Cármen Lúcia e Dino fazem dobradinha após queixas de Fux: "Tenho o maior gosto em ouvir a prosa"
O ministro Luiz Fux, que votou na última quarta-feira, 10, não admitiu interferências durante sua fala, que durou mais de 12 horas
No início da leitura de seu voto na tarde desta quinta-feira, 11, no julgamento da tentativa de golpe de estado, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu espaço de fala ao ministro Flávio Dino, em clima de descontração na mesa da 1ª Turma do STF. A ministra manifestou "gosto" em ouvir as argumentações de colegas. No mesmo julgamento, o ministro Luiz Fux chegou a cobrar respeito a um pacto de não interrupção entre os colegas da turma.
A ministra fazia a leitura de seu voto quando Dino pediu a palavra: “Ministra Cármen, a senhora me concede um aparte (momento de fala)?”. Prontamente ela respondeu: “Todos ministro”. E completou alegando que a muito tempo as mulheres são silenciadas. “Todos desde que rápido. Nós mulheres estamos dois mil anos caladas, e temos que ter o direito de falar”, disse.
As declarações são vistas como uma indireta ao ministro Luiz Fux, que votou na última quarta-feira, 10, e que não admitiu interferências durante seu voto de mais de 12 horas, no qual absolveu seis dos oitos réus do núcleo principal da trama golpista. Condenando apenas o general Walter Braga Netto e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
“Mas eu concordo como sempre está no regimento do Supremo. o debate faz parte dos julgamentos, tenho o maior gosto em ouvir a prosa”, disse a ministra durante o diálogo.
Sobre o próprio voto, Cármen Lúcia destacou que não leria a totalidade das páginas, como fez Fux. "Eu escrevi 396 páginas presidente, mas eu não vou ler, eu vou ler um resumo”. Dino brincou dizendo que seu voto foi curto para poder falar durante o voto dos colegas.
Bolsonaro condenado
Sendo a quarta integrante do colegiado da primeira turma do STF a votar, a magistrada deu o terceiro voto dos cinco possíveis, para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Formando maioria mínima para condenação. O ministro Cristiano Zanin, presidente da turma, vota no fim da tarde desta quinta-feira.