Dia da Independência: conheça os mitos por trás do 7 de setembro

Em vez de ser um processo pacífico, a resistência de algumas províncias ao Império Brasileiro exigiu uma série de intervenções militares denominadas de "Guerras da Independência"

O processo de independência do Brasil é retratado em pinturas e livros didáticos como um momento repleto de fatos heroicos e pacíficos. Porém, o que pouca gente sabe é que muitas versões desses acontecimentos do passado e figuras neles retratados foram moldados de acordo com interesses pessoais ou decisões políticas da época, que ajudaram a rechear a história de fraudes e mentiras absorvidas ao longo do tempo.

Com o 7 de setembro não é diferente. Confira os principais mitos que ainda passam pelo imaginário popular: 

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Conflito armado 

Segundo o historiador Weber Porfirio, membro do Grupo Sociedade de Estudos do Brasil Oitocentista (SEBO-UFC), ainda fiéis às autoridades de Lisboa, algumas províncias, por meio de militares, comerciantes, aristocratas, dentre outros, fizeram oposição ao processo de independência do Brasil. “Tivemos, sim, conflitos armados e prolongados, as chamadas "Guerras da Independência". Durante o ano de 1822 a 1823, algumas províncias não aceitavam a independência política do Brasil. Você vai ter o Pará, Bahia, Maranhão, Piauí e Província Cisplatina (correspondia ao atual território do Uruguai)”, destaca.

“Não teve essa pacificidade toda que comumente é difundida. Existiu, sim, um conflito armado que durou meses. Ela [Guerra] acabou em 1823 e, posteriormente, a figura de Dom Pedro I passou a ser questionada pela modo centralizador de governo, o que resultou na Confederação do Equador em 1824. Então, vamos ter na verdade, de 1822 até 1824, um período intenso de conflitos militares e de interesses políticos que prejudicaram uma pretensa harmonia na formação do estado nacional brasileiro", ressaltou o historiador. 

Pontos de conflitos

Piauí: O major Cunha Fidié, Comandante de Armas da província, não aceitou a independência. Mesmo ven­cendo as tropas brasileiras num primeiro confronto, não resistiu à reação popular e ao bloqueio da esquadra de Lord Cochrane.

Maranhão: A Junta de Governo de São Luís recu­sou-se a reconhecer o Império e mobilizou as tropas lusas estacionadas na província. A chegada de Cochrane abateu os ânimos dos portugueses e a província se integrou ao Império em julho de 1823.

Grão-Pará: A luta do povo paraense contra o gover­no fiel à antiga metrópole teve a cobertura do almirante John Greenfell. A vitória brasileira culminou com a prisão dos membros da Junta de Governo, garantindo-se assim a ­incorporação da província e o reconhecimento da autoridade de D .Pedro I.

Cisplatina: Nessa província, que hoje é a República do Uruguai, o Comandante de Armas, D. Álvaro da Costa, não aderiu ao Império, entrando em conflito com o general Frederico Lecor, responsável pela ocupação da área que foi anexada ao Brasil durante o governo de D. João VI. A luta entre as duas facções culminou com o cerco de Mon­tevidéu por Lecor e a rendição dos partidários das Cortes. Nesse momento, os uruguaios, liderados por Antônio La­valleja e Frutuoso Rivera, iniciavam a luta pela sua própria independência, levando à Guerra da Cisplatina.

Bahia: Uma divisão portuguesa comandada pelo general Madeira de Mello continuou fiel ao governo de Lisboa e não reconhecia a autoridade do Imperador. A resistência popular, que se iniciara em meados de 1822, tinha a liderança da elite baiana e contou com o reforço dos mercenários estrangeiros, a partir de 1823. Assim, o almirante Cochrane e o general Labatut foram decisivos para a vitória final dos brasileiros no célebre Dois de julho, data em que se comemora a libertação da Bahia.

“Independência ou Morte”

O quadro “Independência ou Morte”, finalizado pelo pintor Pedro Américo no ano de 1888, é uma das maiores referências ao momento histórico brasileiro. Contudo, historiadores afirmam que alguns elementos presentes na obra não seguem fielmente o que realmente aconteceu. “O quadro é uma representação feita muito tempo depois, então é para dar grandiosidade ao feito, aquela coisa meio apoteótica. Mas, de fato, o que consta é que não foi assim, não teve todo aquele levante de cavalos, não teve aquela coisa épica que consta na representação”, diz Weber Porfirio.

Outro fato é que o pintor da obra não esteve presente na situação, principalmente pelo fato de ele ter nascido quase 20 anos após o ato, em 1843. D Pedro II, sucessor do D. Pedro I, foi quem encomendou a pintura, que só foi feita em 1885. O autor da obra visitou o lugar que foi apontado como local da proclamação e anos depois entregou a obra.

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