PF encontra diário de general Heleno com roteiro de um suposto golpe
A agenda foi vinculada a Heleno, encontrada na casa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
A suspeita de uma trama golpista promovida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados foi reforçada por um diário com roteiro golpista de autoria atribuída ao general Augusto Heleno.
O material vinculado a Heleno foi encontrado na casa do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), em um mandado de busca e apreensão da Operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro. Investigação apura a tentativa de um golpe de estado.
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O plano do ex-ministro mirava, primeiro, em prender delegados e fazer com que a Polícia Federal deixasse de cumprir ordens do Judiciário, impedindo sua atuação. Para isso, o Ministério da Justiça acionaria a Advocacia-geral da União, em caráter de urgência, sob o pretexto de combater supostas ordens judiciais exorbitantes.
A AGU seria responsável por atestar que a tal decisão judicial seria ilegal, o que seria reforçado por uma força normativa dada pelo então presidente Bolsonaro.
“O AGU faz um texto fundamentado na Corte Federal afirmando sobre ordem ilegal. Existe um princípio de Direito que ordem manifestamente ilegal não se cumpre. É preciso que o parecer detalhe o que é uma ordem manifestadamente ilegal, com força normativa e vinculante”, escreveu o general nas páginas divulgadas nesta segunda-feira, 4, pela revista Veja.
A determinação de ilegalidade ainda poderia provocar a prisão do delegado da PF que a levou adiante, algo de conhecimento de Heleno. "Delegado não pode cumprir ilegalidade; diligência tem que estar proibido", relata um trecho do diário.
Em todas as folhas, são expressas ordens de urgência, com expressões como “não tem que falar, tem que agir”, já que “ilegalidades” estariam sendo cometidas no sistema político. Até o momento, Heleno não se pronunciou sobre o conteúdo da agenda.
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Operação da PF investiga suspeita de golpe
O ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado no âmbito da operação Tempus Veritatis, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a PF, o ex-mandatário e seus apoiadores se reuniram para discutir um golpe de Estado, visando a manutenção do então presidente no poder. Foi, então, proposta uma minuta que previa novas eleições e prisões de autoridades. Bolsonaro teria ajudado a redigir a “enxugar" o documento.
A participação do general Heleno seria direta na trama. Na reunião de discussão do golpe, datada de julho de 2022, ele teria frisado a necessidade de intervenção antes das eleições presidenciais daquele ano.
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições“, afirmou o ministro do GSI.