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"Falta de decoro e ética", diz presidente do PDT sobre acusações de André Fernandes

André Fernandes disse receber "denúncias diárias" de deputados com relações com facções
08:49 | Jun. 18, 2019
Autor Lucas Braga
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Lucas Braga Repórter do O POVO Online
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Tipo Notícia

O presidente do Partido Democrático Trabalhista do Ceará (PDT-CE), deputado federal André Figueiredo, assinou nota de repúdio sobre denúncia apresentada pelo deputado estadual André Fernandes (PSL) ao Ministério Público do Estado (MPCE). Fernandes dispõe sobre supostas relações de parlamentares com facções criminosas no Ceará.

A denúncia, já protocolada, não possui quaisquer provas e ainda confunde e-sports (modalidade esportiva de jogos eletrônicos) com jogo do bicho. Na ação, Fernandes menciona especificamente o deputado Nezinho Farias (PDT).

Em resposta, Evandro Leitão (PDT) adiantou que o partido está entrando com representação no Conselho de Ética da Casa "para que sejam apuradas as acusações".

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Figueiredo, em nota, diz que as denúncias "infundadas" vão contra a honra e o trabalho político de Nezinho. "Ao se utilizar, de forma leviana, de um projeto que cuida da regulamentação de esportes eletrônicos (e-Sports), fomentador de emprego, renda e inclusão de jovens, o deputado André Fernandes demonstra falta de decoro e compromisso com a ética e a verdade, atacando não só o deputado Nezinho, mas todos os parlamentares que integram a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará e o próprio PDT", completa. 

A Assessoria de Comunicação do MPCE informou, também em nota, que a solicitação de investigação foi encaminhada à Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap), na última sexta, 14, "órgão incumbido da análise dos fatos noticiados", para a adoção das providências cabíveis. "Inicialmente, não foi verificado nenhum dado sigiloso imprescindível à elucidação dos fatos que impeça o acesso à representação formalizada".

A assessoria de André Fernandes foi procurada pelo O POVO Online na noite desta segunda, 17, mas as ligações não foram atendidas. 

Projeto

O curioso é que o projeto citado como indício de relação com facções criminosas recebeu voto favorável do próprio André Fernandes na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Assembleia. Na tarde desta segunda-feira, 17, a revelação do que foi levado pelo deputado ao MPCE causou revolta entre deputados.

Em nota, Nezinho Farias rejeitou a acusação e disse que o projeto destacado “aborda jogos de videogame e não dos jogos de apostas, esse último ilegal e repudiado” pelo deputado. “O objetivo da proposta é incentivar a profissionalização, a geração de emprego e a boa convivência e a cidadania, além da prática educativa, esportiva e cultural por meio dos jogos eletrônicos”.

Entenda

A denúncia de André Fernandes foi apresentada ao MPCE um dia após o deputado ser acionado no Conselho de Ética da Assembleia por falar sobre a existência de deputados ligados a facções na Casa. Parlamentares condenaram o caráter “genérico” das acusações, cobrando que o deputado citasse nomes e detalhasse as acusações. Em resposta, ele protocolou denúncia endereçada ao procurador-geral de Justiça do Estado.

A exceção de correligionários, como Soldado Noelio e Delegado Cavalcante, a maioria dos parlamentares se mostrou favorável a "enquadrar" Fernandes pelas acusações feitas na tribuna, inclusive políticos que integram o bloco de oposição do Governo do Estado.

Presidente da Casa, José Sarto (PDT) caracterizou como "infeliz" a declaração, enquanto Heitor Férrer (SD) afirmou que "não pode ficar o dito pelo não dito". "Se ele não disser (os nomes), está cometendo uma injustiça e uma ilicitude", concorda Salmito Filho (PDT).

“André é deputado de primeiro mandato, mas inexperiência não é sinônimo de irresponsabilidade, de covardia, de jogar acusações ao vento sem comprová-las”, disse o líder do governo na Assembleia, Júlio César Filho (PDT).

Quatro bancadas devem solicitar ao Conselho de Ética exigência que Fernandes apresente os nomes. Presidente do colegiado, Antônio Granja (PDT) explicou que deve ser "um processo longo, que demora mais de três meses". A punição pode chegar a perda de mandato, passando por suspensão de 30 dias ou censuras verbal ou por escrito.

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