Encontro estadual discute alfabetização de jovens e adultos na periferia do Ceará

Cerca de 200 pessoas se reúnem neste fim de semana para fortalecer a troca de saberes e ampliar o compromisso coletivo das organizações no combate ao analfabetismo

11:23 | Ago. 16, 2025

Por: Bárbara Mirele
A iniciativa é resultado da articulação de movimentos populares, como o MST, o Levante Popular da Juventude e o Movimento Brasil Popular, em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a UFPE (foto: Reprodução/Erberson Ribeiro)

Fortaleza recebe entre 15 e 17 de agosto o Encontro Estadual de Formação de Educadores/as da Jornada de Alfabetização de Jovens e Adultos nas Periferias do Ceará. O evento ocorre no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto, no bairro São João do Tauape.

O objetivo do encontro é fortalecer a troca de saberes, ampliar o compromisso coletivo das organizações no combate ao analfabetismo e inspirar práticas de educação emancipada voltadas à população jovem e adulta das periferias.

O evento reúne cerca de 200 pessoas, entre elas educadores e coordenações políticas e técnicas do projeto de periferias de Fortaleza.

A ação é realizada por três grupos: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Levante Popular e Movimento Brasil Popular, em parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE).

A programação conta com atividades voltadas ao aprofundamento do método “Sim, Eu Posso!” e debates sobre educação popular, alfabetização no Brasil e desafios nas periferias.

O evento também conta com oficinas, rodas de conversa, momentos de mística, grupos de trabalho, formação em recursos tecnológicos e atividades culturais também fazem parte da programação.

Para Luz Marin, da coordenação do Projeto Mãos Solidárias, principal ação do evento, a Jornada Nacional de Alfabetização nas Periferias nasce de uma necessidade concreta do nosso povo.

“Ainda convivemos com índices inaceitáveis de analfabetismo. O Ceará mostra a contradição do Brasil, mesmo com bons resultados no ensino fundamental e médio, o número de jovens e adultos não alfabetizados segue alto. Por isso, os movimentos sociais abraçaram a tarefa de fazer das periferias territórios livres do analfabetismo”, afirma Luiz em nota enviada à imprensa.

Ele ressalta a importância da ocupação dos espaços nas comunidades e do método cubano implementado.

“Toda comunidade pode virar sala de aula: garagens, associações, centros culturais, casas. Quando a aula chega onde o povo está, a política pública ganha rosto e resultado. O método cubano ‘Sim, Eu Posso’ é uma ferramenta comprovada, que já erradicou o analfabetismo em vários lugares”, acrescenta.

Ele continua: “No Brasil, tivemos campanhas importantes, especialmente com o MST, e hoje seguimos somando forças com diversos movimentos para erradicar o analfabetismo nas periferias brasileiras”.

Evento beneficia mais de duas mil pessoas em Fortaleza

Em 2025, a Jornada Nacional de Alfabetização nas Periferias já alcança todos os estados do Nordeste, além de São Paulo e Minas Gerais. Em Fortaleza, são 150 turmas espalhadas entre mais de 65 bairros, envolvendo cerca de 2.500 pessoas.

A iniciativa é resultado da articulação de movimentos populares, como o MST, o Levante Popular da Juventude e o Movimento Brasil Popular, em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a UFPE.

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), o Ceará enfrenta índices de analfabetismo de 11% no estado e de 5% na Capital.

As aulas estão previstas para começar na segunda-feira, 18, e segue pelos próximos seis meses, mobilizando jovens, adultos e educadores de toda Fortaleza.

A expectativa é de impulsionar processos formativos e fortalecer a construção coletiva de uma educação popular voltada à superação do analfabetismo e à promoção de direitos sociais nas periferias.