Loja de enxovais é condenada a pagar indenização após constrager cliente

A cliente alegou que estava passeando pela loja quando uma prateleira caiu e a funcionária da loja insinuou que a culpa tinha sido dela

Após ser acusada de causar danos a uma loja localizada em um shopping de Fortaleza, Fábia Rejane Leitão, de 43 anos, obteve na Justiça o direito de receber R$ 10 mil de danos morais da loja Narciso Enxovais.

Ao O POVO, ela relatou que, em março de 2023, estava passeando com a filha no North Shopping Fortaleza, localizado na avenida Bezerra de Menezes, por volta do meio-dia, para comprar um livro para a filha, que na época tinha 11 anos.

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“O Shopping tem duas entradas e resolvemos entrar pela loja Narciso Enxovais. Dentro da loja percebo alguns produtos em promoção e resolvo comprar. Uma vendedora aproximou-se e ofereceu um carrinho para eu pôr os produtos que iria comprar e eu agradeci”, relata.

Fabia diz ainda que a atendente trouxe um carrinho muito grande e por isso pediu para trocar, já que ela não levaria muita coisa e não se sentia confortável em andar com um carrinho muito grande em um local com corredores apertados.

Quando a atendente retornou com o carrinho, começou a colocar as coisas dentro e a filha passou a empurrá-lo enquanto ela observava os produtos. “Foi aí que passei por uma prateleira e ela simplesmente arriou em meus pés, mesmo sem que eu tocasse nela. O barulho foi muito alto e eu me assustei. Minha reação foi logo levantar meus braços e dizer que não toquei em nada”, disse.

Um funcionário da loja a indagou e perguntou o que a ela tinha feito. A cliente respondeu que nada e reclamou pois o incidente poderia ter machucado uma pessoa de forma séria, visto que a prateleira era muito pesada e tinha coisas de vidro. Prestes a sair de onde estava, o funcionário a impediu e disse que ela só sairia dali quando as imagens das câmeras fossem analisadas.

A gerente da loja foi até o local do ocorrido e perguntou o que aconteceu. Quando Fabia explicou, foi questionada pela funcionária, que disse que há anos que a prateleira estava lá e isso nunca tinha acontecido.

“Ouvir aquilo me deixou angustiada, chateada, indignada! Nesse momento começo a filmar e dizer que jamais tinha passado por uma situação tão vexatória e injusta. Foi quando olhei para minha filha e a vi acuada no canto da coluna e com os olhos cheios de lágrimas, querendo sair daquele local sem poder. Então peguei na mão dela e a trouxe pra perto de mim”.

Assim como o funcionário, a gerente não permitiu que ela saísse do local até que as imagens fossem conferidas. Quando as imagens foram checadas, eles informaram que era impossível saber o que estava acontecendo pois as câmeras não haviam registrado o momento.

“Eu fiquei muito indignada, pedi para ver as imagens também, pois queria que eles de alguma forma se retratassem e pedissem desculpas pelo que nos fizeram passar, mas eles disseram que não permitiam que eu visse. Resolvi ligar pra minha mãe e contar o que eu e minha filha estávamos passando dentro daquela loja; a primeira coisa que minha mãe me perguntou foi se a gente se machucou”, descreve.

“Foi então que percebi aí a discriminação e o preconceito vindo da parte deles. Minha filha morena, eu de chinelos e short, estava na cara que pra eles não éramos ninguém! Eles olhavam desconfiados pra gente e tudo fez sentido. Fiquei enojada e tirei minha filha daquele lugar! Minha filha, até hoje, não consegue passar por lá”, complementa.

Segundo o advogado que representa Fábia, Alysson Castro, a vítima o procurou após se sentir constrangida ao ser impedida de sair da loja após a queda de uma prateleira perto de onde elas estavam. “Os colaboradores da loja ainda insinuaram que elas deveriam pagar pelos prejuízos. Solicitamos a câmera e não liberaram. Ajuizamos a ação, perdemos em primeiro grau mas em segundo obtivemos êxito”, explicou o advogado.

"A vitória nesse processo demonstra que a justiça foi feita e reafirma a importância de proteger os direitos dos consumidores contra práticas abusivas e constrangimentos ilegais. Sempre acreditamos na legitimidade das reivindicações de nossa cliente e essa indenização não só compensa o constrangimento sofrido, mas também serve como um alerta para que situações como essa não se repitam”, comemorou Castro.

O que diz a loja sobre o caso

O POVO procurou a loja Narciso Enxovais, envolvida no processo e em resposta, a representação jurídica da loja informou que estão a disposição para que se possa chegar em uma conciliação de forma célere.

Informaram também que a autora conseguiu a decisão favorável em segunda instância com o valor de R$ 10 mil após a primeira proposta, no valor de R$ 30 mil, que foi negado. O resultado ainda não é definitivo. 

Confira nota da loja na íntegra:

"A ação foi julgada improcedente no primeiro grau, a parte interpôs recurso e conseguiu a reforma da decisão, restando fixada a indenização no valor de R$ 10.000,00 e já recorremos dessa decisão, portanto o processo ainda não transitou em julgado, o resultado pode ser modificado. No entanto, se o resultado permanecer dessa forma iremos cumprir a determinação. Inclusive estamos à disposição para conciliar com a parte e resolver da maneira mais célere."

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