Após operação da PF sobre golpe, Bolsonaro foi à Embaixada da Hungria e dormiu lá; veja

O ex-presidente passou dois dias no local, onde foi recebido pelo embaixador do país no Brasil, Miklós Halmai

Quatro dias após a Polícia Federal confiscar o passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na investigação sobre tentativa de golpe de Estado, ele se dirigiu à Embaixada da Hungria, em Brasília, onde ficou os dois dias seguintes. Imagens de câmeras de segurança divulgadas nesta segunda-feira, 25, pelo The New York Times, mostram o momento.

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De acordo com o material, o ex-mandatário chegou no local na noite da segunda-feira, 12 de fevereiro, e saiu apenas na tarde da quarta-feira, 14. Na ocasião, ele estava acompanhado por dois seguranças e foi servido pelo embaixador húngaro e membros de sua equipe. A retenção do passaporte de Bolsonaro ocorreu em 8 de fevereiro.

Por estar legalmente fora do alcance de autoridades nacionais, o ex-presidente não pode ser preso em uma embaixada estrangeira. A movimentação dele nesse episódio supõe tentativa de aproximar sua amizade com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban, líder de extrema direita, visando escapar da Justiça brasileira.

Ao Times, um funcionário da embaixada, que não foi identificado, confirmou o plano de receber Bolsonaro. Já o advogado de defesa não quis se manifestar sobre a situação. A embaixada também não respondeu.

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— Jogo Político (@jogopolitico) March 25, 2024

Bolsonaro e Orban

A relação do ex-chefe do Executivo brasileiro e do primeiro-ministro da Hungria é próxima há anos. Em 2022, Bolsonaro chegou a chamá-lo de "irmão". Na posse de Javir Milei como presidente da Argentina, Orban retribuiu o comentário chamando o ex-presidente de "herói".

Após a operação de 8 de fevereiro, o líder postou uma mensagem de apoio a Bolsonaro, classificando-o como "um patriota honesto" e pedindo para ele "continuar lutando".

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Cronologia da estadia

Depois de convocar apoiadores para ato na Av. Paulista, em 12 de fevereiro, Bolsonaro foi à Embaixada da Hungria. As imagens das câmeras de segurança mostram o embaixador do país no Brasil, Miklós Halmai, andando enquanto digita no celular.

Na época, o espaço estava praticamente vazio por conta do Carnaval. No mesmo dia, às 21h34min, um carro preto apareceu no portão da embaixada e teve o acesso liberado por Halmai. Do veículo, saíram Bolsonaro e dois seguranças. Eles foram conduzidos para dentro pelo embaixador. Os quatro entraram no elevador em seguida.

Funcionários da embaixada foram nas duas horas seguintes a uma área do edifício onde ficam dois apartamentos, carregando roupas de cama, água e outros itens.

Na manhã do dia seguinte, Halmai e outro homem levaram uma cafeteira para a área residencial. No decorrer do dia, funcionários aparecem andando pelo local. Já no início da noite, Bolsonaro anda pelo estacionamento com um de seus seguranças.

Pelo menos em dois momentos os seguranças saem do prédio. Próximo ao horário do almoço, um deles volta com o que parece ser uma pizza.

Mais tarde, às 20h38min, um guarda volta ao estacionamento da embaixada com outro homem no banco de trás, que entrou na área onde Bolsonaro parecia estar hospedado, e saiu 38 minutos depois. Quando o carro saiu, um homem parecido com o ex-presidente sai da área residencial.

Em 14 de fevereiro, segundo o Times, os diplomatas húngaros pediram aos funcionários brasileiros locais para retornarem ao trabalho no dia seguinte. Sem explicarem o porquê, eles deveriam ficar em casa pelo resto da semana, conforme informado pelo funcionário da embaixada.

Nesse dia, Bolsonaro é visto saindo do local às 16h14min com os dois guardas, carregando duas mochilas e se dirigindo para um carro. Halmai aparece observando o veículo e se despedindo com um aceno.

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Jair Bolsonaro Polícia Federal Embaixada da Hungria golpe de Estado esconder

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