Moradores teriam sido expulsos do Cidade Jardim por terem parentes no CV

Expulsões teriam sido ordenadas por integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP), que visam impedir que o Comando Vermelho passe a atuar no residencial

19:00 | Out. 15, 2025

Por: Lucas Barbosa
Pichação alusiva à facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) no residencial Cidade Jardim I, localizado no bairro José Walter, em Fortaleza (foto: Reprodução/Redes Sociais)

Os moradores expulsos de suas casas nessa segunda-feira, 13, e nessa terça-feira, 14, no residencial Cidade Jardim I, no bairro José Walter, em Fortaleza, seriam parentes de integrantes da facção criminosa Comando Vermelho (CV).

É o que consta no Auto de Prisão em Flagrante (APF) de Matheus Teotônio Aguiar, de 30 anos, preso na segunda sob suspeita de ser um “olheiro” do Terceiro Comando Puro (TCP). Seria ele o responsável indicar aos faccionados quem deveria ser expulso do conjunto habitacional.

Quatro vítimas compareceram ao 8º Distrito Policial (DP) e reconheceram Matheus como um dos envolvidos nas expulsões. Também foi dito que ele forneceria armas e munições para os integrantes do TCP e promoveria festas para os faccionados.

Duas das pessoas expulsas de casa afirmaram que, na noite de sexta-feira, 10, ouviram pessoas gritando que elas teriam 24 horas para sair de casa. Os moradores, então, deixaram o local e, na segunda, acionaram a Polícia Militar para escoltar a mudança de seus bens.

Ainda de acordo com os depoimentos, a expulsão se deu no contexto da tentativa por parte do CV de dominar o Cidade Jardim. Com isso, os faccionados do TCP resolveram expulsar do residencial os moradores que teriam familiares do CV.

Ainda de acordo com as vítimas, Matheus costuma atender os policiais que vão ao Cidade Jardim I, repassando informações falsas aos agentes. “Ele se passa por cidadão e fica dizendo aos policiais que os apartamentos em que as pessoas foram expulsas não tem nenhum faccionado dentro”, disse uma delas.

“(...) Depois que os policiais vão embora, ele avisa aos amigos faccionados para que eles ocupem os apartamentos, pois os policiais achavam que não tinha faccionado nesses apartamentos”. Além de Matheus, as vítimas ainda listaram outros chefes do TCP que estariam por trás das ameaças.

Suspeito nega os crimes

Matheus negou ter qualquer tipo de ligação com facções. No 8º DP, ele se apresentou como líder comunitário, disse já ter trabalhado como assessor de um vereador e que as vítimas teriam “raiva” dele por questões políticas.

Ele também afirmou que as pessoas que o acusaram são envolvidas com o crime organizado e são parentes de um traficante de drogas. Matheus ainda se disse “revoltado” com as denúncias, “pois se considera cidadão e trabalhador”.

Ele também negou fornecer armas de fogo a faccionados. Matheus confirmou ser Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), mas afirmou que teve a arma de fogo de sua propriedade furtada.

Matheus foi autuado na Lei de Organizações Criminosas (Lei nº 12.850/2013). Em audiência de custódia realizada nessa terça-feira, ele teve a prisão preventiva decretada.