Após críticas de Ciro, PT se reúne com Lula e avalia nomes para disputa pelo Governo do Ceará

Três nomes foram considerados pelo PT como alternativa caso a aliança com o PDT se desfaça: Luizianne Lins, José Airton Cirilo e José Guimarães, deputados federais pela legenda

Logo após Ciro Gomes (PDT) dizer que o PT no Ceará tem “um lado corrupto”, na última terça-feira, 3, deputados federais do partido se reuniram com o ex-presidente Lula para discutir cenários com candidatura própria da legenda ao Governo do Estado.

Três nomes foram considerados como alternativa caso a aliança com o PDT se desfaça: a ex-prefeita e deputada Luizianne Lins e os também deputados federais José Airton Cirilo e José Guimarães, vice-presidente nacional da sigla.

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O encontro com Lula se deu na noite da terça, de forma remota. Dele participaram os três parlamentares citados, apresentados como potenciais candidatos. Durante a conversa, foram analisadas pesquisas internas da sigla que testaram a aceitação do trio na corrida para o Abolição, com apoio de Lula.

Segundo uma fonte petista, Guimarães teria sinalizado, nessa reunião, que pode concorrer ao Governo se a aliança entre PT e PDT acabar diante do que integrantes da legenda consideram como uma “imposição de Ciro” do nome do ex-prefeito Roberto Cláudio como cabeça da chapa governista.

Luizianne e José Airton já haviam se colocado na disputa antes disso, quando o partido sequer havia aprovado resolução pela manutenção da aliança com o PDT e Lula ainda não havia dito que o então governador Camilo Santana (PT) tinha carta branca para conduzir as costuras políticas locais.

A novidade, porém, é a entrada em cena de Guimarães como cotado ao Governo. O petista vem se manifestando de maneira mais incisiva sobre a possibilidade de o PT ter um candidato no Ceará, como fez em entrevista ao jornal “Valor Econômico” e depois nas redes sociais, ao voltar a falar da hipótese de ruptura com o partido de Ciro e Cid Gomes.

Ao O POVO, o deputado José Airton confirmou o encontro com Lula na terça passada e o teor da agenda com o ex-presidente. “Tivemos conversa com Lula, uma reunião virtual. Foi no mesmo dia (das falas de Ciro), terça de noite”, disse.

Questionado se a reunião havia tratado da possibilidade de rompimento depois das declarações de Ciro e de candidatura petista ao Governo, o deputado respondeu que, “se eles quiserem mesmo colocar o nome do Roberto Cláudio, o PT vai ter candidato no Ceará, isso é inevitável”.

Em seguida, enfatizou: “Se insistirem em querer colocar o nome do Roberto Cláudio de qualquer maneira, pode escrever que o PT vai ter candidato. Pode ser eu, Luizianne ou o próprio Guimarães”.

Sobre o entendimento do ex-presidente em torno do assunto, Airton disse que não poderia falar por Lula, mas que o partido tem outra reunião prevista até o fim do mês para avaliar o quadro no Ceará e decidir se de fato lança nome.

“Quem vai decidir é a direção nacional e acordado com o próprio Camilo”, respondeu, sublinhando, no entanto, que “há forte tendência de que, caso haja imposição (do PDT)”, o partido terá postulante.
De acordo com ele, um nome do PT na disputa estadual poderia ter apoio de MDB, PCdoB, PV e mesmo do Solidariedade, além de outras legendas mais à esquerda, como Psol.

Na última terça, em entrevista à rádio Jangadeiro BandNews FM, o pré-candidato à Presidência do PDT, Ciro Gomes, afirmou que “é bom que todo mundo saiba que esse acordo (com o PT) vai acontecer se o interesse do Ceará estiver acima”.

“Se for com negócio de conchavo, de picaretagem, eu topo enfrentar o PT também”, assegurou o pedetista, completando: “Porque eu não vou me submeter a um lado corrupto do PT que também existe no Ceará”.

Na mesma entrevista, Ciro cita nominalmente a deputada Luizianne como exemplo do que chamou de “lado corrupto” do PT no estado, criticando o que seria loteamento de cargos em escolas e postos de saúde.

Ainda na terça, como reação à fala de Ciro, o presidente estadual do PT-CE, Antônio Filho, publicou nota na qual classifica as declarações do ex-ministro como de “extrema agressividade, capazes inclusive de interditar de vez os esforços até então empreendidos pela manutenção da aliança com o PDT no Ceará”.

No dia seguinte, em reunião da executiva estadual, o PT aprovou nota em que diz que “os ataques de Ciro Gomes ao PT somente se justificam como um ato de total desespero de um candidato que vê seu projeto pessoal de ser presidente do Brasil naufragar logo na largada da corrida presidencial de 2022”.

Colaborou o repórter Carlos Holanda 

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