Médicos cearenses criticam governo Bolsonaro por insistência em 'kit Covid'

Integrantes do Coletivo Rebento cobraram de estados e União medidas urgentes para frear explosão de casos

Médicos e médicas cearenses integrantes do Coletivo Rebento manifestam, neste sábado, 22, uma nota de repúdio à insistência do Governo Federal em impor, como política pública, o uso de medicamentos sem eficácia contra a Covid-19, o chamado kit covid — que inclui cloroquina, azitromicina e ivermectina. A manifestação ocorre após o Ministério da Saúde rejeitar as diretrizes da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde (Conitec) de não utilização das drogas para tratamento em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) infectados com a doença. 

Na prática, a decisão mantém o País sem uma recomendação oficial de como atender aos pacientes infectados com a Covid-19, após quase dois anos de pandemia. O documento precisaria de aprovação do  secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) Hélio Angotti e, posteriormente, pelo ministro Marcelo Queiroga para incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS).

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"Mesmo com quase dois anos de pandemia e com inúmeras pesquisas que já demonstraram a total ineficácia e os riscos de uso de hidroxicloroquina para pacientes portadores de Covid-19 ou como falsa "medida profilática', o Governo Federal insiste no tema", diz o documento do Coletivo Rebento. 

Segundo representantes da classe médica, a decisão acontece no momento em que o Brasil vive uma explosão de casos de Covid-19 e de Influenza, além de bater recorde de número de casos diários da doença. "Em vez de acelerar a vacinação, defender o distanciamento social, distribuir máscaras PFF-2/N95 como política pública, garantir auxílio emergencial para que quem precisa possa ter condições de se proteger da doença sobreviver com dignidade". 

Nesta sexta-feira, 21, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) também se manifestou contrário às recentes decisões de Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) do Ministério da Saúde. Em nota, a instituição endossou as diretrizes do relatório de recomendação da CONITEC, e disse que, em cenário de epidemia, a alocação de recursos deve ser priorizada "para intervenções com maior certeza de benefício", como o caso de equipamentos de proteção individual, vacinas, intervenções para o suporte ventilatório dos pacientes e terapias medicamentosas com efetividade comprovada.

Os médicos e médicas do Ceará alertaram ainda sobre a gravidade da medida e a necessidade de reverter tal posição do governo federa. Diante do caso, eles pediram uma forte atuação ação do Ministério Público Federal, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e de "todas as autoridades em Saúde Pública, para que a população não mais seja submetida a esse risco - de saúde e de ser induzida a erro, com medicamento que não tem eficácia contra a Covid-19". 

Em função do "imenso perigo representado pela variante Ômicron", Além de apoiar uma "grande mobilização nacional para salvar vidas", nomes da Rebento destacam ainda a necessidade de  ações rápidas e amplas, da União e de todos os estados para a aceleração da vacinação com dose de reforço, inclusive para as crianças. Eles afirmam que a vacinação infantil - questionada por Bolsonaro e aliados - se iniciou "com atraso criminoso de quase um mês". 

"É preciso que seja dito, em alto e bom som, em campanhas de comunicação de massa, que somente uma ação coordenada, urgente e abrangente pode evitar que voltemos a elevadíssimos números de óbitos por Covid-19 - uma doença para a qual já existe vacina e que pode ser evitada, com medidas corretas. É preciso cobrar seriedade contra a pandemia e em defesa da vida", completa a nota. 

 

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