PL da Dosimetria será pauta na CCJ; veja posição de cearenses

PL da Dosimetria será pauta na CCJ do Senado; veja como se posicionam os cearenses

Enquanto Augusta critica brechas do texto aprovado pela Câmara, Girão defende redução de penas como primeiro passo para anistia aos condenados por atos golpistas
Atualizado às Autor Thays Maria Salles Tipo Notícia

O projeto de lei da Dosimetria (PL nº 2.162/2023), que altera regras do Código Penal e da Lei de Execução Penal e pode resultar na redução de penas para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 bem como do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), será analisado na próxima quarta-feira, 17, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

O texto será o único item da pauta da comissão e tem relatoria do senador Esperidião Amin (PP-SC). Do Ceará, os três senadores integram a CCJ: Augusta Brito (PT), Cid Gomes (PSB) e Eduardo Girão (Novo) são membros titulares.

Procurado pelo O POVO, via assessoria de imprensa, Cid não respondeu até a publicação desta matéria. Já entre os que se manifestaram, as posições são divergentes. Augusta afirmou ser contrária ao projeto.

“Eu não apoio o PL da Dosimetria. Entendo que o Senado tem a responsabilidade de derrubar a proposta ou no mínimo aperfeiçoá-la antes de qualquer votação em plenário”, declarou.

Conforme a senadora, o texto aprovado pela Câmara dos Deputados, na madrugada do último dia 10, abre margem para "interpretações" que podem resultar em impunidade para "diversos" crimes.

O relator na CCJ já sinalizou a intenção de ajustar o texto para restringir o alcance da nova regra e explicitar quais crimes ficariam fora da redução de pena, antes de o projeto seguir para o plenário.

Diante disso, se o Senado decidir pela aprovação, Augusta defende correção da redação para evitar "interpretações amplas". 

“Da forma como o texto foi aprovado pelos deputados, existem brechas que podem beneficiar condenados por crimes graves completamente alheios aos atos de 8 de janeiro, inclusive crimes contra a dignidade sexual, corrupção e crimes ambientais”.

Como procuradora especial da Mulher do Senado, Augusta externou "preocupação ainda maior com o risco de que criminosos que cometeram violência contra mulheres possam ser indevidamente alcançados" por uma redução de pena. 

"O debate sobre dosimetria é legítimo, mas ele não pode servir de atalho para a impunidade. Reduções de pena, sem critérios claros, acabam beneficiando quem planejou, financiou ou estimulou esses atos", acrescentou.

A petista também se declarou contrária "a qualquer forma de anistia, explícita ou disfarçada" aos responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. "Não podemos relativizar ataques à democracia e às instituições da República”, argumentou.

Na direção oposta, o senador Eduardo Girão, que se apresenta como independente e costuma votar de forma alinhada à oposição ao governo Lula (PT), defendeu a aprovação do projeto como um primeiro passo para o que chama de "correção de injustiças" contra os condenados pelos atos antidemocráticos.

“O mínimo para se corrigir essa injustiça é o Congresso Nacional deliberar sobre isso antes do Natal, porque aqui envolve compaixão e realmente um sentimento de humanidade", disse. “Nós estamos tratando de vidas de pessoas. Uma coisa que transcende esquerda, direita, contra governo, a favor do governo”.

Na avaliação dele, há desproporcionalidade nas penas aplicadas pelo Judiciário. “Até porque essas pessoas não tiveram direito à ampla defesa, ao contraditório, nem a dupla jurisdição elas tiveram. Foi tudo dentro do Supremo Tribunal Federal (STF)”, criticou o senador.

Girão afirmou ainda que o PL da Dosimetria não seria o ponto final do debate. Para ele, o ideal é a anistia. "Mas isso é outra etapa que a gente vai buscar o quanto antes”, garantiu. 

“Espero que a gente sane essa injustiça nesse momento para partir a uma anistia ampla, geral e irrestrita, porque é isso que vai realmente fazer Justiça com J maiúsculo", desenvolveu.

"Mas o primeiro passo, o que é politicamente, hoje, possível é essa dosimetria. Nós estamos prontos aqui para ver se o presidente Davi Alcomlubre (União Brasil-AP) cumpre sua palavra e coloca para votar".

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