Pista de motocross é instalada dentro de unidade de conservação em Fortaleza

Pista de motocross é instalada dentro de unidade de conservação em Fortaleza

Prefeitura diz que não recebeu denúncias formais. Área de preservação foi criada em 2016 e não tem plano de manejo
Atualizado às Autor Alexia Vieira Tipo Notícia

Um circuito informal de motocross foi instalado dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Professor Abreu Matos - terreno próximo à avenida Oliveira Paiva, no bairro Cambeba. Segundo comerciantes do entorno, a pista feita dentro da unidade de conservação é utilizada semanalmente por motoqueiros.

Procurada, a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) informou por meio de nota que não há “denúncia formal sobre atividades irregulares na Arie Professor Abreu Matos relativa a práticas esportivas”.

Imagens de drone feitas pelo O POVO no início de outubro mostram que o circuito foi feito no meio da vegetação herbácea do local.

Vídeos feitos por um grupo que realizava uma trilha ecológica no local no sábado, 1º, flagrou motoqueiros utilizando a pista. Os homens usam roupas de proteção e motocicletas especiais para a prática de motocross.

VEJA VÍDEO:

 

Leonardo Jales, membro do grupo Percursos Ecológicos, disse que a situação foi denunciada para a Guarda Municipal no sábado. “Assim que eles saíram, a Guarda chegou. Foi cerca de 10 minutos depois”, afirma.

Segundo a Agefis, uma equipe será enviada ao local nos próximos dias para verificar a ocorrência. A agência reitera ainda que é necessário que haja flagrante para que medidas possam ser adotadas.

A degradação ambiental de áreas de conservação é considerada uma infração grave, conforme o artigo 764 do Código da Cidade (Lei Complementar Municipal nº 270/2019). O responsável fica sujeito a multa simples, reparação, reposição ou reconstituição da área afetada.

Comerciantes escutam movimento das motos semanalmente

“Acho que foi eles mesmos que fizeram (a pista). De uns dois meses pra cá que eu escuto. E devem ser mais de cinco (motoqueiros) pelo barulho”, diz o comerciante e morador do local Francisco Orley.

Ele relata que é possível ouvir a movimentação das motos todas as semanas a partir de quinta-feira, se intensificando no fim de semana. “Sábado começa cedo, umas 14h, e vai até de noite”, conta.

O mecânico Bruno da Silva, que também trabalha na Oliveira Paiva, disse nunca ter visto o grupo, apenas escutado durante as tardes. “Eu não sei onde é a entrada [do terreno para a pista], mas deve ter”, relata.

Grades roubadas, entulho e descaso

Jales reclama da falta de fiscalização da Arie Professor Abreu Matos, criada em 2016 pela lei nº 10.537. O local tem 188.371,5 metros quadrados e é uma das únicas áreas com espécies remanescentes do cerrado em Fortaleza. O Plano de Manejo da unidade nunca saiu do papel.

“Antes havia uma cerca em toda a área, mas foi roubada. A população joga entulho, muito lixo lá dentro. Existe a presença de pessoas em situação de rua morando lá”, diz.

Questionada sobre essa situação, a Agefis afirmou ainda que deve autuar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), proprietária do terreno, para refazer a cerca no prazo legal de 45 dias.

“Conforme determina o Art. 871 do Código da Cidade, é considerada infração leve deixar de construir, de conservar ou recompor fechamento em terrenos vagos, subutilizados ou com construções em ruínas, sujeito a multa simples, reparação, reposição ou reconstituição do fechamento”, diz a agência.

Procurados, os Correios afirmaram por meio de nota que têm reportado aos órgãos de segurança a ocorrência de depredações ao cercamento do terreno. “Os custos da estatal com a recomposição da cerca metálica para o fechamento do local foi de mais de R$ 150 mil ao longo dos últimos anos”, disse.

A empresa informou que enviou um ofício à Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) de Fortaleza pedindo para instalar um muro de alvenaria. A medida, segundo a estatal, evitaria o acesso indevido e o acúmulo de resíduos. Os Correios aguardam a resposta da Prefeitura.

Terreno ao lado de área de conservação vai virar residencial

Ao lado da Arie Professor Abreu Matos, será construído um residencial. A empresa responsável pela construção, Idibra, recebeu autorização da Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) para a supressão de 18 árvores e 3 mil metros quadrados de vegetação herbácea.

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