Delator da Odebrecht afirma ter sido pressionado para falar de Lula na Lava Jato
O ex-executivo da Odebrecht, Alexandrino Alencar, relatou as informações durante entrevista para o filme Amigo Secreto, da cineasta Maria Augusta Ramos, com estreia marcada para 16 de junho nos cinemas
Um dos principais delatores da Operação Lava Jato, o ex-executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar, relatou, durante entrevista para o filme Amigo Secreto, da cineasta Maria Augusta Ramos, ter sido pressionado para comprometer o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em suas delações na operação Lava Jato.
Segundo informações publicadas pela coluna da jornalista Mônica Bergamos, neste domingo, 12, na Folha de S. Paulo, a pressão foi realizada por procuradores da força-tarefa para envolver o líder petista em seu acordo de colaboração. No esquema, o ex-presidente era “o principal alvo” dos investigadores, que o pressionaram a chegar “ao limite da verdade”.
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"Era uma pressão em cima da gente (...) E estava nítido que a questão era com o Lula", afirma Alexandrino na produção audiovisual. Segundo Bérgamo, ele relata "vários casos de caixa dois. Infinitos. Não aconteceu nada com ninguém. Aconteceu comigo. Com eles [políticos] não aconteceu nada. Só com Lula".
O ex-executivo diz ainda que procuradores insistiam em questionamentos sobre "o irmão do Lula, o filho do Lula, não sei o que do Lula, as palestras do Lula". O caso resultou na condenação de Lula a 15 anos e seis meses de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, pelo ex-juiz Sergio Moro.
Na época, além de Alexandrino, outros executivos da Odebrecht chegaram a ser condenados, entre eles Márcio Faria, Cesar Ramos Rocha e Rogério Araújo e o ex-presidente do conglomerado, Marcelo Odebrecht.
Em março de 2021, a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, reconheceu a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba, que tinha Moro como titular, para processar e julgar Lula nos casos do tríplex do Guarujá (SP), do sítio de Atibaia (SP), e em duas ações envolvendo o Instituto Lula. Com isso, as condenações do petista foram anuladas e ele voltou a ter todos os seus direitos políticos, podendo disputar eleições.
O documentário Amigo Secreto, de Maria Augusta Ramos, tem estreia marcada para 16 de junho nos cinemas. As filmagens acompanharam jornalistas por trás da Vaza Jato: Leandro Demori, do The Intercept Brasil, Carla Jimenez, Regiane Oliveira e Marina Rossi, do El País Brasil.