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Buscando protagonizar oposição, Ciro repete a Bolsonaro: "Ceará vai ser o pior pesadelo dele"

O ex-ministro já havia dito frase similar durante a paralisação de parte da Polícia Militar, em fevereiro
18:13 | Abr. 09, 2020
Autor Carlos Holanda
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Carlos Holanda Repórter
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Tipo Notícia

O ex e já atual presidenciável Ciro Gomes (PDT) endereçou ao presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) fortes críticas na entrevista que concedeu ao portal de notícias UOL via YouTube, nesta quinta-feira, 9. O cearense atribuiu ao capitão militar reservista total incapacidade na tarefa de conduzir o País na travessia da crise do novo coronavírus. Também voltou a acusar o rival político de acumular dinheiro ilícito com funcionários fantasmas durante os 28 anos como congressista na Câmara dos Deputados.

Foi neste contexto que o pedetista lançou mão da mesma estratégia adotada no decorrer da paralisação de parte policiais militares no Ceará, ocorrida em fevereiro deste ano. Ele se referiu ao período na entrevista, inclusive, no que responsabilizou o presidente por “agitar milícia contra o Estado de Direito.”
E adicionou: ”O Ceará vai ser o pior pesadelo dele, e vai ser mesmo, e ele vai me enfrentar até o limite que eu puder, com moral com coerência, com exemplo, não com conversa fiada.”

O movimento de Ciro revela-se permeado de estratégia ao memorar o amotinamento de agentes públicos de segurança ocorrida em fevereiro deste ano. Durante os 13 dias de paralisação, pelo aspecto geográfico da crise, o pedetista radicado no Ceará ocupou inédito espaço de protagonismo no campo de oposição a Bolsonaro.

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Ele disputa o posto sobretudo com os principais líderes do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, com o diferencial de o segundo ainda poder disputar eleições. Apoiado pelo primeiro, em liberdade mas, por ora, com condições somente de ser militante político, condenado que é por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em duas instâncias.

Quando indagado durante os dias de instabilidade na segurança pública, Ciro, na maioria das vezes, nacionalizou o assunto, atribuindo ao presidente uma conduta de incitação a um projeto miliciano que estaria em estágio embrionário no Estado.

O tom do ex-ministro subiu ainda mais após o episódio do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), em Sobral, que envolveu o irmão dele, o senador Cid Gomes (PDT), alvo de dois disparos enquanto acelerava a bordo de uma retroescavadeira na direção de uma grade, onde do outro lado se concentravam vários amotinados.

A energia empregada nos comentários resvalou até mesmo em Capitão Wagner (Pros), a quem chamou de o “miliciano daqui.” O policial da reserva é quem hoje figura como principal adversário do grupo governista liderado por Ciro e Cid na corrida ao Paço Municipal para a sucessão do prefeito de Fortaleza, o ferreiragomista Roberto Cláudio (PDT).

E o pré-candidato Wagner ainda está na condição de principal oponente do ferreiragomismo apesar de a crise ter abalado a relação dele com a própria tropa — parte dela desacreditou no seu poder de comando e o transferiu a Cabo Sabino, este com intenções de voltar à vida pública pelo caminho da Câmara Municipal de Fortaleza.

A tendência é de que Ciro tente colocar o Ceará ao centro do debate nacional sempre que possível, pelas repercussões potencialmente positivas que poderá usufruir politicamente, principalmente em 2022. Antes disso, porém, há a eleição municipal majoritária. Além de quinta maior capital do País e morada de Ciro, Fortaleza é a principal cidade governada pelos pedetistas. Se não apresentar ao eleitor um nome que reúna condições de vencer o pleito, falar do Estado e da Capital nas discussões, se atualmente é bom negócio, pode vir a deixar de ser.

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