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Setembro amarelo: entenda a importância do autocuidado após efeitos da pandemia

Procurar ajuda, entender a origem do sofrimento, e reconhecer que a saúde da mente é tão importante quanto a do corpo, são formas de quebrar o ciclo e romper fatores que levam ao suicídio
14:02 | Set. 03, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

 

O mês de setembro marca o período de conscientização e campanhas de prevenção ao suicídio em todo o Brasil. Com a pandemia e o isolamento social, as pessoas foram obrigadas a encarar questões como incertezas socioeconômicas, desemprego e estresse social, que, somadas às circunstâncias pessoais, podem ter influenciado ainda mais na incidência de transtornos da mente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esses cenários já estão ocorrendo e devem persistir no pós-pandemia.

Com as medidas de isolamento atuais, outros fatores de risco tornaram a população ainda mais fragilizada, visto que muitas pessoas têm sofrido com o distanciamento de entes queridos ou enfrentam a convivência em um lar abusivo. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), casos como estes são comumente observados em pessoas que tentaram o suicídio, tendo em vista que o bom suporte familiar e laços sociais bem estabelecidos com amigos e familiares, atuam como meios de proteção.

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Em cartilha, a ABP destaca que "praticamente todas as pessoas que cometeram suicídio apresentavam pelo menos um transtorno psiquiátrico". Por isso, é importante buscar tratamento ao se deparar com alguma dificuldade emocional. A Associação acrescenta que doenças como ansiedade, depressão e demais transtornos mentais, têm tratamento adequado e eficaz. Além disso, todas as pessoas têm fatores protetivos e de risco, e a imensa maioria consegue encontrar modos de lidar com os problemas e superá-los.

Assim, para diminuir os riscos, deve-se aumentar os fatores de proteção. Entre eles, estão:

 

- O contato com familiares e amigos
- A busca e o tratamento adequado para doença mental
- Envolvimento em atividades religiosas ou espirituais
- Prática de atividades prazerosas ou que tenham significado
- Redução ou a suspensão do uso de álcool e outras drogas

O impacto dos números

 

O crescimento do número de casos de morte autoinfligida fez acender o alerta sobre a necessidade de se discutir a saúde mental de crianças e adolescentes. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgados pela ABP, morrem 800 mil pessoas por suicídio no mundo, anualmente, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. O número é superior aos óbitos por malária, câncer de mama, guerra ou homicídio. Por isso, é encarado como um sério problema de saúde pública global.

No Brasil, a média de suicídio a cada dia é de 32 casos, conforme a ABP. Casos entre adolescentes têm aumentado a cada ano. Entre 2011 e 2018, houve um crescimento de 10% nas taxas entre jovens de 15 a 29 anos no País, segundo o perfil epidemiológico divulgado em setembro de 2019 pelo Ministério da Saúde. No Ceará, entre janeiro e julho de 2020, foram contabilizados 306 casos na plataforma Integra SUS, da Secretaria da Saúde (Sesa). A média corresponde a 43 suicídios por mês.

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Para Ana Claúdia Veneziani, médica psiquiatra que atua na clínica Mundo Akar, é preciso falar sobre suicídio abertamente para combatê-lo. “Isso já não é novidade e é exatamente por isso que a campanha do Setembro Amarelo é tão importante. Relembrar, dialogar e acolher pessoas que pensam, ou já tentaram suicídio é fundamental para que situações como essa diminuam”, destaca a médica, em nota.

Autocuidado, autoconhecimento e responsabilidade pessoal

 

Para evitar que quadros como esses evoluam para o suicídio, é preciso falar sobre autocuidado, autoconhecimento e responsabilidade pessoal. De acordo com a psicóloga Emanuela Ferreira Gomes, esses fatores em conjunto são importantes para a prevenção e manutenção da saúde mental de uma pessoa. Entender a origem daquela dor ou sofrimento que ela está passando, quebrar o ciclo que a paralisa na tristeza ou depressão, é um dos caminhos para encontrar a cura.

