Setembro Amarelo: conheça o mês de prevenção ao suicídio

Data, originária dos Estados Unidos, busca promover a conscientização sobre a saúde mental. Saiba mais sobre as origens da campanha e como prestar atenção aos sinais de alerta

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o suicídio como “um sério problema de saúde pública global”. No Brasil, a conscientização sobre a temática foi estabelecida no calendário nacional por meio da campanha Setembro Amarelo.

A data oficial para o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é 10 de setembro, mas o mês inteiro pode ser utilizado para promover ações relacionadas à saúde mental. Em 2023, o lema do projeto é “Se precisar, peça ajuda!”.

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Conheça mais sobre as origens da campanha Setembro Amarelo e como prestar atenção aos sinais de alerta relacionados à saúde mental.

O que é o Setembro Amarelo?

A campanha Setembro Amarelo é uma iniciativa que objetiva atuar na conscientização e na prevenção ao suicídio. A temática, segundo o portal do projeto no Brasil, ainda é vista como um tabu e as ações procuram esclarecer e identificar a problemática ao público em geral.

"Precisamos orientar para conscientizar, prevenir e no mês de setembro concentramos os nossos esforços e vamos para a prevençao efetiva do suicídio”, reflete em nota o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o médico Antônio Geraldo da Silva.

Como surgiu o Setembro Amarelo

Antes do Setembro Amarelo, o programa “Yellow Ribbon” (“Fita Amarela”, em português) foi fundado nos Estados Unidos em 1994, seguindo o suicídio de Mike Emme. O jovem havia restaurado um Ford Mustang 1968 de cor amarela e era conhecido como “Mustang Mike”.

No funeral de Mike, as palavras “por favor, não faça isso, por favor, fale com alguém” foram colocadas em papéis amarelos ao lado de contatos para obter ajuda. Os adolescentes prenderam fitas da mesma cor em 500 pedaços desses papéis.

No Brasil, o Setembro Amarelo foi introduzido por Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, no calendário nacional. Em 2014, a campanha — atualmente em sua nona edição — começou a ser realizada em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

Setembro Amarelo: significado da cor

A cor amarela é característica do Ford Mustang restaurado por Mike Emme antes de morrer e se tornou um símbolo do projeto “Yellow Ribbon” nos Estados Unidos. Em seu portal, o programa indica que os jovens usaram flores e laços amarelos, prendendo-os nas roupas e chapéus para o funeral de Emme.

Por que o mês de setembro foi escolhido?

A escolha pelo nono mês do ano foi definida a partir do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, que acontece em 10 de setembro. Além disso, a data da morte de Mike Emme também aconteceu durante o mês (8 de setembro), embora esta informação possa não ter influenciado na decisão diretamente.

Setembro Amarelo: o que significa a sigla CVV?

A sigla CVV representa o Centro de Valorização da Vida, uma associação civil sem fins lucrativos responsável pela oferta gratuita de apoio emocional e prevenção ao suicídio. A iniciativa acontece por meio de chat, telefone ou e-mail.

O acesso está disponível 24 horas por telefone e com horários determinados para o chat. A seguir:

Uma das opções aos interessados em ajudar durante o Setembro Amarelo é se tornar um voluntário do CVV. Para se cadastrar, é preciso ter 18 anos de idade e participar de um curso de capacitação e seleção em ambiente presencial ou virtual.

Setembro Amarelo: como ajudar?

Na cartilha de prevenção ao suicídio, disponibilizada gratuitamente no portal da campanha Setembro Amarelo de 2023, algumas dicas são elencadas para quem deseja ajudar uma pessoa que apresenta ideação suicida.

  • Em uma conversa, é preciso ouvir com atenção, mas não demonstrar pré-julgamentos sobre a condição;
  • Não dê conselhos como “você precisa esquecer isso” ou “você precisa sair mais de casa”;
  • Não faça piadas sobre o assunto ou comparações — o importante é demonstrar empatia e ser alguém confiável;
  • Acompanhe o seu amigo ou conhecido nas visitas ao psiquiatra ou psicólogo;
  • Tente não deixar a pessoa sozinha ou próxima a objetos letais, reduzindo o risco imediato

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito na Rede de Apoio Psicossocial e o próprio site da campanha (www.setembroamarelo.com) pode ajudar na indicação de locais (aba “encontre ajuda”).

Sinais de alerta na prevenção ao suicídio

É preciso ficar atento aos fatores de riscos que podem impactar no desenvolvimento de pensamentos suicidas, como alta recente de internação psiquiátrica, tentativa prévia de suicídio, abuso sexual na infância e até comportamentos impulsivos.

“A maioria das pessoas com ideação suicida já demonstra alguns sinais próprios de transtornos mentais, como ansiedade, perda do interesse nas atividades, isolamento social”, indica a psiquiatra Bruna Dourado ao O POVO.

A linguagem também é outro fator importante e algumas expressões chamam a atenção:

  • “Gostaria de sumir”
  • “Não aguento mais essa vida”
  • “Sinto uma dor que não passa”
  • “Não tenho esperança”

As frases, adaptadas da cartilha de prevenção ao suicídio para o Setembro Amarelo, representam exemplos a serem considerados. O documento recomenda não duvidar de alguém com ideações suicidas.

Setembro Amarelo: falácias sobre suicídio

A psiquiatra Bruna Dourado apresenta duas falácias comentadas sobre o suicídio, reproduzidas na íntegra a seguir:

  • Quem quer morrer não avisa: “Isso não é verdade. A maioria das pessoas busca algum tipo de ajuda antes de tentar suicídio. É importante estar atento aos sinais e ao pedido de ajuda demonstrado”, diz.
  • Falar sobre suicídio com alguém com ideação aumenta a chance de acontecer: “Também não é verdade. Abordar o assunto e procurar ajuda profissional levam a maiores chances de tratamento adequado e melhora”, completa.

Setembro Amarelo: dados sobre o tema

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta um total de 703 mil pessoas que tiram a própria vida anualmente. O suicídio afeta indivíduos de diferentes idades e foi a quarta principal causa de morte de jovens entre 15 a 29 anos em 2019.

No Brasil, os homens são a maioria dos casos — contando todas as idades, 11.291 cometeram suicídio em 2019, comparado a 3.249 das mulheres. Ambos totalizam 14.540 pessoas no relatório global da OMS.

Setembro Amarelo: impactos da pandemia

“A pandemia e as mudanças geradas no período levaram ao aumento da frequência dos transtornos mentais, como ansiedade e depressão, principalmente associados aos estressores vivenciados pela população”, resssalta Bruna.

No primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, segundo estudo promovido pela OMS.

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