Facção teria praticado 13 homicídios em comunidade da Aerolândia em 2023 e 2024

Dois suspeitos de ocupar cargos de comando na organização criminosa foram presos em fevereiro pela Polícia Civil. Eles negam envolvimento nos assassinatos

Membros de uma célula da facção criminosa Comando Vermelho que age na comunidade do Areal, no bairro Aerolândia, em Fortaleza, são investigados por, pelo menos, 13 homicídios registrados na região em 2023 e 2024. Homens apontados como tendo cargo de comando no grupo criminoso foram presos.

Em 19 de abril último, a Justiça recebeu denúncia do Ministério Público Estadual (MPCE) contra quatro pessoas pelo assassinato de um homem de 20 anos, identificado como José Relrisson da Silva, em 5 de setembro de 2023.

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Conforme investigação da 7ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a vítima estava trabalhando retirando restos de uma obra no Centro de Inclusão Tecnológica e Social (CITS), na rua Monte Cristo, quando foi abordada por um grupo de pessoas que empunhava arma de fogo e pedaços de pau.

Os criminosos passaram a questionar em qual bairro Relrisson morava e ordenaram que ele mostrasse se tinha tatuagens. Em seguida, apossaram-se do celular dele dizendo que iriam “checar informações”.

“Ato contínuo o grupo decidiu por arrebatar a vítima JOSÉ RELRISSON, o qual foi arrastado pelo grupo criminoso”, afirma denúncia do MPCE. “JOSÉ RELSISSON foi então levado para as margens do Rio Cocó, local onde foi executado por disparos de arma de fogo”.

Conforme o MPCE, a motivação do crime seria o fato da vítima morar em um bairro com atuação da facção Massa Carcerária. Pelo crime, são réus: Jonathan da Silva, o “D'Moca”, de 21 anos; Lucas Martins, o “Lucas Cagão”, de 19 anos; Pablo Matias Oliveira, de 23 anos; e Diego da Silva, de 24 anos. Um adolescente também teria participado da execução.

Os nomes de Jonathan, Lucas e Pablo apareceram na segunda fase da operação Quebrando a Banca, da Polícia Civil, ao lado de outros sete homens. Conforme a investigação, Lucas é o chefe do grupo que age no Areal, enquanto Pablo, Jonathan e um quarto homem integram o “Tribunal do Crime” imposto pela facção na região.

“A lei do silêncio, através de intimidação e ameaça, é a ferramenta mais utilizada na área (os moradores até querem ajudar, mas sentem muito medo)”, consta em relatório elaborado durante a operação.

“Nessa linha de raciocínio conclui-se, portanto, que os homicídios que acontecem na região passam necessariamente pela anuência dos autores citados acima, de modo que não há como ter um nenhum tipo de crime na região (roubo, tráfico e mortes) sem a permissão de LUCAS CAGÃO e seu conselho de sentença/executores (PABLO, MYKE e DMOCA)]”.

Lucas e Pablo foram presos em 6 de fevereiro por força de mandado de prisão preventiva. Na ocasião, policiais da 6ª e 7ª delegacias do DHPP apreenderam com Lucas uma pistola calibre .40 e vários papelotes contendo substância semelhante à cocaína.

Em depoimento, tanto Lucas, quanto Pablo negaram envolvimento em homicídios ocorridos na região. Sobre as drogas e a arma apreendidas em sua casa, Lucas disse que apenas estava aguardando o material para uma outra pessoa.

Em um celular apreendido com Lucas, a Polícia Civil encontrou um vídeo em que ele aparece, ao lado de Pablo e um adolescente, espancando um homem. O caso ocorreu em julho de 2023 e teria sido motivado por um suposto crime sexual que era atribuído à vítima. O homem agredido não quis representar criminalmente contra a dupla.

Outros assassinatos atribuídos à facção na região

Entre os crimes atribuídos à organização criminosa na região do Areal está o assassinato de Andreza Maria da Silva Lima, de 28 anos, ocorrido em 23 de janeiro deste ano. Entre 22 e 23 horas, Andreza Maria caminhava com a filha dela, de sete anos, na avenida Raul Barbosa, quando dois homens em uma moto se aproximaram e dispararam contra a vítima, que morreu no local.

A criança não foi ferida. Uma testemunha afirmou que Andreza foi morta após desentender-se com uma mulher ligada ao CV durante uma festa de Pré-Carnaval. O inquérito policial segue em andamento e, apesar de suspeitos identificados, ainda não há indiciados.

Outro homicídio atribuído ao CV do Areal ocorreu em 29 de novembro de 2023. O corpo de Emetério Oliveira de Souza Sobrinho, de 45 anos, foi encontrado na Avenida da Ecologia, nas proximidades do Batalhão de Polícia de Meio Ambiente (BPMA).

Este inquérito também segue em andamento e, apesar da investigação apontar para a participação do CV, ainda não há acusados pelo crime.

Por outro lado, Pablo, Lucas e Jonathan foram indiciados pelo assassinato de Hélio de Oliveira Alves, conhecido como Lulu, de 45 anos, em 27 de novembro de 2022. Conforme testemunhas, o crime foi praticado porque a vítima era moradora da comunidade do Tancredo Neves, no bairro Jardim das Oliveiras, onde atua a Massa Carcerária.

Hélio teria ido até uma borracharia localizada no Areal após o pneu da bicicleta dele furar enquanto ele trafegava nas proximidades da comunidade.

O corpo dele foi encontrado em uma cova rasa já na região do mangue do Cocó. Apesar do indiciamento do trio, ainda não houve denúncia por parte do MPCE, que solicitou novas diligências à Polícia.

Pablo é réu por um homicídio ocorrido em 31 de outubro de 2019 na rua Monte Cristo. Ele teria matado Rafael do Nascimento, conhecido como Choquito, por suspeitar que este estivesse fornecendo informações para o Primeiro Comando da Capital (PCC). O julgamento deste caso ainda não foi marcado

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