"Usou o carro como uma arma", diz irmã de jovem atropelado e morto por empresário
Irmã de Kauã Guedes, de 18 anos, diz que a vítima teve oito paradas cardíacas
A jovem Brenda Silva, irmã mais velha de Kauã Guedes, de 18 anos de idade, recebeu a informação do acidente que vitimou o jovem na noite da quarta-feira, 18, véspera de feriado, com surpresa. O irmão havia ido com um colega, na motocicleta, com destino a um fast food na Beira Mar, em Fortaleza, e voltava para casa pilotando o veículo quando foram colhidos por uma caminhonete Ranger.
Inicialmente, a família pensou se tratar de um acidente sem gravidade.
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"Um rapaz pegou o telefone dele lá no local e entrou em contato e ligou para minha mãe. A gente achava que não era nada sério pois a gente escutava ele pedindo ajuda. Quando a família chegou lá viu a gravidade do acidente. Ele ficou preso nas ferragens, os bombeiros retiraram e levaram para o IJF. Ele teve oito paradas cardíacas", afirma.
Conforme familiares, Kauã chegou no hospital muito agitado e perdendo sangue, chegando a receber transfusão. "A perna dele foi esfacelada. Ficou nos aparelhos e no dia seguinte foi constatado o óbito", descreve a irmã.
A família da vítima destaca que além dele outro colega, que estava na garupa, ficou ferido e passou por cirurgias no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro de Fortaleza. O jovem não sabe da morte do amigo e tem lapsos de consciência em alguns momentos. Não há previsão de alta.
Brenda destaca que o irmão possuía carteira de habilitação e transitava com 18 quilômetros no momento do acidente.
Já o motorista da caminhonete que colheu a motocicleta estaria em alta velocidade e quase teria colidido com um casal de médicos que ocupava um automóvel.
Os médicos estavam com crianças no veículo e chegaram a confrontar o motorista da caminhonete e questionar sobre estar alcoolizado, segundo testemunhas informaram à família.
"A gente quer Justiça. Ele ia matar quem viesse e por infelicidade do destino foi meu irmão que estava passando na hora. Ele usa o carro como uma arma", lamenta a irmã.
Kauã havia concluído o ensino médio e planejava estudar para concursos. Ele ajudava a mãe, que está em tratamento oncológico. E era um rapaz querido por todos.
Motorista solto em audiência de custódia estava com cocaína dentro do carro
O motorista Rafael Elisiário é um empresário e estava conduzindo a Ranger no momento do acidente. Ele foi detido, mas liberado em audiência de custódia. No momento do acidente ele foi autuado pela lesão corporal e foi liberado durante audiência de custódia após pagar fiança. No dia seguinte, Kauã morreu.
Conforme os autos, os policiais militares verificaram a existência de cerveja, cocaína e medicamentos no interior do automóvel. A família realizou uma manifestação nesta segunda-feira, 23, pedindo por Justiça.
Brenda afirma que o motorista que causou o acidente, avançando a preferencial, não procurou saber como estava o sobrevivente ou prestou qualquer ação de solidariedade. Ela afirma que a família fez uma página nas redes sociais pedindo por Justiça e que foram acionados por advogados para que retirassem as fotografias do empresário.
Defesa diz que empresário permaneceu no local e prestou auxílio
A defesa do empresário Rafael Ferreira informou que após o acidente ele permaneceu no local durante todo o atendimento prestando auxílio e colaborando com a Polícia Militar. "Não houve tentativa de fuga ou qualquer tipo de omissão", destaca a nota.
A defesa ainda divulgou manifestar profundo pesar pela "fatalidade", especialmente pela perda de um dos ocupantes da motocicleta. E expressou solidariedade pela recuperação do segundo ocupante.
Sobre a concessão de liberdade, o advogado João Victor Duarte pontuou que a liberdade provisória foi pautada na legalidade e na ausência de qualquer elemento que justificasse prisão cautelar. Rafael possui endereço e profissão conhecidos.