Quando o treino vira vilão: conheça os perigos do "overtraining"

Quando o treino vira vilão: conheça os perigos do "overtraining"

Excesso de exercícios pode causar de dores persistentes a problemas cardíacos e depressão; especialistas indicam quais são os sinais de alerta do corpo

A busca por resultados rápidos na academia ou a preparação intensa para competições pode levar muitas pessoas a ultrapassarem os limites saudáveis do corpo. O resultado? O overtraining, ou sobretreinamento, em português — condição que pode desencadear uma série de problemas físicos e mentais.

“Pode haver fadiga extrema e prolongada mesmo após o descanso e o sono, falta de ar excessiva, dor muscular por mais de 24 horas, falta de força nos músculos por mais de dois dias e dificuldade para realizar as atividades do dia a dia”, alerta a médica do esporte Karina Hatano, do Hospital Israelita Albert Einstein.

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Além desses sintomas, o overtraining pode levar a distúrbios do sono, irritabilidade, depressão e até problemas cardíacos, como arritmias.

“Frequência cardíaca de repouso mais elevada do que o normal, com cerca de 5 a 10 batimentos acima da média, queda no desempenho, diminuição temporária da imunidade, hipoglicemia, irritabilidade, insônia e queda da libido também são indícios de que as atividades aeróbicas estão em excesso”, acrescenta o médico do esporte e fisiatra Fabrício Buzatto, preceptor do Hospital Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Nos exercícios de força, como musculação ou treino intervalado de alta intensidade (HIIT), é fundamental estar atento a sinais que indicam excesso de esforço. Segundo Buzatto, sintomas como perda de resposta do corpo, diminuição da força ou falha precoce durante séries habituais servem de alerta.

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Desmotivação ao se exercitar, desconfortos musculares que persistem por mais de 72 horas e dores recorrentes nas articulações ou tendões também podem ser indicativos de que a atividade foi intensa demais.

Ignorar esses sinais pode levar a complicações mais sérias. A longo prazo, o excesso de treinamento pode resultar em perda significativa de massa muscular, lesões como tendinite e fraturas, desgaste articular precoce e desenvolvimento acelerado de artrose.

“Também pode haver queda na testosterona e no hormônio do crescimento, disfunção na tireoide, resistência à insulina, hormônio que permite a entrada da glicose nas células, depressão, ansiedade e aumento no risco de doenças do coração, entre outros”, lista Buzatto.

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Respeitar os limites é importante

Para evitar o overtraining, é essencial respeitar os limites do corpo, garantir períodos adequados de descanso e recuperação, manter uma alimentação equilibrada e contar com a orientação de profissionais qualificados na prática de exercícios físicos.

Se sentir algum desconforto fora do normal após uma sessão de treinamento, como muita dor, é importante interromper as atividades e procurar ajuda médica. Sintomas mais graves, como cãibras, náuseas, vômitos e urina escura, podem indicar rabdomiólise — uma condição séria caracterizada pela quebra de fibras musculares, que libera substâncias nocivas na corrente sanguínea e pode levar a complicações renais.

Outros sinais de alerta incluem interrupções no ciclo menstrual e alterações persistentes no sono e no humor. A presença de um profissional de educação física é crucial para orientar os exercícios de maneira adequada e auxiliar o praticante a reconhecer possíveis excessos. (Por Thais Szegö, da Agência Einstein)

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