Uece tem patente de larvicida natural contra mosquito da dengue

Uece recebe patente de larvicida natural contra mosquitos que transmitem a dengue

A descoberta representa um avanço na chamada "química verde", ao oferecer uma alternativa sustentável aos inseticidas sintéticos tradicionalmente usados

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) conquistou sua sétima carta-patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) com a invenção de um larvicida natural desenvolvido a partir das sementes da fruta biribá (Annona mucosa - Jacq.).

O produto se mostrou eficaz contra as larvas do mosquito Aedes aegypti e do Aedes albopictus, popularmente chamado de mosquito-tigre-asiático, conhecidos por transmitirem doenças como dengue, chikungunya e zika.

A pesquisa foi coordenada pela professora e líder do Laboratório de Química de Produtos Naturais da Uece, Selene Maia de Morais, em parceria com o seu orientando, na época doutorando em Biotecnologia, Alzeir Machado Rodrigues; e contou com a participação da estudante de iniciação científica em Química, Alice Araújo da Silva. 

A descoberta representa um avanço na chamada “química verde”, ao oferecer uma alternativa sustentável aos inseticidas sintéticos tradicionalmente usados. Para a professora Selene Maia, o diferencial está em interromper o ciclo de transmissão ainda na fase larval, pois enquanto o fumacê mata os mosquitos adultos, as substâncias extraídas das sementes atuam diretamente na água, eliminando as larvas.

Foram isoladas duas substâncias chamadas acetogeninas (rollinicina e rolliniastatina-1), que apresentaram um desempenho larvicida superior a outros larvicidas naturais já conhecidos. Segundo Alzeir, o desempenho foi aproximadamente 100 vezes mais letal contra mosquitos do que o óleo essencial de cravo-da-índia, e aproximadamente 200 vezes mais letal do que o óleo essencial de marmeleiro.

Além da eficácia, a equipe destaca a segurança ambiental, pois as sementes usadas são geralmente descartadas em feiras, um subproduto sem valor comercial. A formulação é de origem natural, reduzindo os riscos ambientais e os testes não apresentaram toxicidade significativa.

Para Azair,a concessão da patente é um marco em sua trajetória científica. “Além de proteger a inovação, é um marco importante para mim como pesquisador, pois mostra que nosso trabalho pode gerar impacto prático e contribuir para soluções em saúde pública. Além disso, é a consolidação de um trabalho que já dura mais de uma década”, conclui.

O reitor da Uece, professor Hidelbrando Soares, comemorou a conquista, classificando-a como reflexo da maturidade acadêmico-científica da instituição. “Com esta carta-patente, a Uece reafirma, mais uma vez, a sua força na pesquisa e na inovação, atuando de forma profundamente articulada com as demandas da sociedade e em sintonia com a pauta ambiental, na qual a Universidade também tem se destacado”, disse.

A patente, válida por 20 anos, abre perspectivas de parcerias para produção em escala industrial. De acordo com a professora Selene, a biodiversidade regional amplia as possibilidades de aplicação, já que o biribá é abundante no Pará, e no Ceará existe uma espécie similar, o araticum do brejo, que pode ser usado em reflorestamento costeiro e também na produção do larvicida.

O trabalho também foi publicado em periódico científico internacional e contou com o apoio da Agência de Inovação da Uece (Agin), responsável pelo acompanhamento do processo de registro, garantindo a proteção jurídica da inovação desenvolvida.

A pesquisa pode ser acessada clicando aqui.

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