Operação da Polícia Federal sobre Castelão tem Cid e Ciro Gomes como alvos

Ciro Gomes reagiu nas redes sociais: "Braço do Estado policialesco de Bolsonaro levanta-se contra mim". A PF aponta indícios de pagamentos de R$ 11 milhões em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas

O senador Cid Gomes (PDT) e o ex-governador e candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) são alvos de operação da Polícia Federal que investiga suspeita de fraudes nas obras do estádio Castelão, entre 2010 e 2013, para a Copa do Mundo de 2014. Na época, Cid era governador do Ceará. Os dois são alvos de buscas. Em publicação nas redes sociais, Ciro negou envolvimento com corrupção e atribuiu a operação a tentativa do governo Jair Bolsonaro de atingir a pré-candidatura dele, Ciro, a presidente. Outro dos irmãos, Lúcio Gomes, secretário da Infraestrutura, também é citado.

Veja imagens da operação:

A PF aponta indícios de pagamentos de R$ 11 milhões em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Foram quebrados os sigilos telefônico, bancário, fiscal e telemático dos envolvidos.

A operação, batizada de "Colosseum", mobiliza 80 policiais federais e faz parte de inquérito policial que investiga fraudes, exigências e pagamentos de propinas a políticos e servidores públicos em licitação do Castelão.

 

São cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nos municípios cearenses de Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, além de São Paulo, Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). Os mandados buscam mídias digitais, aparelhos celulares e documentos.

ANÁLISE: Não sendo burrice, é desespero

As investigações começaram em 2017, quando foram identificados indícios de pagamentos de propinas para que a empresa Galvão Engenharia vencesse a licitação para a reforma do Castelão para a Copa do Mundo. Conforme apontam as investigações, ao longo das obras de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do estádio, a empreiteira receberia o dinheiro de volta do Governo do Ceará.

A decisão que autorizou a operação foi do juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida, da 32ª Vara Federal do Ceará. Segundo informação da revista Veja, a decisão afirma: "Os empresários realizaram/promoveram pagamentos sistemáticos de propinas, muitas vezes disfarçadas de doações eleitorais, ao então Governador do Estado do Ceará, CID FERREIRA GOMES, e a seus irmãos CIRO FERREIRA GOMES e LÚCIO FERREIRA GOMES, para viabilizar/agilizar pagamentos de obras e serviços de engenharia contratados pelo Governo do Estado do Ceará com a empresa, bem como, previamente, para garantir a vitória da Construtora nos correlatos procedimentos licitatórios, mediante o pagamento de propinas aos advogados que ocuparam sucessivamente o cargo de Procurador Geral do Estado do Ceará — PGE à época dos fatos, FERNANDO ANTONIO OLIVEIRA e JOSÉ LEITE JUCÁ FILHO, tendo ambos funcionado no certame licitatório da Arena Castelão, figurando seguidamente como presidentes da Comissão Central de Concorrências do Estado do Ceará onde tramitou o certame."

Os investigados poderão responder, proporcionalmente à responsabilidade de cada um que for comprovada, pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraudes em licitações, associação criminosa, corrupção ativa e passiva.

O nome da operação, Colosseum, remete em italiano ao estádio Coliseu, localizado em Roma, Itália.

Ciro Gomes se manifestou nas redes sociais:

Até esta manhã eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático.
Mas depois da Policia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.

O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014.

Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo.

Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou.

Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção.

Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pre-candidatura à presidência da republica. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018.

O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim.

Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita.

Nuca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei.

Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão.

NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Ciro Gomes Cid Gomes operação Polícia Federal operação Colosseum governo Jair Bolsonaro eleições 2022

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar