Com chuva e mar impróprio, Praia do Futuro recebe muitos banhistas

Em Fortaleza, entre os 33 pontos sob vigilância, somente oito apresentaram condições adequadas para a prática de banho neste último fim de semana

Apesar de um início de manhã marcado por pancadas de chuva neste domingo, 10, a Praia do Futuro, um dos destinos mais populares de Fortaleza, viu um fluxo intenso de banhistas ansiosos para aproveitar o mar. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a Capital registrou um acumulado de chuvas de 33 milímetros. Além do tempo, o alerta de impropriedade para banho também não intimidou ou não se tornou conhecido pelos turistas e locais, que se banharam despreocupados.

A chuva, que surgiu ainda de madrugada, ocorreu pontualmente ao longo da manhã acompanhada do alto soar de trovões. Entre uma precipitação e outra, mesmo com céu nublado com escuras nuvens, grupos de pessoas saíram das barracas e aproveitaram a trégua para um banho.

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Foi o caso de Teresa Garcia e sua família. Acompanhada do esposo, do casal de filhos, do genro e da nora, além de alguns netos, a aposentada se deparou com a chuva ainda a caminho da Praia do Futuro.

"Nós estávamos no carro quando começou a chover. Nós sempre escolhemos um domingo do mês para vir à praia. Gostamos de chegar mais cedo, por conta das crianças, em geral 9 horas. Hoje chegamos um pouco mais tarde justamente pela chuva”, comenta a avó.

De acordo com Teresa, antes mesmo de sair de casa, procuraram informações sobre como estaria a maré naquele dia. Sendo esse outro ponto para a decisão de ir a Praia do Futuro. “Olhamos na internet, na Tábua das Marés, como vai estar o mar, se vai estar perigoso ou não”, comenta a aposentada.

O tempo indeciso entre chuva e sol também pegou de surpresa Edson Santos, 42, que estava acompanhado da esposa, dois filhos, sendo um deles um neném de 10 meses, e a sobrinha. Sem querer deixar de aproveitar a areia e a água geladinha com as crianças, os responsáveis utilizaram um grande guarda chuva para proteger os pequenos do sol e da garoa que insistia em cair.

“Nós vamos à praia pelo menos uma vez por mês. A verdade é que a gente já queria ter vindo cedinho pela manhã. A gente pensou: ‘Vamos levar o guarda-chuva que vai servir tanto pro sol como para chuva, né?”, conta Edson, bem humorado.

Mar impróprio para banho

Não só o tempo chuvoso, mas a classificação preocupante de impropriedade para banho da Praia do Futuro não desencorajou os banhistas. De acordo com Boletim de Balneabilidade emitido na última segunda-feira, 4, pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), entre os 10 pontos da Praia do Futuro monitorados, seis estavam próprios.

Muitos dos frequentadores, inclusive, desconheciam a condição da qualidade da água. Foi o caso o professor de surfe Arnaldo Cezar, de 55 anos, que há sete leciona aulas de surfe na Praia do Futuro.

“Na verdade, eu não estava ciente. Infelizmente, isso é resultado da própria ação do homem que joga lixo nas ruas, na praia, faz instalação imprópria de esgoto. Quando chove, traz tudo para cá. Isso não pode ser feito, a praia é parte de nossa casa”, comenta o profissional, que também dá lições de surf para pessoas com autismo e TDAH por meio da ONG Surf do Futuro.

Em toda orla de Fortaleza, dos 33 trechos monitorados, apenas oito estavam próprios para banho neste fim de semana. De acordo com José Capelo, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC e coordenador do Laboratório de Qualidade de Água (Selaqua), as recentes chuvas em Fortaleza podem contribuir para um maior índice de poluição das praias.

“As chuvas arrastam os contaminantes produzidos pela cidade, como esgotos, lixos, óleos e outros materiais descartados inapropriadamente e levam para os riachos e canais e depois para as praias”, pontua o professor.

José Capelo acrescenta que a contaminação das praias traz diversos malefícios para animais e plantas aquáticas, além dos humanos que se banham na água do mar.

“O contato com a água contaminada pode ocasionar em doenças de pele, gastroenterites e todas as outras doenças transmitidas pelos esgotos, além daquelas transmitidas por outros tipos de esgotos perigosos gerados na cidade, tais como óleos e metais pesados”, conclui o especialista em Saneamento Ambiental

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