Ao menos 11 brasileiros estão em flotilha com Luizianne; nenhum navio conseguiu romper bloqueio
Essa é a mais recente tentativa marítima de romper o bloqueio israelense a Gaza, onde maior parte do território foi reduzida a um terreno baldio após quase dois anos de guerra
12:53 | Out. 02, 2025
Pelo menos 11 brasileiros e um argentino residente no Brasil estão entre as pessoas capturadas na quarta-feira, 1º, por Israel, informa Global Sumud Flotilla. O grupo, que integra a flotilha, reúne cerca de 50 embarcações que tentam furar o bloqueio a Gaza levando ajuda humanitária: alimentos, água potável, medicamentos e brinquedos.
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O ativista brasileiro Thiago Ávila, e a deputada federal cearense Luizianne Lins (PT) estavam a bordo da flotilha humanitária interceptada por Israel a caminho de Gaza nesta quarta-feira (1º).
Israel afirmou nesta quinta-feira, 1º, que nenhum barco da flotilha de ajuda para Gaza conseguiu romper o bloqueio diante do território palestino.
"Nenhum dos iates de provocação do Hamas-Sumud teve sucesso em sua tentativa de entrar em uma zona de combate ativa ou romper o bloqueio naval legal", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em um comunicado em referência à flotilha Global Sumud, que partiu de Barcelona no início de setembro com quase 45 navios.
O ministério israelense acrescentou que um último barco permanece no mar. "Se ele se aproximar, também será impedido de entrar em uma zona de combate ativa e romper o bloqueio".
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Na lista dos brasileiros detidos estão:
Barco Grande Blu
- Luizianne Lins, deputada federal pelo PT
Barco Alma
- Thiago Ávila (membro do Comitê Diretor da Global Sumud Flotilla)
Barco Sirius
- Mariana Conti, vereadora de Campinas pelo Psol
- Nicolas Calabrese, professor e coordenador da Rede Emancipa no Rio de Janeiro. Argentino, com cidadania italiana, residente no Brasil
- Bruno Gilga, trabalhador da USP e ativista da CSP-Conlutas
- Lisiane Proença, comunicadora popular
- Magno Costa, diretor do Sintusp
Barco Adara
- Ariadne Telles, advogada popular e militante da luta pela terra na Amazônia
- Mansur Peixoto, criador do projeto História Islâmica
Barco Spectre
- Gabi Tolotti, presidente do Psol-RS
- Mohamad El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino e coordenador da Frente Palestina de São Paulo
Barco Yulara
- Lucas Gusmão, ativista internacionalista
A delegação brasileira que participa da flotilha é formada ao todo por 17 integrantes. Ao todo, mais de 500 pessoas, de diferentes nacionalidades, se uniram ao protesto que se identifica como uma ação pacífica e não violenta contra o genocídio em Gaza. Até as 20h30min da quarta-feira, 1º, pelo menos 178 integrantes tinham sido capturados pelas forças israelenses. Entre elas, a ambientalista Greta Thunberg.
Em nota, a Anistia Internacional no Brasil diz que a captura das embarcações é ilegal.
"Nenhuma regra do direito internacional autoriza ataques a embarcações em livre navegação em águas internacionais. A missão da flotilha é pacífica, humanitária e legal."
A nota também cobra dos países que seja garantida a passagem segura da flotilha até a chegada a Gaza para a entrega dos itens de ajuda humanitária.
Ataque
Mais cedo, a flotilha internacional informou, em postagens nas redes sociais, que estava sofrendo agressões das forças israelenses. Uma transmissão de vídeo ao vivo de um dos barcos da flotilha mostrou passageiros com coletes salva-vidas sentados no convés, segundo informações da agência Reuters.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que a Marinha entrou em contato com a flotilha para avisar que ela estava se aproximando de uma zona de combate ativa e violando um bloqueio legal, pedindo que eles mudassem o curso.
Após o ataque, a flotilha diz, em mensagens nas redes sociais, que as embarcações foram interceptadas "ilegalmente em águas internacionais".
"Transmissões ao vivo e comunicações foram cortadas. A situação dos integrantes e da tripulação continua sem informação. Isto é um ataque ilegal a uma ação humanitária e não armada. Estamos em contato com autoridades e instituições internacionais para solicitar a segurança e liberação dos membros", diz.
Na rede X, o ministério israelense afirmou que os barcos da flotilha foram "abordados com segurança" e que os passageiros "estão sendo transferidos para um porto israelense", conforme a Reuters.
Essa é a mais recente tentativa marítima de romper o bloqueio israelense a Gaza, onde maior parte do território foi reduzida a um terreno baldio após quase dois anos de guerra.
A flotilha esperava chegar a Gaza na manhã da quinta-feira, se não fosse interceptada.
Com AFP