Recém-chegado à Regional 2, Márcio Martins diz ter missão de reordenar a Beira Mar
Embora aliado de Capitão Wagner, o secretário assume a regional com o maior PIB de Fortaleza, em meio à incerteza sobre permanência no União Brasil
Após trocar a Secretaria Regional 10 pela Regional 2, que abrange bairros nobres como Aldeota e Meireles, o vereador licenciado Márcio Martins (União Brasil) revelou que foi incumbido pelo prefeito Evandro Leitão (PT) de reestruturar a avenida Beira Mar. Ele comenta a relação entre estar presente no governo de Evandro e ter vínculo com um partido que, na maioria, faz oposição ao PT.
Missão recebida
Martins afirma que recebeu uma missão direta do prefeito Evandro, reordenar a Beira Mar, o que espera cumprir com equilíbrio. “Na gestão anterior. do prefeito Sarto, liberaram uma quantidade exagerada de permissionários, estrangulando o cartão-postal de Fortaleza. Então, nós precisamos fazer isso com muita responsabilidade, com muita sensibilidade. O objetivo não é uma caça às bruxas, mas, sim, organizar para que a Beira Mar de todos possa ser de fato de todos”, disse ao O POVO.
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Perfil da gestão
Nome mais surpreendente do secretariado do petista Evandro Leitão - Martins é aliado do presidente estadual do partido, Capitão Wagner, e apoiou André Fernandes (PL) na disputa do segundo turno em 2024 - Márcio Martins acredita que a sua forma de trabalho casa bem com o que quer o prefeito para o comando das regionais.
“O prefeito Evandro Leitão viu no meu estilo de trabalho algo que, nesse momento, estaria precisando na Regional 2. O prefeito tem dito, desde o primeiro momento que nós tomamos posse, que ele quer um secretariado na rua. E eu tenho um entendimento que o secretário regional é o para-choque da gestão. Os problemas chegam primeiro em nós. Então, não há como ser secretário de regional e não estar na rua. E eu tenho essa característica desde quando vereador. Então, foi isso que o Evandro pediu quando viu na Regional 10 essa atuação”, avaliou.
Para ele, o secretário de regional tem que equilibrar o trabalho técnico do Executivo com o alinhamento com a classe política. “Existe um discurso equivocado de que a minha nomeação foi 100% técnica. Nenhuma nomeação é 100% técnica. As nomeações são políticas também. E nós não devemos nos envergonhar de dizer que fazemos política, porque é necessário para a governabilidade”, acrescentou.
Base x Oposição
Recentemente, em visita ao Ceará, uma das principais figuras do União Brasil, o pré-candidato à Presidência pela sigla e governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou que filiados ao partido terão que deixar seus cargos em governos petistas.
Para Márcio Martins, a questão é complexa, pois o União Brasil participa de governos em todo o país, o que faz com que o secretário questione a liderança de Caiado junto ao partido.
“Precisa fazer isso no Brasil todo. O (pré-candidato a) presidente Ronaldo Caiado vai ter que fazer isso no Brasil todo, porque o União Brasil tem, de fato, cadeiras no Executivo no Brasil todo. E isso hoje demonstra, infelizmente, pouca habilidade de construção de um líder, porque não é dessa forma que se conquista as pessoas, ameaçando, afrontando. Eu tenho hoje um compromisso com a cidade de Fortaleza. A eleição acabou. Nós não podemos viver isso. A cidade de Fortaleza rachou ao meio em 2024. Como é que vai ser a governabilidade disso? Então, meu compromisso é com a cidade de Fortaleza”, ressaltou.
Segundo Martins, não há, por parte do União Brasil no Ceará qualquer pressão para que deixe o governo Evandro. Ele ressaltou que tem encontros semanais com o presidente estadual, Capitão Wagner, que teria ressaltado o desejo que permanecesse no cargo, assim como o desejo que concorra a deputado pela sigla em 2026.
Dentro ou fora?
Martins se coloca no grupo que está no União Brasil, mas alinha-se aos governos petistas. “Eu continuo no União Brasil cumprindo o meu papel, assim como outros filiados, como Roberto Pessoa, como a deputada Fernanda (Pessoa), como o deputado Firmo (Camurça), com o compromisso de entregar para as pessoas”.
Para ele, não há vontade de deixar, no momento, o partido. “Agora, se de repente o União Brasil, com tudo que eu estou entregando para cidade, não me quiser, infelizmente eu vou ter que sair. Mas o meu desejo no momento é de cumprir o meu papel enquanto gestor e cumprir o meu papel enquanto filiado do União Brasil”, afirmou.
Além do entrave relacionado ao posicionamento partidário — o União Brasil deve formalizar em agosto uma federação nacional com o Progressistas, que tende a ser um bloco oposicionista ao Governo Lula — existe a questão matemática. Martins admite que deve ser candidato a deputado em 2026 e, com a chegada de Roberto Cláudio e aliados, será necessário avaliar se o União Brasil é o melhor local para tentar uma vaga na Assembleia Legislativa.
A decisão, no entanto, deve ocorrer somente após abril de 2026, momento em que pretende deixar a gestão de Evandro pela necessidade de desincompatibilização para participar das eleições de outubro.
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