"Ronivaldo reproduziu as desculpas dos agressores de mulheres", diz Adriana Gerônimo

A vereadora, do mandato coletivo Nossa Cara, apresentou recurso para evitar o arquivamento do processo contra Ronivaldo na Câmara de Fortaleza

Para a vereadora Adriana Gerônimo (Psol), do mandato coletivo Nossa Cara, o discurso do vereador Ronivaldo Maia (PT) no retorno à Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor) reproduz as desculpas comumente dadas por agressores de mulheres. "O que o Ronivaldo reproduziu, infelizmente, são as desculpas dos agressores de mulheres. Eles sempre se utilizam dessa desculpa de que houve um momento de descontrole, que a vítima causou o ato, o crime, de violência contra ela mesma", afirmou.

A vereadora, que participou do programa Jogo Político, do O POVO, nesta terça-feira, 3, classificou o retorno de Ronivaldo como "deprimente". "A gente tentou de diversas formas que não acontecesse", disse Adriana, que, junto das outras vereadoras do mandato coletivo, buscou assinaturas contra o arquivamento da representação contra Ronivaldo no Conselho de Ética. Eram necessárias nove assinaturas dentre 43 vereadores para o recurso ir a plenário, mas só quatro assinaram.

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"A gente chegar em um momento como esse e a Câmara simplesmente se omitir do dever de apurar os fatos no Conselho de Ética, é muito lamentável", comenta a vereadora, acrescentando que o sentimento é "de completa frustração".

O vereador Ronivaldo Maia retornou à CMFor na última quinta-feira, 28. Ele discursou no início da sessão e pediu desculpas. Em sua defesa, ele disse que não quis matar a mulher que foi vítima de agressão. Disse ainda que episódio foi um "infortúnio" e isolado na trajetória dele. Ele completou afirmando que "a acusação de tentativa de feminicídio foi um erro".

Ainda sobre o discurso de Ronivaldo, Adriana repudiou o fato do parlamentar ter citado o nome da vítima durante a fala. "Um vereador subir à Tribuna, expor ainda mais a vítima, porque ele citou diversas vezes o nome, é um sentimento de que a impunidade prevalece até na politica".

Segundo ela, existe na CMFor "um grande acordo pra não se tocar no assunto do Ronivaldo"."A própria bancada governista, do PDT, fez um acordo para que ninguém assinasse o recurso da bancada de esquerda, porque foi assinado tanto pelo Psol como também pelos vereadores do PT", destacou.

O recurso apresentado pelo coletivo Nossa Cara recebeu apenas quatro assinaturas entre os 43 vereadores da Casa: Nossa Cara (Psol), Gabriel Aguiar (Psol), Guilherme Sampaio (PT) e Larissa Gaspar (PT). Eram necessárias pelo menos nove para levar o julgamento de Ronivaldo ao Plenário.

Adriana também observou a ausência das demais seis vereadoras da Casa durante os dias em que o coletivo tentava coletar assinaturas. "A gente não sabe dizer se isso também foi a partir do acordo estabelecido, mas as mulheres não estiveram presentes nem no plenário, para que a gente pudesse cobrar essas assinaturas. Os contatos que nós fizemos com elas foi a partir de telefonemas, mensagens pelo WhatsApp, e a que nos responderam nos informaram desse acordo da base do governo".

A investida das vereadoras do Nossa Cara veio após o Conselho de Ética arquivar o caso. O grupo avaliava a admissibilidade da ação que poderia provocar a cassação do parlamentar petista. No colegiado, foram quatro votos a favor e um contrário ao arquivamento; o da vereadora Claudia Gomes (PSDB), única mulher a votar no Conselho.

"As mulheres têm a dimensão que nós estamos lá construindo políticas publicas que salvem a vida das mulheres, mas somos nós que damos exemplo que um crime contra a mulher pode continuar impune", lamentou Adriana.

Procurado por meio de assessoria, o vereador Ronivaldo informou que "agora só irá se posicionar sobre o caso dentro do processo judicial".

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