Bolsonaro apresenta quadro clínico estável e teve noite sem intercorrências
Ex-presidente foi avaliado neste domingo por seus médicos pessoais na sede da PF em Brasília, onde cumpre prisão determinada pelo STF
Após visita da equipe médica, um boletim divulgado neste domingo, 23, informa que o ex-presidente Jair Bolsonaro está clinicamente estável e passou a noite sem intercorrências na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. Ele está preso preventivamente no local desde sábado, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O relatório é assinado por seus médicos pessoais, o cirurgião-geral Cláudio Birolini e o cardiologista Leandro Echenique, que estiveram com Bolsonaro na tarde de hoje. O ex-presidente permanece em regime fechado após determinação do STF.
Médicos apontam a possibilidade de confusão mental
A equipe médica explicou que Bolsonaro possui múltiplas comorbidades e faz uso de vários medicamentos por conta das internações e cirurgias realizadas desde 2018. O ex-presidente teve recentemente uma pneumonia por broncoaspiração e vinha apresentando crises de soluço persistentes, segundo médicos.
Profissionais constataram que ele apresenta um quadro clínico estável e passou a noite sem intercorrências.
Durante a visita, relataram que ele se queixou de um episódio de confusão mental e alucinações em 21 de novembro, na noite anterior à sua prisão.
“O ex-Presidente relatou que apresentou quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzidos pelo uso do medicamento Pregabalina, receitado por outra médica, com o objetivo de otimizar o tratamento, porém sem o conhecimento ou consentimento dessa equipe”, aponta boletim.
A tese é que o medicamento utilizado, em reação com os outros remédios empregados no tratamento do soluço contínuo — a Clorpromazina e a Gabapentina — possa ter desencadeado os sintomas apresentados.
A interação com a Pregabalina “tem como reconhecidos efeitos colaterais, a alteração do estado mental com a possibilidade de confusão mental, desorientação, coordenação anormal, sedação, transtorno de equilíbrio, alucinações e transtornos cognitivos”, afirma documento.
Bolsonaro segue preso e médicos acompanham quadro clínico
Conforme os profissionais, a equipe médica fez os ajustes necessários na medicação, restabelecendo o protocolo terapêutico anterior, e continuará monitorando o quadro clínico do ex-presidente com reavaliações regulares.
Bolsonaro está em prisão preventiva desde a manhã de sábado, 22. A decisão de Moraes considerou o risco de fuga do ex-presidente. A custódia ainda não é relacionada à sua condenação de 27 anos e 3 meses pelo plano de tentativa de golpe julgado no STF.
Em audiência de custódia, ele alegou ter sofrido um surto, acreditando que havia uma escuta na tornozeleira, e negou qualquer tentativa de fuga.
Confira boletim médico na íntegra:
Brasília, 23 de novembro de 2025
Estivemos em visita ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na manhã de hoje. O paciente é portador de múltiplas comorbidades e faz uso de diversos medicamentos em decorrência das internações e cirurgias prévias ocorridas desde 2018. Apresentou recentemente pneumonia por broncoaspiração e evolui com soluços refratários. No momento da nossa avaliação, ele encontra-se estável do ponto de vista clínico e passou a noite sem intercorrências.
Na noite de sexta-feira, dia 21 de novembro, o ex-Presidente relatou que apresentou quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzidos pelo uso do medicamento Pregabalina, receitado por outra médica, com o objetivo de otimizar o tratamento, porém sem o conhecimento ou consentimento dessa equipe. Esse medicamento apresenta importante interação com os medicamentos que ele utiliza regularmente para tratamento das crises de soluços (Clorpromazina e a Gabapentina) e tem como reconhecidos efeitos colaterais, a alteração do estado mental com a possibilidade de confusão mental, desorientação, coordenação anormal, sedação, transtorno de equilíbrio, alucinações e transtornos cognitivos.
O medicamento foi suspenso imediatamente, sem sintomas residuais neste momento. Foram realizados os ajustes necessários na medicação, restabelecendo a orientação anterior. Seguiremos acompanhando a evolução clínica do ex-Presidente e realizando reavaliações periódicas.
Claudio Birolini, Cirurgião Geral
Leandro Echenique, Cardiologista
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