Festa de Iemanjá demostra a tradição dos terreiros na Praia do Futuro
Festejos iniciaram na tarde de quinta-feira, 14, e seguem durante esta sexta-feira. Terreiros se reuniram na faixa de areia para seus rituais
A Festa de Iemanjá ocorre nesta sexta-feira, 15, em diversos pontos do litoral de Fortaleza. Na Praia do Futuro, os terreiros começaram a chegar ainda na madrugada e cerca de 20 grupos se reuniram para exaltar a mãe dos orixás.
Na sua sexagésima edição, o evento deste ano tem como tema "Festa de Iemanjá: 60 anos de amor, luta e fé".
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A chegada da imagem da orixá foi por volta das 9 horas e 40 minutos, trazida pela equipe da União Espírita Cearense de Umbanda. Assim, o cortejo partindo do terreiro não aconteceu e todos se reuniram na praia.
O evento tem o apoio da Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secretaria Municipal da Cultura (Secultfor), em parceria com o Instituto Cultural Iracema, e da Coordenadoria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coppir). As instituições disponibilizaram um palco para as atrações, onde ocorreram shows a partir das 10h30min.
No entanto, durante a manhã os grupos preferiram se reunir na faixa de areia, e cada terreiro prestar seus rituais e oferendas à Mãe Iemanjá.
Terreiros de todo o estado se fizeram presente para a festa, que abrangeu municípios como Crateús, Itaitinga, Fortim, Iguatu, Quixeramobim e Tauá.
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O evento contou com o policiamento do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), que além de combaterem assaltos ou furtos, estava em alerta para casos de intolerância religiosa, considerado crime pela lei n.º 7.716/1989.
Festa de Iemanjá exalta a tradição ancestral da Umbanda
Os festejos completam 60 anos em 2025 e são considerados Patrimônio Imaterial de Fortaleza desde 2017. Mais do que uma celebração anual, a Festa de Iemanjá representa as tradições e a ancestralidade de um povo.
É ainda um momento em que “pode-se expandir, mostrar ao público a fé”, afirma mãe Dulcimar, do Centro de Umbanda São Jorge Guerreiro.
A religião é originalmente ligada aos iorubás, um povo que habitava a África Ocidental, nos territórios atuais de Togo e Nigéria. Foi trazida ao Brasil pelos escravizados, que encontraram nela sua forma de resistência.
Essa resistência é bem salientada pela mãe Tecla do Caboclo de Beira-Mar. Ela relembra quando começou a frequentar os festejos, aos cinco anos de idade, na década de 1960:
“Quando eu tinha cinco anos, participava com a minha mãe, em uma mata escura, pois éramos presos por realizar nossos rituais”.
Outra representante da persistência desse ato é mãe Mocinha, de 82 anos. Nesta sexta-feira, ela acompanhou o carro com a imagem de Iemanjá até o local da praia onde ela seria exposta, como fez nos 60 anos em que esteve na Umbanda.
A tradição também é percebida na forma como os terreiros se expressam nas areias da praia. Cada grupo montou seu espaço, com suas imagens e oferendas, e apresentou cantos e danças em homenagem a Iemanjá, principalmente com bebidas e alimentos.
Esses grupos cercados remontam a tradições da década de 1960 e 1970, as quais costumavam ter a mesma forma de organização na festa. Ainda, no período da manhã não houve oferendas no mar. O momento estava marcado mais para o fim da tarde.
Antonio Wesley Lira de Sousa, 33, participa da Festa de Iemanjá há mais de 20 anos. Ele explica que cada oferenda dedicada à orixá corresponde a um pedido de seus filhos e revela a importância do momento para ele.
"É um momento de agradecer e de relembrar os nossos antepassados, então é uma alegria enorme estar aqui", afirma.
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