Michelle Bolsonaro dá 'puxão de orelha' em André Fernandes por aliança com Ciro: "Se precipitaram"

Em rota de colisão com Michelle, André disse que há um acordo com Bolsonaro sobre apoio a Ciro no Ceará

16:04 | Nov. 30, 2025

Por: Júlia Duarte
Michelle Bolsonaro no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão ao governo do Ceará (foto: Júlio Caesar/O POVO)

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) esteve neste domingo, 30, no lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) ao Governo do Ceará. Em discurso, ela deu um "puxão de orelha" diante da aproximação do PL no Estado com o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB). A ex-primeira-dama citou nominalmente o deputado federal André Fernandes, presidente da sigla no Ceará, e disse que, apesar do “orgulho” que sentia por ele, não seria viável apoiar uma pessoa que já criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em determinado momento, a ex-primeira-dama pediu que o cerimonialista lesse o título de uma manchete em que Ciro fala sobre Bolsonaro: “Ciro Gomes se orgulha de redigir inelegibilidade de Bolsonaro”. Após a leitura, ela se vira na direção onde integrantes do PL e demais convidados estão sentados. “É sobre isso, é sobre essa aliança que vocês se precipitaram em fazer”, afirmou.

"Adoro o André, passei em muitos estados falando sobre o orgulho que tenho dele, do Nikolas, do Carmelo, da esposa dele que foi eleita, tenho orgulho de vocês. Mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá", disparou no palco do evento.

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"Nós vamos nos levantar e vamos trabalhar para eleger o Girão. O improvável, todo mundo foi improvável. Meu marido era improvável, meu marido super megaimprovável, André improvável, Bella improvável, todo mundo improvável. A gente quer pacificar, criar unidade e a gente vê que a pessoa não levanta a bandeira branca”, afirmou.

E seguiu ao comentar indiretamente sobre Ciro, destacou: “A pessoa continua dizendo que a família é de ladrão, é de bandidos, compara o presidente Bolsonaro a ladrão de galinhas, quando fala das joias. Não tem como. Não existe mais essa (...) A essência é de esquerda, o que a pessoa que tem essência de esquerda faz? Mata, destrói, corrupto. Eu sou cristã, não vou negociar meus valores”.

André rebate fala e cita acordo com Bolsonaro

Após o evento, André Fernandes comentou as falas de Michelle. Ele ressaltou que a aliança vem sendo construída desde o segundo turno das eleições de 2024. Na época, ele disputava a Prefeitura de Fortaleza e recebeu apoio de uma grande leva de nomes da oposição.

“Desde que a gente levou essa ideia de aliança ao presidente Bolsonaro, dia 29 de maio, quando me reuni e levei todos os parlamentares do Ceará para conversar sobre essa aliança. Eu tenho orgulho de dizer que estou construindo desde lá de trás, desde o final do segundo turno das eleições de 2024, porque eu entendo o momento aqui no Ceará".

Em rota de colisão com a ex-primeira-dama, ele afirmou que havia um combinado com Bolsonaro de que reuniões internas não seriam comentadas publicamente, mas abriu o jogo motivado pela atitudade de Michelle. “Já que infelizmente a própria esposa do presidente Bolsonaro vem e tenta chega aqui e dizer que a gente fez uma movimentação errada”.

“O próprio presidente Bolsonaro, no dia 29 de maio, pediu para a gente lidar para Ciro Gomes no viva-voz. Ficou acertado que nós apoiaríamos Ciro Gomes. Logo em seguida o presidente Valdemar também. Só que o acordo era ‘é muito ruim Jair Bolsonaro se aproximar de Ciro Gomes, coloca o André que qualquer pancada o André aguenta”, mencionou. Na mesma conversa, segundo o deputado, Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, teria expressado que a união era “importante”.

“Eu não viria a expor, mas já que a esposa do ex-presidente Bolsonaro diz publicamente que a gente fez um passe errado, que foi precipitada essa aliança. Bom, então é uma aliança precipitada do próprio marido dela”, ironizou.

Ele apontou ainda que tem dado, e vai continuar dando, sua opinião sobre o cenário no Ceará. “Eu tenho liderança, eu vou seguir a liderança de Jair Bolsonaro, vou seguir a liderança de Valdemar. E o que temos acordado é que essa aliança seja construída. Ainda está longe, mas eu não posso carregar uma culpa de algo que partiu deles mesmo”, disse.

O deputado destacou que há um entendimento da prioridade de fazer um senador no Ceará, na esteira de garantir maioria no Senado. Além disso, segundo ele, há um desejo de derrotar o PT no Estado. “A gente precisa de um grande candidato, forte e de peso em todos os estados do Nordeste para apoiar Bolsonaro, seu sucessor ou qualquer outro candidato, porque a gente precisa derrotar o PT”.

Por fim, Fernandes falou sobre comentários contra a aliança com Ciro. “Muita gente diz: 'Às vezes, pode ser arriscado se aproximar do Ciro', mas o movimento mais arriscado ainda é o que o cidadão enfrenta ao sair de casa todo dia sabendo que a facção criminosa pode ou não expulsar aquela população de casa”, concluiu.