Senadores americanos acusam Trump de abuso de poder por tarifaço contra o Brasil
Congressistas democratas enviaram carta afirmando que Trump usa a economia do país para beneficiar um "amigo" e alertaram sobre o risco de aproximação entre Brasil e China, a partir da medida
Onze senadores do Partido Democrata assinaram uma carta destinada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestando-se contrários a aplicar taxas de 50% aos produtos brasileiros.
Os congressistas classificaram a ação do republicano como "claro abuso de poder" citando que os negócios comerciais com o Brasil e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foram o motivo do tarifaço, mas sim pressionar o país em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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No texto, os senadores declaram que interferir no sistema legal de uma nação soberana estabelece um precedente perigoso e que Bolsonaro está sendo processado por ações alegadamente cometidas sob a jurisdição brasileira. "Ele é acusado de tentar minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de planejar um golpe de Estado", diz trecho do texto.
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O grupo de parlamentares democratas também critica as sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e outros magistrados da Corte, como cancelar o visto americano. De acordo com eles, Trump usa a estrutura do governo "em favor de um amigo".
"Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em favor de um amigo é um grave abuso de poder, enfraquece a influência dos EUA no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região. O anúncio de sua administração em 18 de julho de 2025, de sanções de visto contra autoridades judiciais brasileiras envolvidas no caso do Sr. Bolsonaro, indica a disposição de sua administração em priorizar a agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano".
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China
A carta dos senadores endereçada a Trump ainda argumenta que a guerra comercial com o Brasil faz com que o governo brasileiro possa se aproximar ainda mais da China, em um momento que os EUA pretendem combater a influência chinesa na América Latina.
"Os objetivos principais dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da RPC (República Popular da China). Insistamos o senhor a reconsiderar suas ações e a priorizar os interesses econômicos dos americanos, que desejam previsibilidade — não outra guerra comercial".