Grupo de extermínio que seria formado por PMs e guarda municipal em Fortaleza é alvo de operação

Quatro agentes foram presos e 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira, 14, na Operação Interitus. Organização atuava principalmente na Barra do Ceará. Entre os crimes praticados estão extorsão, tráfico de drogas e homicídios

O Ministério Público do Ceará (MPCE) e Controladoria Geral de Disciplina (CGD) por meio da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) deflagraram nesta terça-feira, 14, a Operação Interitus. O objetivo foi combater uma organização criminosa que seria formada por policiais militares e um agente da guarda municipal, que atuavam na Barra do Ceará, em Fortaleza. As informações foram divulgadas durante coletiva de imprensa na sede da Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), no Cambeba, na Capital.

Na operação, quatro agentes foram presos em Fortaleza, sendo três PMs em flagrante, com armas, droga e carro adulterado, e 11 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Os agentes são suspeitos dos crimes de extorsão, homicídios, comércio ilegal de armas, tráficos de drogas, lavagem de dinheiro e ameaça. Dos quatro agentes presos, um policial militar e um guarda municipal possuem antecedentes criminais. 

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De acordo com o Promotor de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Adriano Saraiva, a investigação teve início em 2021 pela Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil (Coin) após um relatório relatando uso indevido do sistema policial pelos agentes de segurança.

“O relatório foi objeto de investigação do Gaeco e, posteriormente, recebemos denúncia anônima que apontava atuação de alguns policiais na Barra do Ceará. Uma organização criminosa formada por policiais praticando uma série de ilícitos”, disse.

Ainda segundo Adriano, a DAI encaminhou material com provas da atuação dos agentes à Gaeco e a junção de todos as informações revelou o esquema criminoso formado por policiais militares e “um guarda municipal”. A investigação se prolongou até 2023 e confirmou o esquema criminoso, que praticava uma série de crimes na região.

Uma denúncia foi oferecida pela Gaeco em setembro deste ano, contra 11 indivíduos pelos crimes e foi recebida pelo Poder Judiciário, resultando nos mandados de busca e apreensão e prisões. Os mandados foram cumpridos pela Polícia Militar e pela DAI, com apoio de 23 viaturas e 70 agentes.

Conforme o Delegado de Polícia Civil da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), Eduardo Sampaio, durantes as buscas foram apreendidos celulares, armas de fogos ilegais, drogas e veículos adulterados.

O secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), Samuel Elânio, destacou que o objetivo é combater qualquer tipo de ação criminosa praticada por qualquer tipo de pessoa, inclusive dentro do sistema de segurança.

Prisão dos líderes

Dos 11 denunciados, apenas quatro foram presos a partir de mandados de prisão. O coordenador do Gaeco, Adriano Saraiva, explica que existia um núcleo “duro na organização criminosa”, e que o foco das prisões foram os líderes. O grupo era formado por um líder, um policial militar, e mais três agentes, dois PMs e um guarda municipal.

“O grupo decidia o que cada um vai fazer. Era o que tomava todas as decisões. O restante do grupo atuava de maneira assessória para executar as tarefas que eram definidas por esse núcleo todo. Decidimos decretar a prisão do núcleo do grupo todo”, disse o secretário.

O titular da SSPDS acrescenta que o grupo atuava, além da Barra do Ceará, no Grande Pirambu e na região da Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). “É um grupo que já vem sendo acompanhado há muito tempo. Diante de algumas ocorrências, esses grupos foram identificados, como em ocorrências em 2018 e 2019”, comenta.

Homicídios

A Delegacia de Assuntos Internos (DAI) conseguiu identificar pelo menos dois casos em que o grupo criminoso atuou de modo direto, sendo três homicídios ocorridos entre 2018 e 2019. Um dos casos, ocorrido em 2018, foi o homicídio praticado contra um motorista de aplicativo, próximo ao Centro Fashion, no bairro Jacarecanga.

De acordo com a CGD, um dos investigados se envolveu em um acidente de trânsito instantes antes do crime, quando colidiu a motocicleta que conduzia contra o veículo do motorista de aplicativo. Alguns metros depois do local da batida, pelo simples fato da ocorrência do acidente, o investigado desferiu disparos de arma de fogo contra a vítima, vindo a matá-la no local.

O outro caso foi um duplo homicídio ocorrido em 2019. A organização criminosa composta por policiais invadiu uma casa no bairro Cais do Porto e executou duas pessoas no local.

Segundo a investigação, um grupo de quatro homens encapuzados chegou ao local, identificou as vítimas e as executou com diversos disparos de arma de fogo. A possível motivação para esse crime seria desavenças pessoais de um dos investigados com uma das vítimas.

A coletiva de imprensa sobre a operação contou com o delegado de Polícia Civil da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), Eduardo Sampaio, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), Samuel Elânio, o Procurador-Geral de Justiça do Ceará, Manuel Pinheiro, o promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Adriano Saraiva e o coordenador de Inteligência da (Coin), Nelson Pimentel.

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