Monarquia recusa devolver restos mortais de príncipe etíope à família

O Palácio de Buckingham afirma que a repatriação do corpo do príncipe Alemayehu, enterrado em 1879, afetaria o "local de descanso" de outras figuras

O Palácio de Buckingham recusou o pedido de repatriação dos restos mortais do príncipe etíope Alemayehu, enterrado na Capela de São Jorge, na Inglaterra, desde 1879. A solicitação partiu de descendentes da família do jovem na Etiópia.

O assunto já havia sido informado em 2007, quando o então presidente da Etiópia, Girma Wolde-Giorgis, pediu à rainha Elizabeth II a devolução do corpo de Alemayehu ao seu país de origem. Na época, um porta-voz do Palácio se recusou a discutir a demanda.

Em comunicado ao portal da BBC e à revista People, a família real britânica recusou a nova tentativa. “É muito improvável que seja possível exumar os restos mortais sem perturbar o local de descanso de um número substancial de outras pessoas nas proximidades”, disse em nota.

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“É com pesar que não é possível concordar com o pedido, mas nos últimos anos atendemos pedidos de delegações etíopes para visitar (a capela) São Jorge e continuaremos a fazê-lo”, finalizam.

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Monarquia recusa devolver corpo de príncipe etíope: vida de Alemayehu na Inglaterra

O jovem príncipe chegou na Inglaterra ainda durante a infância. O seu pai, o imperador Tewodros II, tirou a própria vida, seguindo uma tentativa frustrada de aliança com o Reino Unido que culminou na captura do filho e da esposa.

Segundo informações da BBC, a situação do órfão atraiu a atenção da rainha Vitória, que decidiu apoiar Alemayehu financeiramente e selecionar um tutor para o príncipe etíope, o capitão Tristram Charles Sawyer Speedy.

Com a impossibilidade de voltar para casa, o jovem morreu aos 18 anos, possivelmente com pneumonia, cerca de uma década após o seu exílio.

"Sinto por ele como se o conhecesse. Ele foi deslocado da Etiópia, da África, da terra dos negros, e permaneceu lá como se não tivesse casa", relatou à BBC Abebech Kasa, descendente da família real etíope.

Em seu diário, a rainha Vitória se declarou “muito triste e chocada” pelo falecimento. “Sozinho, em um país estranho, sem uma única pessoa ou parente pertencente a ele", completou.

Foi a monarca britânica que solicitou o enterro de Alemayehu na capela de São Jorge, localizada dentro do Palácio de Windsor. Com a manutenção da recusa de repatriação, é lá que o príncipe etíope permanece, ao lado de membros da realeza e outras figuras históricas.

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