Ronivaldo fala pela 1ª vez da acusação de tentativa de feminicídio: "Acidente lamentável"

Vereador definiu o caso fomo "infortúnio" e pediu desculpas

No dia em que reassumiu o mandato e retornou à Câmara Municipal de Fortaleza, Ronivaldo Maia (PT) falou pela primeira vez sobre o episódio em que foi preso acusado de tentativa de feminicídio. "Jamais tentei matar a F*. A acusação de tentativa de feminicídio foi um erro", argumentou.

Ronivaldo foi preso em 29 de fevereiro, acusado de avançar com o veículo contra uma mulher. Ele ficou preso até o início de fevereiro. Denunciado no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar, ele teve o processo arquivado.

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Ao detalhar o caso, conforme a versão dele, o vereador disse que deu partida no veículo e atingiu a mulher que foi vítima, mas não a atropelou ou arrastou. Na época do crime, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que testemunhas informaram que ele teria passado o carro por cima da vítima.

Ronivaldo deu o próprio relato pela primeira vez: "Infelizmente, num momento de discussão no qual os ânimos se acirraram, dei partida no veículo, acabando por atingir inevitavelmente a F*. Eu não a atropelei e não a arrastei do modo como foi noticiado. Trata-se de um acidente lamentável."

O vereador descreveu que a vítima estava ao lado do veículo, e não na frente, mas ela estaria segurando o limpador de para-brisa. "Ela não estava na frente do carro, estava ao lado do veículo e quando saí, não a vi segurar o limpador, de modo que ela ficou com a mão presa nele e foi isso que a fez cair. Se naquele momento tivesse percebido que a mão dela estava presa, jamais teria saído de lá, pois nunca foi minha intenção machucá-la. Tenho certeza e a consciência tranquila de que não atentei contra a vida dela, em nenhum momento joguei o carro em sua direção."

Retorno

Ronivaldo retornou à Câmara nesta quinta-feira, 28. Ele discursou no início da sessão, no chamado pinga-fogo, e pediu desculpas. Ronivaldo se desculpou com "todas as mulheres", com as vereadoras e vereadores, com a população de Fortaleza à família e à vítima. Também se desculpou com o PT.

"Todo ser humano pode ter um momento de descontrole emocional do qual se arrependerá para sempre, mas nunca tive a intenção de machucá-la." Ele ainda citou a trajetória nas Comunidades Eclesiais de Base, para falar sobre perdão.

Confira a íntegra do discurso:

Primeiramente eu gostaria de lamentar profundamente toda essa situação e antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas a todas as mulheres! Estendo e enfatizo o meu pedido de desculpas a cada uma das minhas colegas e meus colegas vereadores; a cada moradora e morador da cidade de Fortaleza; a minha
família; e, principalmente, desculpas à F*, a quem sempre tive e ainda tenho muita estima e respeito.

Peço desculpas também ao meu partido, no qual milito há 34 anos. O PT foi o único partido que militei e nele aprendi a importância da organização para a emancipação da classe trabalhadora. Graças a ele fui gestor público, parlamentar e, acima de tudo, militante socialista.

Diferentemente do que imediatamente me acusaram e do que foi veiculado de modo ostensivo pela mídia sem que antes apurassem os detalhes do fato, jamais tentei matar a F*. A acusação de tentativa de feminicídio foi um erro e eu sei que isso será sentenciado em breve pela competência do Poder judiciário.

Infelizmente, num momento de discussão no qual os ânimos se acirraram, dei partida no veículo, acabando por atingir inevitavelmente a F*. EU não a atropelei e não a arrastei do modo como foi noticiado. Trata-se de um acidente lamentável.

Para esclarecer, ela não estava na frente do carro, estava ao lado do veículo e quando saí, não a vi segurar o limpador, de modo que ela ficou com a mão presa nele e foi isso que a fez cair. Se naquele momento tivesse percebido que a mão dela estava presa, jamais teria saído de lá, pois nunca foi minha intenção machucá-la. Tenho certeza e a consciência tranquila de que não atentei contra a vida dela, em nenhum momento joguei o carro em sua direção. Como disse e reafirmo, ela estava ao lado e não na frente do carro e é ela própria, com lealdade aos fatos, quem afirma isso. Como disse, estou certo que o desenrolar do processo judicial confirmará que não pratiquei tentativa de feminicídio. Dizer o mais ou o menos que isso é faltar com a verdade. Não me eximo das minhas responsabilidades, na exata medida delas.

Peço perdão por todo esse transtorno causado, mas preciso dizer que esse fato foi um infortúnio, um momento isolado na minha relação com a F* que sempre foi pautada no acordo, no afeto, no respeito e na cumplicidade. Todo ser humano pode ter um momento de descontrole emocional do qual se arrependerá para sempre, mas nunca tive a intenção de machucá-la. Assim que percebi o que houve, voltei à casa dela e sugeri levá-la ao hospital imediatamente. Eu jamais a deixaria sem assistência.Minha formação nas Comunidades Eclesiais de Base CEBS, me ensinou que perdoar tem a ver com o processo de reconstrução. Trata-se de reconhecermos o mal que houve com honestidade de seu impacto em nós mesmos e no outro, admitindo nossa fragilidade e a fragilidade do outro. Por isso, peço perdão publicamente e confesso o meu mais absoluto arrependimento.

Espero que esse acidente não apague minha trajetória de conquistas que começou como presidente da UMES (1988), de todos os dias dedicados à luta dos trabalhadores e das causas populares. Como militante de esquerda, reafirmo os valores humanistas e socialistas que sempre me nortearam, a defesa da igualdade social, de gênero, de raças e de credos. Continuarei na luta contra toda forma de opressão, violência e discriminação.

Tenho certeza e a consciência tranquila de que não sou um agressor, não é isso que me define e que eu não tentei matar a Fernanda. Eu jamais faria isso contra ela ou contra qualquer outra pessoa.

Confio e acredito na Justiça, neste parlamento e na Democracia Brasileira.

Muito obrigado.

* O POVO opta por omitir o nome da vítima

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