Família de criador do Touro de Wall Street diz que não foi consultada sobre a versão brasileira da estátua na B3

De acordo com informações da BBC News, Jacob Hamer, agente do artista italiano Arturo Di Modica, até fevereiro deste ano, afirmou que ainda não havia sido informado sobre o Touro de ouro da Bolsa de Valores brasileira

A família do artista italiano Arturo Di Modica, criador do Touro de bronze da Wall Street, informou que não foi consultada a respeito da versão brasileira da escultura inaugurada nesta terça-feira, 16, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). As informações são da BBC News.

De acordo com a reportagem, nem o artista plástico e arquiteto Rafael Brancatelli, responsável por construir o “Touro de Ouro”, nem mesmo a B3, chegaram a pedir autorização ao agente do artista ou a familiares de Di Modica.

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O escultor italiano, que faleceu no início de 2021, em decorrência de um câncer, presenteou a cidade de Nova York com sua obra em 1989. O touro, para Di Modica, serviria como um "símbolo da força e poder do povo americano".

Ao jornal, Jacob Hamer, agente do artista até fevereiro deste ano, afirmou que ainda não havia sido informado sobre o assunto. "Você foi a primeira pessoa a nos avisar sobre a existência desse touro em São Paulo", disse. De acordo com Hamer, no entanto, é improvável que a questão acabe judicializada. A família também não revelou se pretende acionar a justiça.

Em resposta, a assessoria da B3 declarou que Brancatelli havia dito “que não existe essa necessidade de consulta porque a obra dele não faz alusão ao touro de Wall Street em relação ao nome, desenho, cores e material".

De acordo com o próprio criador do “Touro de Ouro”, a concepção do projeto foi longa para chegar "a um conceito original e ao design de um touro totalmente brasileiro, com uma expressão representativa da bravura e a coragem do nosso povo", disse Brancatelli, por meio do comunicado da B3. O artista reiterou que a escultura "trata-se de um design original, que não tem a intenção de replicar a obra de outro escultor".

O agente da Di Modica afirmou, por sua vez, que o design do touro paulista “é completamente diferente (do original)”, principalmente se analisado o material utilizado.  “Parece um pouco barato, não é algo bem executado. Eu acho que definitivamente poderia haver processo se a escultura fosse idêntica ao Touro de Wall Street", explicou Hamer. O touro de Wall Street é feito de bronze e pesa cerca de 3,5 toneladas. Já a versão brasileira é composta por um estrutura metálica, coberta com camadas de fibra de vidro e pintada com tinta dourada anticorrosiva.

Contudo, o agente declarou que Di Modica se incomodaria mais com o desvirtuamento do significado original da escultura, do que com a reprodução da ideia em si. "Acredito que Arturo reclamaria que é só mais um golpe de autopromoção que nada tem a ver com o significado da obra original. O Touro dele não é uma ode ao capitalismo”.

“Arturo chegou a ser mendigo em Florença enquanto tentava se viabilizar como artista. Depois veio a Nova York, nos anos 1970, e tinha que coletar materiais nas ruas com suas próprias mãos para as obras. E nos Estados Unidos, ele obteve sucesso, conseguiu viver seu sonho. Então quando há a crise dos 1987, ele queria devolver à sociedade americana a lembrança de sua força e capacidade de sonhar. O touro é sobre isso, não sobre ganhar dinheiro em Bolsa”, explicou Hamer, que também é biógrafo do escultor italiano.

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