Heleno ficou 'atônito' por ex-chefe da FAB recusar participar do golpe
Assim como ex-chefe do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, também colocou Anderson Torres como ponto central na trama golpista
O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, teria ficado "atônito" após o ex-comandante da Força Aérea (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, ter negado apoiar o golpe de Estado que vinha sendo articulado para manter Jair Bolsonaro (PL) após a derrota em 2022. A informação consta no depoimento do ex-chefe da FAB dado à Polícia Federal (PF) e que teve o sigilo retirado nesta sexta-feira,15, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O ex-comandante relatou que foi chamado diversas vezes em reuniões com Bolsonaro e aliados. Ele confirmou que foram apresentadas 'minutas' que poderiam ser usadas para justificar um golpe de Estado.
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Assim como o ex-chefe do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, ele confirmou que Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, tinha função de "assessorar" Bolsonaro com relação as medidas jurídicas que o Poder Executivo poderia adotar no cenário discutido.
Baptista revelou que negou, em diversas oportunidades, que os institutos não deixariam Bolsonaro no poder e que a FAB não concordaria com a movimentação. "O ex-Presidente ficava assustado", diz o ex-comandante no depoimento.
Heleno, conforme o ex-chefe, o cercou alguns dias depois das reuniões e o chamou em uma sala reservada em uma instalação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Ele narra que afirmou de forma categórica que Força Área não anuiria "com qualquer movimento de ruptura democrática'. A resposta deixou Heleno "atônico".
"QUE, por não ter sido convidado para a referida reunião, solicitou ao General Heleno que reafirmasse ao então presidente. JAIR BOLSONARO, a posição do depoente e da Aeronáutica: QUE o General Heleno ficou atônito e desconversou sobre o assunto com o depoente", disse no depoimento.
Além dele, Freire Gomes também teria se colocado contra a movimentação golpista. O ex-comandante do Exército relatou o mesmo e apontou que o único líder das Forças Armadas que se colocaria "à disposição" da intervenção seria o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier.