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"Pária" para os ocidentais, Putin faz pouco caso de isolamento, advertem analistas

18:19 | Fev. 24, 2022
Autor AFP
Tipo Notícia

A invasão da Ucrânia poderia converter Vladimir Putin em um "pária" para a comunidade internacional, mas o presidente russo não teme o isolamento nem a possibilidade de minar a ordem internacional, afirmam especialistas.

As reprovações internacionais se multiplicam desde que as tropas russas invadiram a Ucrânia nesta quinta-feira (24) de madrugada.

"Putin é visto atualmente como a ameaça mais iminente para o nosso sistema de democracia liberal ocidental", destaca o analista Timothy Ash, da empresa de consultoria financeira Blue Bay Asset.

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"É interessante ouvir os dirigentes ocidentais. Há um verdadeiro escândalo e muita emoção. Se sentem decepcionados e ameaçados por Putin", que se transformou "no pária número um para os ocidentais", resume o especialista em nota enviada à AFP.

 

Por conseguinte, "a Rússia poderia afundar em um ostracismo político e econômico sem precedentes e por muito tempo", submetida a sanções extraordinariamente severas por parte dos países europeus e dos Estados Unidos, escreveu em um tweet Comfort Ero, presidente-executiva do International Crisis Group (ICG), especializado na resolução de conflitos.

A Rússia - e, portanto, Putin - vem sofrendo com sanções desde que a Rússia anexou a Crimeia em março de 2014, e pelo envenenamento do opositor Alexei Navalny. Porém, reina a impressão de que nenhuma medida teve qualquer efeito sobre o presidente russo, exceto para aumentar sua intransigência.

"Há cerca de um ano e meio, o Kremlin tem se preparado velozmente para o caso de o Ocidente decidir impor as sanções mais severas possíveis", destaca à AFP a analista Tatiana Stanovaia, fundadora do R.Politik, um centro que se define como independente.

Putin "considera que as sanções não têm como objetivo impedir a agressão russa, mas frear o desenvolvimento da Rússia", acrescenta.

 

E a Rússia espera um "conflito de longa duração com o Ocidente", adverte Stanovaia.

Diante de tal eventualidade, faz tempo que Moscou começou a encher o cofre, em particular com reservas em divisas.

"As abundantes reservas em divisas estrangeiras da Rússia [cerca de 640 bilhões de dólares], o aumento dos preços do petróleo e a baixa relação entre dívida e PIB permitiriam à Rússia se contrapor ao impacto direto das sanções, inclusive se tiver que enfrentar uma recessão no longo prazo", tuitou o analista do fundo de investimento britânico ICG, Oleg Ignatov.

Contudo, essas medidas poderiam transformar a Rússia em um mercado "pária, inviável para os investidores", afirma Timothy Ash, mencionando a queda da bolsa russa nesta quinta-feira.

Um debacle que o Kremlin afirma ter "previsto". "Para que este período 'emocional' seja o mais breve possível, foram tomadas todas as medidas necessárias", assinalou o porta-voz Dmitry Peskov.

O Kremlin também minimizou as consequências diplomáticas da invasão russa. "Certamente, poderemos ter problemas com alguns Estados. Mas já tivemos problemas com esses Estados antes inclusive" desta operação, assinalou Peskov.

 

Segundo Comfort Ero, a invasão da Ucrânia "não é somente uma crise de segurança europeia". "As repercussões desta guerra para a segurança global serão graves e duradouras", adverte.

"Evidentemente, a Rússia se transformará em um pária durante algum tempo", prevê Alexander Baunov, analista do grupo americano Carnegie em Moscou. "Quanto mais durar esta operação, mais vínculos e compromissos econômicos entre a Rússia e outros países se romperão", avalia.

Isolado diplomática e economicamente do Ocidente, Putin poderia se aproximar de outros países, como China e Irã, que até agora se mostraram reticentes a condenar a Rússia. Inclusive, o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, se encontrava nesta quinta-feira em visita a Moscou.

Pequim, por sua vez, afirmou nesta quinta-feira que "entende as preocupações" de Moscou, enquanto Teerã denunciou as "provocações" da Otan como a raiz do conflito russo-ucraniano.

E o Kremlin poderia contar, em algum momento, com a China em um eventual papel de mediador, prevê Timothy Ash.

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