando e dançando.
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AssineMais do que nostalgia, foi bom ver que o tempo passou pra dupla também - ela tem 36 e ele, 35 anos. A postura adulta e sexy dos dois dão outra pegada no repertório (a metade infantil, com letra sobre paixonites, amorecos e beijocas). O que parece não sofrer nada é a voz de Sandy, sem sinais de desgaste que uma artista de 30 anos de carreira naturalmente teria.
Em duas músicas, Júnior tinha os vocais principais e mostrava a sutileza da voz grave. Em outros, os solos de guitarra tinham um quê de expertise. Já nas músicas mais agitadas, dançava entremeado ao balé. Com a irmã, não houve tantos momentos de interação, mas ele parecia estar se divertindo ali.
O som não ajudou em muita coisa. Problemas com microfones atrapalharam os cantores em vários momentos do show. A pior hora foi justamente em momento intimista, quando eles se sentaram mais perto da plateia. Mas o público não deixou por baixo e entoou “Evidências”, hit-de-karaokê de Chitãozinho e Xororó, e “Maria Chiquinha”, música de letra machista e, talvez, por isso, excluída do repertório. Os tempos são outros e “eu vou te cortar a cabeça, Maria Chiquinha” não pega bem.
Plateia
Antigamente, até quem não era fã acompanhava os filhos de Xororó na mídia. Eles estavam em todos os canais de TV, na rádio, em revistas. Aprendia-se a letra de tabela mesmo. É o caso de Aline Lustosa, que foi ao show acompanhando amigas porém sabia a letra de “A Lenda” de cor e salteado.
E é certo que as fãs de toda vida estariam no show. “As Quatro Estações” e “Quando Você Passa (Turu Turu)” foram as prediletas de Ana Paula Sales, professora. Mesmo apaixonada pela dupla há mais de 20 anos, foi a primeira oportunidade de vê-los ao vivo. “Cheguei no fim da tarde e já estava lotado. Vim com minha irmã e ela se tornou fã por minha influência. A gente continua acompanhando covers e aqui, estar no frontstage, é essencial”. Lotado e com baixa qualidade de som nas margens, o frontstage só valeria a pena para estar mais próximo dos artistas mesmo.
Contudo, no geral, o show valeu a pena. É entretenimento de qualidade e compensou enfrentar a lotação. E eu não estou sozinho: a administradora Alda Carvalho comprou o ingresso com mais de três meses de antecedência. Não se arrependeu. “Inesquecível”, disse, ao fim do show.
Neste sábado, 20, a dupla se apresenta em Brasília. Em agosto, faz cinco apresentações no Sudeste.
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