"A cura vem através da consciência. Eu preciso entender o porquê do meu comportamento e das minhas motivações, para sair dessas vibrações negativas para o positivo”, comenta a psicóloga, que é diretora da clínica Mundo Akar. “Porque muitas vezes ficamos no automatismo de pensamentos repetitivos e nem nos damos conta [dos motivos]. Por que eu não procuro ajuda? Por que eu penso que minha vida não vale à pena? Por que eu estou sem energia?”, reflete Emanuela.

De acordo com a psicóloga, a pandemia nos fez olhar para dentro, e questões que antes costumávamos ignorar, como um problema no relacionamento amoroso, ou dificuldades familiares, vêm à tona. Além das questões agravadas pela própria pandemia, como as preocupações financeiras, por exemplo. Passamos a enfrentar diretamente essas questões, e, com isso, sintomas de ansiedade, depressão, entre outros, são aflorados. Por isso, entender a origem do nosso sofrimento é importante.

Ela explica que, a partir desse ponto, trabalha-se o autoconhecimento. A responsabilidade vem com o “saber lidar”. “Na hora que eu vou procurar ajuda estou me apropriando dessa responsabilidade; me tornando responsável pela minha saúde. Quebrar esse paradigma é importante”, destaca a psicóloga, reforçando que cuidar da mente é tão importante quanto a saúde do corpo. A partir dessa responsabilização, vem o olhar para as próprias emoções, e as medidas para cuidar das doenças da mente e “da alma”.

Encontrar ajuda

 

Há vários serviços online gratuitos que dão suporte e são especializados na escuta qualificada. A pessoa, quando estiver no sofrimento e precisar conversar com alguém, pode ligar para o número 188 ou buscar atendimento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da sua cidade. A Associação Brasileira de Psiquiatria também disponibiliza contatos para pessoas que estejam precisando de ajuda. Mais informações estão disponíveis no site da campanha Setembro Amarelo, realizada em parceria com o Conselho Federal de Medicina.

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De acordo com a psicóloga Emanuela Gomes, serviços de terapias integrativas complementares ao acompanhamento psiquiátrico e terapêutico também são importantes, por promoverem ações de autoconhecimento e autocuidado. Ela destaca que, especialmente neste mês de setembro, a clínica Mundo Akar tem desenvolvido uma campanha de incentivo a essas práticas, com programação voltada para atividades de terapias integrativas, como reiki, ventosaterapia, técnicas de alinhamento de chakras, entre outras.

“Elas [as terapias integrativas] trazem consciência e ajudam a diminuir nossos ciclos de autossabotagem, como por exemplo, não procurar ajuda ou tomar os remédios prescritos pelo médico. Elas também diminuem nosso padrão de pensamentos repetitivos, de ansiedade e depressão; e colaboram com a introdução de novos padrões comportamentais”, detalha Emanuela. As atividades são importantes para a prevenção dos primeiros sintomas de ansiedade, que podem levar à depressão.

Segundo a psicóloga, nesse processo de terapias integrativas, há a modificação de crenças limitantes, que estão associadas a permanência de uma pessoa naquela situação de autossabotagem e a impedem de entender a origem da sua dor e sofrimento. “As terapias aumentam a disposição e a energia para eu fazer acontecer. E, fazendo tudo isso, já estou automaticamente caminhando para o autocuidado, o autoconhecimento e a autorresponsabilidade”, conclui.

A psicóloga acrescenta que, em paralelo a terapias mais específicas, pequenas ações no dia a dia podem trazer benefícios para os cuidados da mente. Hábitos de respiração consciente, meditação, leitura, contato com a natureza e atividade física são alguns exemplos. Além disso, estar em contato com as pessoas que ama, criar uma rede de apoio, encontrar um sentido para a vida e as próprias vivências; e a reconexão com a própria fé, são formas de trazer conforto emocional à nossa rotina.

Serviço

 

Mundo Akar
Programação Setembro Amarelo
Quando: sábado, dia 12 de setembro
Contatos: @mundoAkar | (85) 9 9199-6231


Técnicas disponíveis: alinhamento de chakras, barras de access, cristaloterapia, escalda pés e auriculoterapia, escalda pés e ventosaterapia, massagem com pedras quentes, reflexologia podal tailandesa, terapia com florais da amazônia, ThetaHealing, ventosaterapia, yoga massagem ayurvédica, diagnóstico em medicina chinesa, reiki, aulão de yoga.

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