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Confira os principais pontos do pronunciamento de Bolsonaro sobre saída de Sergio Moro do Governo

O tom foi de divergência e ataque ao ex-ministro, que anunciou sua demissão após a exoneração do comandante-geral da Polícia Federal, Maurício Leite Valeixo
22:02 | Abr. 24, 2020
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Tipo Notícia

O presidente Jair Bolsonaro durante longa coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira, 24, falou sobre a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O tom foi de divergência e ataque ao ex-ministro, que anunciou sua demissão após a exoneração do comandante-geral da Polícia Federal, Maurício Leite Valeixo.

Confira os principais pontos do pronunciamento de Bolsonaro:

“Não vou dizer que chorei porque estaria mentindo”

“Uma coisa é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar com ela”, disse Bolsonaro inicialmente. O presidente começou lembrando a data que conheceu Sergio Moro, no dia 30 de março de 2017, quando o ex-ministro o ignorou em uma lanchonete.

Ao final, Bolsonaro completou: “Confesso que fiquei triste, porque ele era um ídolo para mim. Não vou dizer que chorei porque estaria mentindo”. Em reclamação sobre a falta de informações da Polícia Federal por parte de Moro, Bolsonaro declarou que sempre “abriu o coração” para o ex-ministro, mas que “duvida” que ele tenha feito o mesmo movimento contrário.

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"Hoje, essa pessoa vai buscar uma maneira de botar uma cunha entre eu e o povo brasileiro. Isso aconteceu há poucas horas", disse, em referência a Moro.

Aquecedor na piscina e implosão do Inmetro

O presidente começou a relembrar de quando sofreu uma tentativa de assassinato na campanha eleitoral e, ao se defender das alegações de que ele tinha tentado interferir na Polícia Federal, o presidente quis proteger seu papel de zelo com a população brasileira: “Desliguei o aquecedor da piscina olímpica da Alvorada. Modificamos o cardápio… mas isso não tem nada a ver. É só pra lembrar que eu tenho preocupação com a coisa pública.”

Logo depois, o presidente citou o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando “que todos os ministros são elo da mesma corrente”. Bolsonaro logo lembrou de quando ele e Guedes “implodiram o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia)” por conta de tacógrafos que seriam modificados no Brasil, e cobrou a presença da Polícia Federal na grande investigação conduzida por ele.

Interferência na PF

Bolsonaro problematizou sobre o que Moro alegava ser uma "interferência" no trabalho da PF e negou solicitar detalhes das investigações. “Eu nunca pedi a ele o andamento de qualquer processo. Até porque a inteligência, com ele, perdeu espaço na Justiça. Quase que implorando informações. E, assim, eu sempre cobrei informações dos demais órgãos oficiais do governo, como a Abin, que tem à frente um delegado da Polícia Federal — afirmou o presidente.

Grande parte do pronunciamento foi dedicado a apontar inconsistências no trabalho do ex-ministro. Bolsonaro disse que pediu relatórios sobre os casos Adelio Bispo, sobre a denúncia do porteiro do condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro (onde vivia o presidente e seus filhos Carlos, Flavio, Jair Renan e Laura), de que Ronnie Lessa passou na casa dele no mesmo dia da morte de Marielle Franco e também sobre o suposto envolvimento de um dos seus filhos, Jair Renan, com um ex-sargento ligado a milícias no Rio.

Caso Marielle Franco

O presidente citou o nome de Marielle Franco ao dizer que a PF estava “mais preocupada” em investigar a morte da ativista do que a facada da qual ele foi vítima. "Será que é interferir na Polícia Federal quase que exigir, implorar a Sergio Moro, quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe. [Pessoas] de bem no Brasil querem saber", disse.

"'Entendo, me desculpe senhor ex-ministro: entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar. Afinal, o autor foi preso em flagrante de delito. mais pessoas testemunharam. Telefones foram apreendidos'", completou.

No Twitter, a fala causou indignação em Anielle Franco, irmã de Marielle. "Minha irmã não é palco pra você ficar jogando a sua cortina de fumaça. Assuma sua incompetência e falta de ética. Não se compare a ela! Marielle tinha e tem o que o senhor não tem: caráter e valores! Nos poupe!", afirmou

Namoro do Filho Renan e falta de proteção à vida da família

Justificando a falta de apoio de Moro e da Polícia Federal no tratamento dos casos envolvendo sua família, o presidente, então, optou por em cena a vida de seu filho mais novo, Renan Bolsonaro. “O meu filho… de 20, 21 anos de idade, quando no caso do porteiro, no caso Adélio, que os ex-policiais teriam ir falar comigo, apareceu que meu filho, o 04, teria namorado a filha desse ex-sargento. Chamei meu filho: ‘abre o jogo’. ‘Pai, eu saí com metade do condomínio, nem lembro dessa menina.”

O presidente também aproveitou para defender uma falta de proteção à sua sogra. “Fiquei sabendo por vocês que a mãe da Sra. Michelle [Bolsonaro, sua esposa] cometeu crime de falsidade ideológica… na sua inocência, ao invés de fazer uma cirurgia plástica para ficar mais jovem, mais bonita, ela resolveu fazer uma cirurgia na certidão de nascimento, diminuir três anos de idade. Esse foi o crime dela”.

Troca no comando da PF após indicação ao STF

O presidente disse que o ex-ministro só aceitava a troca do comandante-geral da Polícia Federal em novembro, depois de indicar Moro à vaga que se abrirá ao Supremo Tribunal Federal (STF). "Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: 'Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal'. Me desculpe, mas, não é por aí”, declarou Bolsonaro.

“Não preciso de autorização para trocar um diretor”

“Não preciso de autorização para trocar nem ministro, quanto mais para trocar um diretor. A lei de 2014 diz que essa indicação é do presidente. Eu abri mão disso porque confiava no Moro”, disse. Em pronunciamento, Bolsonaro negou as acusações de Moro sobre interferência na PF e afirmou que nunca pediu que a Polícia Federal o blindasse.

Mesmo com a defesa, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de um inquérito ao STF para investigar as acusações de Moro. O pedido apura se os de crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça e corrupção passiva privilegiada teriam sido cometidos por Bolsonaro ou se Moro teria cometido denunciação caluniosa ou crimes contra a honra.

Assista ao pronunciamento de Bolsonaro:

Pedido de demissão de Sergio Moro

>> Veja os principais pontos sobre o anúncio de Moro da saída do Governo

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