Luizianne e outros brasileiros serão transferidos de Israel para Jordânia nesta terça, 7
Delegação brasileira será deixará Israel pela Ponte Allenby/Rei Hussein, com destino à Jordânia, conforme mensagem oficial das autoridades israelenses
Todos os integrantes da delegação brasileira presos por Israel sairão da prisão de Ktzi’ot, no deserto de Neguev, a cerca de 30 quilômetros da fronteira com o Egito, na manhã desta terça-feira, 7, e serão transferidos para a Jordânia, conforme a organização Global Sumud Flotilla. A deputada Luizianne Lins (PT) e outras 12 pessoas fazem parte da delegação.
Ativistas de outros países também devem deixar a prisão no mesmo momento, entre eles integrantes das delegações da Argentina, Colômbia, África do Sul e Nova Zelândia. É estimado que os brasileiros cheguem à Jordânia por volta das 12 horas no horário local.
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Segundo a organização, a Embaixada brasileira em Amã já está preparada para receber o grupo e prestar o auxílio necessário, incluindo uma consulta médica para avaliar o estado de saúde de cada um.
Em visita consular realizada nesta segunda, a delegação brasileira denunciou condições degradantes e uso de violência psicológica. De acordo com informações da equipe da deputada Luizianne Lins, os ativistas também apontaram falta de tratamento médico adequado. Alguns brasileiros, incluindo a parlamentar, teriam recebido medicamentos após pressão diplomática.
Os ativistas Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles iniciaram greve de fome após a prisão e seguem com o protesto. De acordo com a Global Sumud Flotilla, alguns participantes também enviaram cartas aos familiares. Em uma delas, Ariadne Telles afirmou que iniciaria uma greve de sede, caso não fossem libertados até esta segunda, 6.
Pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considerou que Israel segue cometendo violações e informou que deu o comando ao Ministério das Relações Exteriores para prestar auxílio e usar todas as ferramentas diplomáticas legais “para que essa situação absurda se encerre o quanto antes”.
Transferência
Apesar da transferência, não há informações sobre como se dará a chegada dos 13 brasileiros ao país após a chegada em Amã.
Até o momento, o único membro da delegação brasileira deportado foi o professor e ativista Nicolas Calabrese, que é um cidadão argentino-italiano residente no Brasil. Ele foi deportado com o auxílio da diplomacia italiana, que chegou ao país na noite desta segunda-feira, 6, no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, onde mora.
De acordo com o Itamaraty, as autoridades israelenses não permitirão acesso direto, comunicação ou interação com o grupo enquanto permanecerem em custódia durante transferência da prisão para a fronteira com a Jordânia.
O governo brasileiro garantiu que os representantes da Embaixada do Brasil em Tel Aviv estarão presentes no ponto de fronteira para qualquer eventualidade.
Missão humanitária
Desde o início de setembro, os brasileiros participavam da flotilha com o objetivo de levar alimentos, água potável e suprimentos médicos a Gaza em meio à crise humanitária na região. Representantes de 44 países, incluindo ativistas, parlamentares e líderes sociais, participavam da missão.
Na última quarta-feira, 1º, os barcos que integravam a missão foram interceptados pela Marinha israelense e os ativistas foram enviados à prisão. A delegação brasileira recebeu a primeira visita consular na sexta-feira, 3.
A deputada federal Luizianne Lins está entre os integrantes que se recusaram a assinar o documento de deportação acelerada oferecido pelas autoridades israelenses. A ex-prefeita considerou o documento abusivo e “entendeu que sua responsabilidade ia além de sua própria situação”.
No domingo, 5, a Justiça de Israel concluiu as audiências para a deportação dos brasileiros, porém ainda não havia data para o início do processo no caso dos brasileiros. Nesta segunda, cerca de 171 participantes da Flotilha Global Sumud foram deportados, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg.