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Dia do Idoso: saiba o que fazer para envelhecer bem

Uma rotina de hábitos saudáveis refletem na longevidade e boa condição de saúde na velhice.
08:00 | Set. 30, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

O Dia do Idoso é comemorado nesta quinta-feira, 1º de outubro. Em estimativa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2043 é esperado que um quarto da população brasileira tenha mais de 60 anos. Esse aumento, segundo o Instituto, se deve ao menor número de nascimentos a cada ano e o aumento da expectativa de vida do brasileiro. Para ter uma boa longevidade, no entanto, saúde e qualidade de vida são essenciais. Ao O POVO, a geriatra Ianna Lacerda comenta o que fazer para envelhecer bem.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60 anos ou mais. No Brasil, 32,860 milhões de pessoas estão nessa faixa etária, sendo 14,456 homens e 18,404 mulheres, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, divulgada em 2019. No Ceará, são 1,391 milhões de idosos, sendo 600 mil homens e 791 mil mulheres.

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Também em estimativa do IBGE, está previsto o envelhecimento populacional, a partir de 2047, quando a população brasileira deverá parar de crescer. Ou seja, quando os grupos mais velhos deverão ficar em uma proporção maior dos que os mais jovens. Essa relação entre a porcentagem de idosos e jovens é chamada de “índice de envelhecimento” que, segundo o Instituto, aumentará para 173,47% em 2060. Em 2018, o índice era de 43,19%.

O que fazer para envelhecer bem?

Para ter uma boa qualidade de vida na velhice, é preciso adotar desde jovem uma rotina de hábitos saudáveis que venham refletir na longevidade e na boa condição de saúde, futuramente. Essas condições para promover um bom envelhecimento vão desde a boa alimentação e a prática de atividades, até hábitos mais simples que envolvam uma higiene do sono regular e exercícios de desafio ao cérebro.

Segundo a especialista em geriatria, Ianna Lacerda, o parâmetro utilizado por profissionais da geriatria para um bom envelhecimento não se refere a aquisição de bens materiais ou construção de uma família, como muitos costumam imaginar. “É ser independente e autônomo; não precisar de ninguém para viver dentro de casa ou, melhor ainda, para viver fora de casa”, descreve. Assim, qualquer pessoa que tenha uma vida saudável naturalmente terá uma velhice em melhores condições. Confira as dicas da geriatra:

— Alimentação: redução de carboidratos e carne vermelha, e o maior consumo de peixes, leguminosas e vegetais, são dicas de alimentos que ajudam no bom envelhecimento. “Alguns estudos, bem pequenos, apontam que o café e a pimenta são bons estímulos, que possuem efeito contra o Alzheimer”, comenta Ianna. Ela acrescenta que a obesidade e doenças como hipertensão ou diabetes, podem prejudicar o envelhecimento. Por isso, uma boa nutrição é essencial.

— Controle das comorbidades: para chegar a idade mais avançada com boa disposição e energia, é preciso ter controle sobre as comorbidades, segundo relata a geriatra. Ter doenças como diabetes ou hipertensão podem não ser um problema tão grave na velhice, desde que o médico seja consultado regularmente para controlar a condição.

“Estar na meia idade com a circunferência abdominal elevada, de um modo que você tenha um colesterol bom baixo e o ruim alto, é bem complicado, porque você vai envelhecer com algum problema no futuro, relacionado a falta de músculos, que é a síndrome da fragilidade ou a sarcopenia”, comenta Ianna.

Ela explica que essa síndrome é responsável pela exaustão e falta de força, que dificultam atividades simples do dia a dia, como varrer a casa ou cozinhar. Assim, o idoso pode ficar dependente de outras pessoas no futuro para realizar as ações mais básicas do cotidiano.

— Sono de qualidade: outro ponto destacado pela especialista em geriatria é a questão do sono regular. “Às vezes, as pessoas desvalorizam o sono, mas ele é essencial. Dormir bem restaura o cérebro, como se limpasse o que tem de impurezas”, frisa Ianna. A má qualidade do sono, segundo ela, pode levar a problemas como demência, entre elas a doença de Alzheimer.

Assim, para evitar a condição, é necessário uma boa noite de sono, que seja suficiente para que a pessoa acorde disposta e descansada no dia seguinte, capaz de realizar suas atividades sem problemas.

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— Atividade física: um dos grandes pilares para o bom envelhecimento é a prática regular de atividade física. Manter-se ativo no dia a dia é o suficiente, com ações como andar, ir ao supermercado, entre outras. A recomendação é de pelo menos 1 mil passos por dia. “Mas, como temos a questão da violência, a alternativa seria atividades aeróbicas e de exercício da musculação e dos ossos”, complementa Ianna.

A diferença entre manter-se ativo e fazer atividade física está relacionada a programação, quando há um horário específico na rotina diária para a prática do exercício. Para as atividades aeróbicas, que geram efeitos positivos para o coração e o pulmão, é recomendado de 150 min a 300 min por semana. “Esses exercícios deixam a gente condicionado para vencer os desafios do dia a dia”, pontua Ianna.

Já os exercícios para músculos, como a musculação e o pilates, que ajudam a melhorar a força, devem ser feitos em conjunto. Até 60 anos, devem ser realizados pelo menos duas vezes por semana. Para idosos, a frequência é maior, sendo pelo menos três dias por semana.

Exercício para o cérebro: a saúde da mente também é tão importante quanto a saúde física. Atividades que desafiam nosso cérebro podem ajudar a diminuir os riscos de comprometimento cognitivo e garantir uma boa longevidade. “A recomendação seria a leitura, mas, infelizmente, somos um país que lê muito pouco”, comenta Ianna.

“Então, é preciso incentivar as pessoas a desafiarem seu cérebro. Um exemplo meu: tenho dificuldade com línguas, então, atualmente estou estudando inglês. Agora, ler é cômodo para mim, se deixar eu leio o tempo todo”. Assim, atividades que sejam mais desafiadoras são uma sugestão. Outros exemplos seriam o aprendizado de instrumentos musicais ou a prática de atividades que a pessoa naturalmente rejeita, como ir para a academia, entre outras.

Conforme Ianna, apenas com essas práticas de promoção à saúde foi possível atrasar o início da doença de Alzheimer entre 3 e 5 anos, na Europa. “O que fica claro e as pessoas tem que se conscientizar, é isso: quanto mais saudável você é, menos a chance de você ter essas doenças. Se você não vive uma vida saudável, como você vai se proteger?”, questiona a geriatra.

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