Psol avalia candidatura de Roseno para eleger primeiro deputado federal no Nordeste
Partido cogita lançar o deputado estadual à Câmara Federal em 2026 e reorganizar candidaturas para fortalecer chapa proporcional; Vereadores de Fortaleza são cotados para disputar vaga na Assembleia Legislativa
Em uma estratégia para tentar eleger, pela primeira vez um deputado federal do Nordeste, o Psol cogita emplacar o deputado estadual Renato Roseno (Psol) como postulante à Câmara dos Deputados em 2026.
Roseno está no terceiro mandato na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e sempre foi o único deputado da sigla na Casa. Com a mudança estratégica, Renato sairia como candidato a federal, enquanto os vereadores de Fortaleza, Gabriel Aguiar e Adriana Gerônimo tentariam vagas no Parlamento estadual.
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"O Psol tem excelentes deputados. Se você pega toda a bancada federal do Psol, ela é muito boa. São 14 mandatos agora. Muito importantes para várias pautas, só que nenhum deles é do Nordeste. O Nordeste nunca teve um parlamentar nacional eleito pelo Psol. Teve João Alfredo, que foi eleito pelo PT, mas passou para o Psol já no exercício do mandato, em 2005. Então, de 2005 para cá, são 20 anos, a gente nunca conseguiu eleger um parlamentar do Nordeste no Congresso. E temos ótimos parlamentares estaduais, não?", argumentou Roseno ao O POVO.
O vereador Gabriel Aguiar, que em 2022 tentou uma vaga como deputado federal e obteve 38.277 votos, confirmou ao O POVO as negociações e a possibilidade de disputar uma vaga na Assembleia Legislativa em 2026.
Cláusula de barreira
Os demais nomes que comporiam a chapa ainda não estão definidos. A legenda busca encontrar a melhor forma para atingir a cláusula de barreira e acredita que necessite de ao menos 200 mil votos para fazer um deputado federal no ano que vem. "Acho que uma prioridade importante para nós, para a federação (com a Rede), é superar a cláusula de barreira. Isso impõe a todos nós um esforço também coletivo e nacional", ressalta Roseno.
Em uma eleição proporcional, a presença de outras candidaturas, mesmo que não sejam eleitas, é importante para que os partidos alcancem o quociente eleitoral, permitindo que um parlamentar seja eleito com a ajuda dos votos de companheiros de legenda.
Na eleição de 2022, por exemplo, João Alfredo concorreu a deputado federal, conquistando quase 19 mil votos. Com 22 mil votos na mesma eleição, Léo Suricate (Psol) — que assumiu interinamente a vaga de Renato Roseno na Alece, afastado por 120 dias por questões médicas — contribuiu para a reeleição de Roseno. Naquele ano, Roseno recebeu 83.062 votos, sua maior votação para o cargo.
"Congresso antipovo"
Roseno entende que há uma demanda maior pela presença do campo progressista no Congresso. "A sociedade não aguenta mais um Congresso tão antipovo, contra as pautas mais caras da sociedade. O PL da devastação, a votação do IOF, a pressão por anistia aos golpistas, não? Agora essa PEC para salvar os deputados que estão querendo, que são investigados por desvio de emenda", relembra.
Ele defende que, para um Congresso mais alinhado com a defesa democrática, é importante um "esforço coletivo nacional" para tentar ampliar a presença do campo democrático no Legislativo Federal. Roseno ressalta, porém, que a decisão não pode ser individual, há de ser algo abraçado pela sociedade.
"Eu estou aberto ao diálogo e nós estamos estudando essas variáveis. Entendemos que tem uma responsabilidade histórica, que a gente precisa disponibilizar os nomes. A sociedade brasileira quer melhores congressistas, não é? Mas quem está disponível a entrar nessa luta? Acho que é essa a questão", finaliza.