China e Rússia apresentam a ONU projeto cessar-fogo neste domingo, 22
Após ataques de bombardeio dos Estados Unidos as instalações nucleares iranianas, China, Rússia e Paquistão apresentam projeto de cessar-fogo a ONU. Brasil expressa preocupação
Neste domingo, 22, governos da Rússia, China e Paquistão anunciaram a apresentação de um projeto de resolução na ONU que propõe um cessar-fogo "imediato e incondicional" na região do Oriente Médio, diante ao conflito entre Irã, Israel e Estados Unidos.
A proposta é anunciada após os bombardeios americanos contra instalações nucleares iranianas e o aumento de alertas internacionais sobre maiores proporções de conflitos.
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O presidente Donald Trump havia sido questionado na sexta-feira, 20, se iria reforçar a suspensão dos ataques do governo de Israel, descartando a opção. No dia seguinte, ordenou ataques americanos contra instalações nucleares do irã.
A situação gerou revolta por parte do governo do Irã, onde o presidente Masoud Pezeshkian (Mazon Pezeiskian), em uma conversa telefônica com o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que os Estados Unidos precisam "receber uma resposta" pelos ataques, as informações são da agência de notícias Irna.
De acordo com uma carta enviada ao órgão máximo da entidade e obtida pelo portal UOL, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, se pronunciou sobre a ofensiva militar americana e criticou os atos. "A República Islâmica do Irã condena e denuncia nos termos mais fortes possíveis esses atos de agressão não provocados e premeditados", escreveu Iravani.
"Sem dúvida, a agressão militar dos Estados Unidos contra a soberania e a integridade territorial constitui uma violação manifesta e flagrante do direito internacional e das normal internacionais peremptórias consagradas na Carta das Nações Unidas", explicou o diplomata.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, solicitou uma reunião de emergência, a terceira convocada a pedido do país desde que Israel coordenou ataques ao território iraniano. Na reunião, convocada pelo Conselho de Segurança da ONU neste domingo, em Nova York, além de discutir a proposta de cessar-fogo, será também cenário de acusações entre os principais envolvidos na escalada militar no Oriente Médio.
"A República Islâmica do Irã solicita urgentemente que o Conselho de Segurança convoque uma reunião de emergência sem demora para tratar desse ato flagrante e ilegal de agressão, para condená-lo nos termos mais veementes possíveis e para tomar todas as medidas necessárias, de acordo com suas responsabilidades estabelecidas na Carta, para que o autor de tais crimes hediondos seja totalmente responsabilizado e não fique impune", escreveu Iravani.
O projeto, proposto pelos russos e chineses, coloca os EUA, um dos membros permanentes do Conselho de Segurança e que tem em suas mãos o poder de vetar a iniciativa, em um palco de tensão e pressão. Entretanto, como a iniciativa acaba de ser lançada, não deverá ser vetada ainda. Segundo os diplomatas, nas próximas horas e dias, o texto passará por uma intensa negociação.
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Diante dos ocorridos, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, além de condenar a "agressão" dos Estados Unidos, acusou Washington de estar "por trás" da operação militar israelense no Irã.
Já no X, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, afirmou em uma postagem que "os acontecimentos desta manhã são escandalosos e terão consequências eternas".
Ainda na rede social, ele acrescenta que o Irã irá se defender "por todos os meios necessários". "Não há linha vermelha que não tenham cruzado. E a última e a mais perigosa aconteceu ontem à noite. Cruzaram uma linha vermelha muito grande, ao atacar instalações nucleares", declarou.
A Guarda Revolucionária, exército ideológico da República Islâmica, também se pronunciou sobre os ataques e ameaçou os Estados Unidos com "represálias que vão lamentar".
Enquanto a Agência de Energia Atômica iraniana afirma que o ataque é "um ato bárbaro que viola o direito internacional", acrescentado que, "apesar das malvadas conspirações de seus inimigos", o Irã "não deixará que o caminho do desenvolvimento desta indústria nacional (nuclear), que é o resultado do sangue de mártires nucleares, seja detido".
Em uma mensagem de vídeo gravada ao Donald Trump, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu agradece ao presidente dos EUA. "Sua decisão audaciosa de atacar as instalações nucleares do Irã com o impressionante e justo poder dos Estados Unidos mudará a história".
"Um ponto de inflexão histórico que pode ajudar a levar o Oriente Médio e além para um futuro de prosperidade e paz", acrescentou. "O presidente Trump e eu dizemos com frequência: a paz através da força", continuou.
"Primeiro vem a força, depois vem a paz. E esta noite, o presidente Trump e os Estados Unidos agiram com muita força", finalizou ele.
Rússia se manifesta e condena os ataques dos Estados Unidos
"A decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, independentemente dos argumentos utilizados, é uma violação grosseira do direito internacional, da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que já classificaram inequivocamente tais ações como inaceitáveis", afirmou o governo de Vladimir Putin, em comunicado emitido neste domingo, 22.
"É particularmente alarmante que os ataques tenham sido realizados por um país que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU", acrescentou.
"As consequências dessa ação, incluindo as radiológicas, ainda não foram avaliadas. Mas já é óbvio que uma escalada perigosa começou, repleta de mais danos à segurança regional e global. O risco de uma escalada do conflito no Oriente Médio, já envolvido em várias crises, aumentou significativamente", alertou Kremlin.
"É claro que o Conselho de Segurança da ONU também deve responder. É necessário rejeitar coletivamente as ações de confronto dos Estados Unidos e de Israel", finalizou.
Brasil expressa grave preocupação após ataques
Conforme a nota divulgada pelo ministério das Relações Exteriores "o governo brasileiro expressa grave preocupação com a escalada militar no Oriente Médio e condena com veemência (...) ataques militares de Israel e, mais recentemente, dos Estados Unidos, contra instalações nucleares, em violação da soberania do Irã e do direito internacional".
Também "ressalta a urgente necessidade de solução diplomática que interrompa esse ciclo de violência e abra uma oportunidade para negociações de paz".
Segundo o Itamarty, "o governo brasileiro reitera sua posição histórica em favor do uso exclusivo da energia nuclear para fins pacíficos e rejeita com firmeza qualquer forma de proliferação nuclear".
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