Santa Quitéria: Filho de ex-prefeito, ex-vice e adversário derrotado querem disputar nova eleição
Prefeito reeleito Braguinha foi cassado e o Tribunal Superior Eleitoral confirmou novas eleições. Cenário eleitoral já é debatido
A 223 km de Fortaleza, o município de Santa Quitéria se prepara para eleições suplementares em 26 de outubro, após a cassação do prefeito reeleito Braguinha (PSB). Preso antes de assumir o segundo mandato, ele teve o diploma eleitoral cassado sob acusação de envolvimento com facções criminosas.
Na terça-feira, 16, o ministro André Mendonça, no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manteve a decisão do TRE-CE que anulou os diplomas dos eleitos em 2024 e determinou nova eleição no município, ao reconhecer a influência do crime organizado no pleito. No mesmo despacho, Mendonça concedeu liminar que suspendeu a eleição suplementar em Barroquinha, que aconteceria na mesma data.
Convenções e indefinições
Em Santa Quitéria, as convenções partidárias deverão ocorrer no próximo final de semana, entre os dias 19 e 21 de setembro, prazo no qual os partidos precisam oficializar candidaturas a prefeito e vice. Os registros poderão ser feitos até o dia 23. Em 24 de setembro, terá início a campanha, que seguirá até a véspera da eleição. A diplomação dos eleitos deverá ocorrer até 18 de novembro.
Apesar da proximidade do início da campanha, as chapas ainda não estão definidas. Três nomes aparecem entre os principais pré-candidatos, mas as articulações em torno de alianças seguem em andamento, com a definição ficando para o fim de semana.
Interino no cargo de prefeito desde a prisão do pai, o vereador Joel Barroso (PSB) já se apresenta como pré-candidato e tem aparecido ao lado do senador Cid Gomes (PSB) nas redes sociais, declarando publicamente o interesse em disputar a nova eleição.
Outra pré-candidata é a ex-prefeita Lígia Protásio (PT). Vice de Braguinha no primeiro mandato, ela chegou a assumir o cargo por quase um ano, quando o então prefeito foi afastado por investigações sobre corrupção. Rompida com o antigo aliado, Lígia disputou as eleições de 2024 e terminou em terceiro lugar, com pouco mais de 29% dos votos.
Já o ex-prefeito Tomás Figueiredo (MDB), derrotado por Braguinha tanto em 2020 quanto em 2024, também se coloca novamente na disputa.
No último pleito, Braguinha obteve 11.292 votos (41,01%), contra 8.106 de Tomás (29,44%) e 7.991 de Lígia (29,02%).
Alianças em discussão
As negociações de bastidores, entretanto, ainda movimentam o cenário eleitoral. Joel tenta atrair o PT para compor sua chapa e não descarta que nomes como o governador Elmano de Freitas (PT) ou o ministro Camilo Santana (PT) possam sugerir um vice na chapa. O vereador conta também com apoios de peso, como o senador Cid Gomes, o deputado estadual Jeová Mota (PSB) e o pai de Camilo, o ex-deputado Eudoro Santana, que preside o PSB no Ceará. Todos defendem uma aliança ampla no município.
Lígia pressiona internamente para que sua candidatura seja confirmada pelo PT, enquanto Tomás insiste na necessidade de uma união com os petistas para evitar nova fragmentação da oposição ao grupo de Braguinha, representado atualmente por Joel na gestão.
O MDB aposta em lideranças como Luiz Gastão (PSD), Moses Rodrigues (União Brasil) e o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (União Brasil), para tentar neutralizar pressões pelo apoio do governo estadual ao PSB. A legenda argumenta que uma associação direta com a família de um prefeito preso por envolvimento com facções poderia desgastar a base governista.
Durante evento em Catunda na semana passada, Elmano sinalizou que só se posicionará depois de ouvir as lideranças locais de sua base aliada.
Legalidade questionada
No campo jurídico, adversários levantam dúvidas sobre a legalidade da candidatura de Joel Barroso. O questionamento é de que, como filho de Braguinha, sua eleição configuraria um terceiro mandato consecutivo da mesma família, visto que o pai foi impedido de assumir o segundo mandato, mas chegou a ser diplomado normalmente.
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