Governo Lula reúne ministros para mobilizar pautas de apelo popular e frear anistia
Gestão quer destacar pautas como a isenção do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública
Um dia após manifestações bolsonaristas pró-anistia de condenados pelo 8 de janeiro de 2023, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman (PT-PR), reuniu nesta segunda-feira, 8, ministros de partidos do Centrão para definir as prioridades do governo até o fim do ano no Congresso Nacional. Os temas giram torno de pautas com apelo popular.
“Tivemos hoje uma boa reunião com ministros de partidos da base do governo no Congresso, para tratar da agenda legislativa até o final do ano. Todos concordamos em fortalecer as pautas da isenção do IR até R$ 5 mil, as MPs da redução da conta de luz, do Gás do Povo, a PEC da Segurança Pública, entre outras”, afirmou Hoffman em publicação no X.
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Participantes do encontro informaram ao Estadão que Gleisi pediu para que os ministros, de forma coletiva, trabalhem nos partidos e nas bancadas e se esforcem em torno das pautas de governo. A mobilização, embora não tratada diretamente no encontro, tenta também afastar as discussões do projeto, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), anulando uma eventual condenação no caso da trama golpista, julgada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante o encontro, eles mostraram uma boa sinalização para o governo, pois o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez uma publicação nas redes sociais se comprometendo a votar o projeto da isenção do imposto de renda. "Há um entendimento da Casa que é uma prioridade para o Brasil e os brasileiros", escreveu Motta.
Contudo, partidos de Centro que apostam no nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à sucessão do presidente Lula (PT), estão resistentes à proposta, porque, na avaliação de governistas, se o projeto for aprovado, o petista ganha politicamente e, assim, pode atrapalhar Tarcísio.
Quanto à anistia, nos últimos dias, a Câmara intensificou o movimento em torno do projeto. As cúpulas nacionais de PP, União Brasil e Republicanos apoiam um texto que favorece Bolsonaro. Conforme noticiado pelo correspondente do O POVO em Brasília, o colunista João Paulo Biage, a anistia ganhou corpo na semana passada e chegou à reunião de líderes partidários. União Brasil e Progressistas pediram para votar a pauta.
Já no PSD, há uma divisão entre os parlamentares, com apoio e rejeição equilibrados dentro da bancada. No MDB, apesar de a cúpula nacional se manifestar contrária, há adesões em setores do partido no Sul e Centro-Oeste. ,
O PL pressiona para que a anistia inclua a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, mas enfrenta resistência de parte das siglas do Centrão, que concentram esforços apenas em perdoar uma possível condenação na trama golpista.
Na semana passada o governo atuou em três frentes. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), seguiu para o Supremo Tribunal Federal (STF) a fim de alertar a imprensa sobre a mobilização em torno da anistia. Enquanto isso, Gleisi ligava para Motta e Arthur Lira (PP-AL); e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), telefonava para o presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); e para o antecessor no posto, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
A reunião desta segunda contou com os ministros:
Do União Brasil, Celso Sabino (Turismo) e Frederico Siqueira (Comunicações);
Do PSD, Alexandre Silveira (Minas e Energia) e André de Paula (Pesca);
Do MDB, Jader Barbalho Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento);
Do PCdoB, Luciana Santos (Ciência e Tecnologia);
Do PSB, Márcio França (Empreendedorismo).
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